Não tenho dúvidas de que o Fernando Seabra é muito bom treinador. E que a cobrança a ele é exagerada. Porém, a entrevista que deu após o 0 a 0 com o Inter, no Mineirão, mostrou um lado dele que me surpreendeu. Disse que o Kaio Jorge não era o primeiro nem o segundo da fila para bater aquele pênalti. Seria o Marlon ou Matheus Henrique.
Mas, contratação cara, salário alto e pressionado pelo jejum de gols, Kaio Jorge quis bater e se impôs. Com o apoio do “craque” do time, Matheus Pereira, a quem recorreu naquele momento. Importante lembrar que o mesmo Matheus Pereira que se diz “inseguro” para bater, desde o jogo contra o Boca Junior, quando não quis entrar na lista dos cobradores da Raposa.
Kaio Jorge atropelou Marlon, Matheus Henrique e errou.
Normalmente essas situações de dentro do gramado são definidas previamente, ainda nos treinos e vestiário, pelo treinador: batedor de pênalti, quem cobra falta de perto, de longe, pela direita, pela esquerda, pelo meio; corner e etecetera e tal.
Perguntado pelo assunto, Fernando Seabra disse que houve um acordo entre os seus comandados, dentro de campo: “O Kaio é também um batedor e vem treinando, ele faz parte das opções de batedores (de pênalti) que nós temos. Primeiro batedor era o Marlon e o Kaio pediu para o Marlon. E o Marlon aceitou. Então, assim, foi uma decisão de campo. E infelizmente o Kaio não fez o gol”.
Ou seja, Fernando Seabra lavou as mãos. Aliás, tentou, pois está enfrentando a ira da torcida e demais consequências.
Jogador de futebol fica de olho nos mínimos gestos dos chefes; dirigentes e principalmente treinadores. Quando sentem fragilidade, insegurança em algum ponto, tomam conta.
Kaio Jorge parece menino mimado e a postura da família e amigos dele nos camarotes do Mineirão mostraram isso. A mãe e outros chegados não aceitaram os xingamentos de torcedores a ele e partiram pra agressão, com todo mundo na delegacia de polícia até as três da manhã.
Como diz o saudoso Mestre Rogério Perez: “um espanto”!