Números, dados, milhões, milhares, melhor ou pior da história… Disputa eleitoral é sempre a mesma história: candidatas e candidatos disparam um monte de informação na hora de tentar conquistar o voto e o eleitor fica até confuso. É tudo verdade? Exagerou um pouco – ou muito? Viajou na quantidade apresentada? Pois o BHAZ resolveu tirar isso a limpo!
O portal, o primeiro em Belo Horizonte a criar uma editoria para checagem de fatos – o Farsa ou Fato -, fez um pente-fino nas 15 entrevistas realizadas com todos os postulantes à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). Como as sabatinas duraram mais de 45 minutos e abordaram assuntos diversos, limitamos a conferência para cinco áreas: EDUCAÇÃO, SAÚDE, ECONOMIA, TRANSPORTE e SEGURANÇA.
Todos os posicionamentos de órgãos oficiais procurados para realizar a checagem serão reproduzidos na íntegra ao fim deste texto.
Ah, e não conferimos a viabilidade das propostas apresentadas: apenas dados e informações objetivos já, digamos, consolidados. A ordem de publicação será a mesma das entrevistas, definida em sorteio:
- Alexandre Kalil (PSD)
- Wanderson Rocha (PSTU)
- Professor Wendel (Solidariedade)
- Wadson Ribeiro (PCdoB)
- Nilmário Miranda (PT)
- Marcelo Souza e Silva (Patriota)
- João Vítor Xavier (Cidadania)
- Cabo Xavier (PMB)
- Fabiano Cazeca (PROS)
- Luísa Barreto (PSDB)
- Bruno Engler (PRTB)
- Rodrigo Paiva (Novo)
- Marilia Domingues (PCO)
- Áurea Carolina (PSOL)
- Lafayette Andrada (Republicanos)
Na mesma afirmativa, Fabiano Cazeca, candidato do PROS à prefeitura, proferiu uma fala passível de checagem em ECONOMIA e SAÚDE.
Orçamento e consultas
“A prefeitura tem o orçamento de mais de R$ 13 bilhões por ano. É inadmissível com um orçamento desses uma consulta eletiva levar dois anos, isso tem que acabar. Isso é competência, vontade política para fazer, e vai fazer. Primeiro passo que eu dei foi trazer como vice uma médica, experiente na área da saúde, uma psiquiatra e que trabalhou na área da saúde da família, tem toda essa experiência”.

Na parte da afirmação em que aborda a área econômica da administração municipal, Cazeca diz que o orçamento da PBH é superior a R$ 13 bilhões. O valor dos últimos anos, os orçamentos já consolidados mais recentes, é um pouco diferente.
Segundo o portal da transparência Fiscalizando com TCE, do TCE-MG (Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais), a prefeitura de BH teve uma receita, no ano passado, de R$ 12,2 bilhões. Já no ano anterior, em 2018, o montante foi de R$ 10,5 bilhões; em 2017, R$ 9,7 bilhões; e, em 2016, R$ 10,2 bilhões.
Mas a LOA (Lei Orçamentária Anual) deste ano, responsável por prever e guiar os ganhos e gastos da PBH, prevê uma receita – e uma despesa – de R$ 13,7 bilhões.

Cazeca fez um arredondamento que tirou cerca de R$ 700 milhões e se baseou em uma projeção. Mas, pelo contexto, pela frase ter sido dita em uma entrevista e pelo fato do candidato ter tentado facilitar a compreensão do leitor, trata-se de um FATO, mesmo que impreciso.

Já na segunda afirmativa diz respeito ao tempo indicado por Fabiano Cazeca enfrentado por um paciente da rede pública municipal: “uma consulta eletiva levar dois anos”. O BHAZ procurou a Secretaria Municipal de Saúde para checar essa informação.
A pasta informou que “o tempo médio de espera das consultas e exames é variável de acordo com a prioridade do quadro clínico descrito pelo médico solicitante”. “Sendo assim não se trata de uma fila linear e a análise de cada solicitação deve ser individualizada”.
A secretaria afirmou, ainda, que “aproximadamente 50% das consultas e procedimentos são marcados em até 60 dias (alguns deles como a mamografia, por exemplo, são marcados automaticamente quando solicitada pelo médico nos serviços de saúde municipais)”. “A média geral de marcação é de três meses”, acrescentou.
A reportagem também procurou o Conselho Municipal de Saúde, que, por sua vez, informou o tempo de espera para algumas especialidades pode chegar até seis meses.

Baseado na apuração do BHAZ, Fabiano Cazeca exagerou. Não é possível cravar que trata-se de uma FARSA porque o candidato pode ter se referido a um caso isolado, mas tampouco é um FATO porque ele não deixou isso claro.

Na área da EDUCAÇÃO, o empresário e candidato do PROS à PBH, Fabiano Cazeca, não proferiu fala alguma passível de checagem.

Na área da SEGURANÇA, o empresário e candidato do PROS à PBH, Fabiano Cazeca, não proferiu fala alguma passível de checagem.

Na área do TRANSPORTE, o empresário e candidato do PROS à PBH, Fabiano Cazeca, proferiu uma fala passível de checagem.
Trocadores
“As empresas de ônibus não respeitam o prefeito, não respeitam a prefeitura. Isso tem que mudar. Trocador tem que voltar. Até porque na planilha de recebimento das empresas já está incluso o valor dos trocadores. Voltar com 5 mil cobradores não vai onerar as empresas. Já está na planilha [os valores]. Na nossa gestão as empresas vão ter que respeitar o prefeito”.
Fabiano Cazeca sustentou que os trocadores devem voltar a compor a equipe de bordo em todos os coletivos do transporte municipal de BH. Para isso, argumentou que o custo com esse profissional já está previsto no contrato.
Procurada pelo BHAZ, a atual gestão municipal afirmou que cinco itens compõem o preço da tarifa praticado na capital mineira. São eles:
- Óleo diesel
- Rodagem (pneus, câmara de ar, recapagem)
- Preço dos ônibus
- Mão-de-obra (cobradores e motoristas entre outros)
- Despesas administrativas

Portanto, é FATO que o valor dos trocadores está incluso no que as empresas recebem, conforme destacado por Fabiano Cazeca.
Notas na íntegra
Confira as respostas dos órgãos oficiais na íntegra:
Nota da secretaria de Saúde
“O tempo médio de espera das consultas e exames é variável de acordo com a prioridade do quadro clínico descrito pelo médico solicitante, sendo assim não se trata de uma fila linear e a análise de cada solicitação deve ser individualizada.
Aproximadamente 50% das consultas e procedimentos são marcados em até 60 dias (alguns deles como a mamografia, por exemplo, são marcados automaticamente quando solicitada pelo médico nos serviços de saúde municipais). A média geral de marcação é de 3 meses.
Durante a pandemia, houve redução na oferta de consultas, mas Secretaria Municipal de Saúde fez busca ativa dos usuários em que a situação clínica demandava acompanhamento mais próximo, para orientar e agendar atendimentos. Também foram validadas as receitas médicas de uso contínuo por um período ampliado de três a seis meses”.
Nota da PBH
“Pelo contrato de concessão vigentes 5 itens compõem o preço da tarifa:
– Óleo Diesel;
– Rodagem (pneus, câmara de ar, recapagem);
– Preço dos ônibus;
– Mão-de-obra (cobradores e motoristas entre outros);
– Despesas Administrativas.
Ressalta-se que neste ano não houve reajuste de tarifa”.