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Bares novos x bares raiz: têm eles o mesmo valor?

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Belo Horizonte, a cidade dos bares, vive uma interessante dualidade que reflete tanto as mudanças sociais quanto a evolução dos gostos e costumes. De um lado, os novos bares, modernos e cheios de estilo, surgem o tempo todo, em ruas movimentadas, casarões, rooftops, galerias e edifícios. Eles são vibrantes, com paredes artísticas, vistas, luzes de neon, e cardápios que apostam em ingredientes artesanais, drinques autorais, e uma comunicação direta com os jovens. Esses espaços se tornam rapidamente pontos de encontro, e os jovens produzem conteúdos sobre eles de forma espontânea, o que os torna virais. O autoatendimento é ágil, a decoração é pensada para o Instagram, e as playlists são escolhidas a dedo para criar conexões e identificações. Nesses bares, tudo parece ter um propósito: capturar o momento, engajar o cliente, e, claro, ser eternizado em uma foto bem tirada.

Por outro lado, há os bares que muitos chamam de “raiz”. Estabelecimentos que resistem ao tempo e às modas passageiras, com seus balcões desgastados, azulejos antigos e fotos amareladas penduradas nas paredes. Esses lugares contam histórias – de amores, de desilusões, de amizades que começaram ali, diante de um copo de cerveja gelada. As receitas de petiscos, muitas vezes passadas de geração em geração, continuam fiéis à tradição, e o atendimento é quase sempre feito pelo mesmo garçom, que conhece cada cliente pelo nome e sabe de cor seu pedido preferido. As conversas são lentas, sem pressa, porque ali o tempo parece andar em outro ritmo.

Apesar das diferenças gritantes, a questão que se impõe é: têm eles o mesmo valor? A resposta, como em toda boa crônica, é complexa. Os bares modernos trazem inovação e conectividade, falam a língua da nova geração e oferecem uma experiência que vai além do copo e do prato. Eles atendem a um desejo contemporâneo de novidade, de velocidade, de estar conectado a tudo e a todos. Já os bares raiz, com sua energia nostálgica, oferecem um refúgio do mundo acelerado. São lugares onde a simplicidade e a tradição são celebradas, onde a experiência é menos sobre o que está ao redor e mais sobre o que se vive ali, naquele instante.

Em um mundo que valoriza tanto a inovação quanto a autenticidade, talvez a verdadeira riqueza esteja na coexistência desses dois mundos. Ambos têm seu lugar, sua função e seu público. O importante é que, no final das contas, eles continuam sendo o que sempre foram: espaços de encontro, de conversa, de partilha. E isso, em qualquer época ou estilo, é o que dá valor a um bar. Porque, seja em um lugar moderno ou raiz, o que realmente importa é a conexão – entre pessoas, entre histórias, entre gerações.

Como apaixonada por bares, adoro a diversidade que nossa capital oferece, onde tradição e inovação se complementam, sem competir, cada um com sua essência e proposta. Há bares que chegam para somar, e quanto mais, melhor. E você, o que acha desses dois universos?

Dayanne Melgaço

Publicitária e gestora de marketing gastronômico, atende bares e empresas do segmento. Apaixonada por empreendedorismo, conexões, uma boa conversa na mesa de bar e comida afetiva
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