Números, dados, milhões, milhares, melhor ou pior da história… Disputa eleitoral é sempre a mesma história: candidatas e candidatos disparam um monte de informação na hora de tentar conquistar o voto e o eleitor fica até confuso. É tudo verdade? Exagerou um pouco – ou muito? Viajou na quantidade apresentada? Pois o BHAZ resolveu tirar isso a limpo!
O portal, o primeiro em Belo Horizonte a criar uma editoria para checagem de fatos – o Farsa ou Fato -, fez um pente-fino nas 15 entrevistas realizadas com todos os postulantes à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). Como as sabatinas duraram mais de 45 minutos e abordaram assuntos diversos, limitamos a conferência para cinco áreas: ECONOMIA, EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA e TRANSPORTE.
Todos os posicionamentos de órgãos oficiais procurados para realizar a checagem serão reproduzidos na íntegra ao fim deste texto.
Ah, e não conferimos a viabilidade das propostas apresentadas: apenas dados e informações objetivos já, digamos, consolidados. A ordem de publicação será a mesma das entrevistas, definida em sorteio:
- Alexandre Kalil (PSD)
- Wanderson Rocha (PSTU)
- Professor Wendel (Solidariedade)
- Wadson Ribeiro (PCdoB)
- Nilmário Miranda (PT)
- Marcelo Souza e Silva (Patriota)
- João Vítor Xavier (Cidadania)
- Cabo Xavier (PMB)
- Fabiano Cazeca (PROS)
- Luísa Barreto (PSDB)
- Bruno Engler (PRTB)
- Rodrigo Paiva (Novo)
- Marilia Domingues (PCO)
- Áurea Carolina (PSOL)
- Lafayette Andrada (Republicanos)
Na área da ECONOMIA, a gestora pública e candidata à prefeita da capital mineira pelo PSDB, Luísa Barreto, proferiu uma fala passível de checagem.
Desemprego
“Faltou muito diálogo. A prefeitura tomou as decisões sem conversar com os comerciantes, sem conversar com quem entende de Belo Horizonte e os resultados estão aí. Infelizmente 35 mil pessoas perderam emprego em Belo Horizonte só neste ano. A situação é muito ruim e muito grave”.
Na afirmação, Luísa Barreto sustenta que as decisões tomadas pela prefeitura durante a pandemia do novo coronavírus foi um dos fatores causadores do desemprego na capital mineira. A candidata do PSDB atribuiu a Kalil, a quem chamou de autoritário, a perda de 35 mil postos de trabalho.
Para checar a afirmação da gestora, o BHAZ pegou os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), através da Secretaria de Desenvolvimento. Os números entre março e setembro, justamente quando a pandemia assolou a capital mineira são os seguintes:
- 172.898 admissões
- 203.838 demissões
- Saldo negativo de 30.940 empregos
Luísa Barreto acerta o universo, mas o “arredondamento” torna o número 13% maior do que o dado oficial – ou, em quantidade absoluta, 4 mil postos a mais.
Na área da EDUCAÇÃO, a gestora pública e candidata à prefeita da capital mineira pelo PSDB, Luísa Barreto, proferiu uma fala passível de checagem.
Dias letivos
“Belo Horizonte teve 28 dias letivos de aula na rede municipal. É muito pouco. As pesquisas mostram que quanto mais tempo os alunos ficam afastados das escolas isso reduz muito sua aprendizagem. A gente tem hoje uma verdadeira situação de devastação na educação”.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, as aulas na rede municipal de ensino de Belo Horizonte estão suspensas e o retorno neste fim de ano já foi descartado. Luísa Barreto afirmou estar preocupada com a qualidade de ensino na cidade e argumentou que os “28 dias letivos” da rede municipal prejudicaram.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Educação reconhece que o número baixíssimo de dias letivos neste ano por causa da pandemia de Covid-19. A pasta informa que, ao todo, os alunos da rede pública tiveram 30 dias letivos.
Luísa Barreto não foi cirúrgica, mas dado o contexto – uma entrevista com temas diversos abordados – trata-se de um FATO.
Na área da SAÚDE, a gestora pública e candidata à prefeita da capital mineira pelo PSDB, Luísa Barreto, proferiu uma fala passível de checagem.
Espera na saúde
“Este é um tema que me aflige muito. As filas de consultas e exames especializados é um absurdo. O tempo médio de espera é de sete meses, mas sabemos que muitas pessoas aguardam um tempo maior que isso”.
A espera para realização de exames e consultas especializadas é um dos gargalos na saúde de Belo Horizonte. Luísa Barreto citou que as filas de consultas e exames possuem um tempo médio de espera de sete meses para reforçar o problema. O BHAZ procurou a Secretaria Municipal de Saúde para checar essa informação.
A pasta informou que “o tempo médio de espera das consultas e exames é variável de acordo com a prioridade do quadro clínico descrito pelo médico solicitante”. “Sendo assim não se trata de uma fila linear e a análise de cada solicitação deve ser individualizada”.
A secretaria afirmou, ainda, que “aproximadamente 50% das consultas e procedimentos são marcados em até 60 dias (alguns deles como a mamografia, por exemplo, são marcados automaticamente quando solicitada pelo médico nos serviços de saúde municipais)”. “A média geral de marcação é de três meses”, acrescentou.
A reportagem também procurou o Conselho Municipal de Saúde, que, por sua vez, informou o tempo de espera para algumas especialidades pode chegar até seis meses.
A informação oficial da PBH diz que o tempo médio é de três meses e o conselho diz que a espera máxima é de seis meses. Portanto, Luísa Barreto escorregou no tempo médio apresentado.
Na área da SEGURANÇA, a gestora pública e candidata à prefeita da capital mineira pelo PSDB, Luísa Barreto, não proferiu fala qualquer passível de checagem.
Na área do TRANSPORTE, a gestora pública e candidata à prefeita da capital mineira pelo PSDB, Luísa Barreto, proferiu uma fala passível de checagem.
Tarifa das mais caras
“É impossível que [as empresas de ônibus] estejam no limite se Belo Horizonte tem a segunda maior tarifa das capitais. Vamos fazer o enfrentamento, mas com diálogo. Temos que lutar por quem está na ponta. Este rompimento [de contrato da prefeitura junto com as empresas de ônibus] não é interessante, pois custaria mais caro aos cofres da prefeitura”.
A reportagem apurou que, de fato, Belo Horizonte é a segunda capital do país com a maior tarifa. Os R$ 4,50 cobrados da população só perdem para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde a tarifa custa R$ 4,70. Em Curitiba, no Paraná, a tarifa é a mesma da capital mineira. Brasília, no Distrito Federal, por sua vez, tem a tarifa mais barata entre as capitais: R$ 2,70 é cobrado por usuário.
Capital | Valor da tarifa |
Porto Alegre (RS) | R$ 4,70 |
Belo Horizonte (MG) | R$ 4,50 |
Curitiba (PR) | R$ 4,50 |
São Paulo (SP) | R$ 4,40 |
Goiânia (GO) | R$ 4,30 |
Florianópolis (SC) | R$ 4,25 |
Maceió (AL) | R$ 4,10 |
Cuiabá (MT) | R$ 4,10 |
Rio de Janeiro (RJ) | R$ 4,05 |
Aracaju (se) | R$ 4 |
Rio Branco (AC) | R$ 4 |
Salvador (BA) | R$ 4 |
Campo Grande (MS) | R$ 3,95 |
João Pessoa (PB) | R$ 3,95 |
Vitória (ES) | R$ 3,90 |
Natal (RN) | R$ 3,90 |
Teresina (PI) | R$ 3,85 |
Manaus (AM) | R$ 3,80 |
Porto Velho (RO) | R$ 3,80 |
Boa Vista (RR) | R$ 3,75 |
Macapá (AP) | R$ 3,70 |
Belém (PA) | R$ 3,60 |
Fortaleza (CE) | R$ 3,60 |
Recife (PE) | R$ 3,45 |
São Luís (MA) | R$ 2,95 a R$ 3,40 |
Brasília (DF) | R$ 2,70 |
Portanto, é FATO a fala de Luísa Barreto que BH tem uma das tarifas mais caras do Brasil.
Notas na íntegra
Confira as respostas dos órgãos oficiais na íntegra:
Respostas da PBH
Nota da secretaria de Educação
“30 dias letivos”.
Nota da secretaria de Saúde
“O tempo médio de espera das consultas e exames é variável de acordo com a prioridade do quadro clínico descrito pelo médico solicitante, sendo assim não se trata de uma fila linear e a análise de cada solicitação deve ser individualizada.
Aproximadamente 50% das consultas e procedimentos são marcados em até 60 dias (alguns deles como a mamografia, por exemplo, são marcados automaticamente quando solicitada pelo médico nos serviços de saúde municipais). A média geral de marcação é de 3 meses.
Durante a pandemia, houve redução na oferta de consultas, mas Secretaria Municipal de Saúde fez busca ativa dos usuários em que a situação clínica demandava acompanhamento mais próximo, para orientar e agendar atendimentos. Também foram validadas as receitas médicas de uso contínuo por um período ampliado de três a seis meses”.
Nota da secretaria de Desenvolvimento
“O impacto da pandemia no município se refere às estatísticas do mercado formal de trabalho, divulgadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Março a setembro de 2020 (a partir do início da pandemia):
– 172.898 admissões
– 203.838 demissões
– saldo negativo de 30.940 empregos.
Janeiro a setembro de 2020:
– 242.720 admissões;
– 271.095 demissões;
– saldo negativo de 28.375 empregos”.