Cruzeiro, Atlético e América se mobilizam no combate à homofobia: ‘Não é vitimismo’

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Clube de BH fez a postagem assim que o novo dia chegou (Reprodução/@Cruzeiro/Twitter)

“Por que você não respeita?”. A indagação publicada pelo Cruzeiro nas redes sociais propõe reflexão e estimula o fim do preconceito no Dia Internacional de Combate a LGBTQI+fobia celebrado nesta segunda-feira (17). Atlético e América também pediram um basta “contra todo e qualquer tipo de preconceito”. Os posicionamentos dos clubes de BH ganharam ainda mais destaque após a homofobia sofrida por Gil do Vigor, ex-BBB, por conselheiros do Sport.

“O Cruzeiro, assim como outros clubes do Brasil, tem uma responsabilidade social muito grande em diversos aspectos. Se posicionar perante estes assuntos é um aliado muito grande no combate à LGBTQUI+fobia dado o alcance que os times possuem”, conta ao BHAZ Yuri Senna, torcedor do Cruzeiro que já sofreu homofobia enquanto acompanhava uma partida com o namorado no Mineirão.

A primeira postagem do Cruzeiro foi feita assim que o novo dia chegou. Além do questionamento que abre esta matéria, o time também publicou: “Do que você tem medo?” com a legenda “Por mais respeito”. O posicionamento do clube prosseguiu informando que a LGBTQI+fobia provoca “medo, insegurança e violência em seres humanos que querem apenas ser quem são”.

‘Não é vitimismo’

O Atlético, por sua vez, apresentou títulos de matérias jornalísticas que denunciam a violência sofrida pela comunidade LGBTQI+. “A homofobia espalha preconceito, que causa medo, terror e violência. Por isso, não podemos nos calar! O #Galo é amor e contra todo e qualquer tipo de preconceito”.

O América destacou a “importância do respeito com todos”. “Que a comunidade LGBTQIA+ sinta-se ainda mais abraçada nesta data especial! Estamos todos juntos”.

Yuri destaca que as ações dos clubes de BH são capazes de fazer com que as pessoas deixem o preconceito de lado. “Já vi muita gente mudando e desconstruindo preconceito depois das publicações de times, ainda mais quando vem com o sendo de dúvida”.

Repercussão

As postagens do Cruzeiro repercutiram nas redes sociais e foram elogiadas pelos torcedores e até por quem não é cruzeirense. “Te amo. Obrigado por se manifestar ao nosso favor”, “Contra todo e qualquer tipo de preconceito, somos iguais, somos Cruzeiro”, “O verdadeiro clube do povo”, “Viva o amor”, escreveram alguns.

Os atleticanos também abraçaram a causa defendida pelo clube. “No preto e no branco cabem todas as cores, inclusive aquelas que formam o arco íris, mas não cabe a homofobia ou qualquer outra forma de preconceito”, “A gente tem que lutar contra a homofobia no futebol! Grande atitude Galo”, comentaram os torcedores alvinegros.

Preconceito no futebol

O preconceito contra pessoas LGBTQI+ também é visto no futebol. Na última semana, Gil do Vigor foi alvo de homofobia por parte de um conselheiro do Sport. O caso ocorreu depois que o economista visitou a Ilha do Retiro e fez sua famosa dancinha, o “tchaki-tchaki”. Em um áudio atribuído a Flávio Koury ele expressa revolta com a homenagem ao ex-BBB e disparou ataques à sexualidade de Gil.

“Se ele tivesse feito essa dancinha na casa dele, ou no bordel, ou onde ele quisesse, eu não estava nem aí. Mas foi dentro da Ilha do Retiro, né, rapaz? Isso é uma desmoralização! Isso é ausência de vergonha na cara”, disse o conselheiro em áudio enviado ao Blog do Jamildo.

A resposta ao preconceito veio ontem (16) durante partida válida pela final do Campeonato Pernambucano. Após o gol marcado pelo atacante Everaldo, os jogadores fizeram o “tchaki-tchaki” de Gil.

Yuri e o namorado também foram atacados e ameaçados após uma foto deles juntos no Mineirão viralizar. O casal chegou a receber ameaças de morte. A insegurança faz com que eles não se sintam acolhidos no estádio quando for autorizada a volta das torcidas.

“Tenho medo de ser reconhecido. Desde quando tudo aconteceu nós sofremos várias outras ameaças. Hoje, infelizmente, não me sinto mais seguro para voltar ao estádio”, desabafa. Por conta disso, ele defende as campanhas de conscientização cada vez mais frequentes.

No ano passado, 237 LGBTQI+ tiveram morte violenta no Brasil, vítimas da violência LGBTfóbica: 224 homicídios e 13 suicídios. Os dados são do relatório Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil.

Não é ‘mimimi’, homofobia é crime

Vale reforçar que homofobia e transfobia são crimes previstos por lei. Eles entram na lei do racismo, já existente há 30 anos e, com isso, as punições são semelhantes. O STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou a homofobia em junho de 2019.

Veja o que é considerado crime:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Edição: Roberth Costa
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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