’11 de setembro brasileiro’: Conheça a história do voo 375, que virou filme

o sequestro do voo 375
O caso é conhecido por alguns como “11 de setembro brasileiro” (Divulgação/Star)

Conhecido como “11 de setembro brasileiro”, a história real do sequestro do voo Vasp 375 virou filme e está em cartaz em todo o Brasil. O caso aconteceu 13 anos antes do atentado às torres gêmeas, em Nova York, nos Estados Unidos, e em solo nacional.

Em 1988, a segurança na aviação brasileira não era de ponta, e o país vivia uma grave crise econômica durante a redemocratização. Um conjunto de fatores que motivou Raimundo Nonato Alves da Conceição a ter uma atitude extrema.

O voo Vasp 375 saiu de Porto Velho, em Rondônia, passaria por Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Os registros da época apontam que mais de 100 passageiros estavam presentes, além da tripulação. O destino final seria o Rio de Janeiro.

Seria, porque, durante a parada, Raimundo embarcou no avião. Na época, o Aeroporto de Confins não tinha equipamentos de raio-x e o maranhense conseguiu entrar na aeronave com um revólver.

Quando já estava no ar, em direção à capital carioca, o homem sequestrou o avião. Vale destacar também que na época não existia portas blindadas para isolar a cabine dos pilotos.

O principal motivo para o crime seria a insatisfação com o governo. O objetivo de Nonato era direcionar a rota para Brasília e jogar o avião no Palácio do Planalto, onde o presidente da época, José Sarney, ficava.

Como o piloto conseguiu salvar o avião

Na ação, o suspeito baleou dois tripulantes e um passageiro, além de matar o copiloto da aeronave, Salvador Evangelista. Por causa da tensão, o comandante, Fernando Murilo, precisou de algumas táticas para impedir uma tragédia ainda maior.

A primeira foi colocar um comando de 7500 no radar do controle de tráfego aéreo. Ele emite um alerta de interferência ilícita para a central e indica que o avião inteiro ou outras pessoas estão como reféns.

Além disso, Fernando fez algumas manobras para conseguir ganhar tempo e pousar em Goiânia. Apesar das testemunhas confirmarem queda livre, dar uma volta em 360°, a Boeing (fabricante da aeronave), nunca as reconheceu e disse que seria quase “impossível” realizar os movimentos naquele modelo, que era um 737.

Quando estava no solo, a Polícia Federal negociou com Raimundo. Após horas de tratativas, o maranhense saiu do avião e os agentes conseguiram balear ele. O criminoso chegou a ser socorrido, mas após três dias ele morreu.

A causa da morte, segundo o hospital, foi anemia falciforme, sem relação com os tiros. Muito ainda se especula sobre como Nonato morreu. Muitos acreditam que o óbito pode ter sido por algum outro motivo, porém o caso nunca teve investigação.

Sobre o filme

O filme “O Sequestro do Voo 375” relata muito bem sobre como a trama se desenvolveu. Por já ter momentos de muitas ações, pouco da história teve que ser alterada para ganhar uma dramaturgia mais atraente nos telões.

Algumas cenas conseguem transmitir exatamente o sentimento da situação, como no momento em que Fernando fala para o controle de tráfego aéreo que o copiloto (e amigo) morreu assassinado.

Um contraponto é em relação às imagens criadas para mostrar o avião, seja na decolagem, no ar, ou durante o pouso. A criação deixa um pouco a desejar.

Mas no geral é um ótimo filme, principalmente para difundir uma história não muito conhecida entre os brasileiros e que pode ter inspirado Osama Bin Laden para arquitetar o atentado de 11 de setembro.

Isso de acordo com a produção que também faz questão de colocar o piloto Fernando Murilo no devido posto: o de herói. O homem chegou a receber algumas medalhas, mas o presidente da época, José Sarney, nunca fez um agradecimento.

Marcus Baldini é o diretor da trama, estrelado por Danilo Grangheia, Jorge Paz e Roberta Gualda. O filme está em cartaz nos principais cinemas do Brasil.

Edição: Lucas Negrisoli
João Lages[email protected]

Repórter no BHAZ desde setembro de 2023. Jornalista com 4 anos de experiência em veículos de comunicação. Fez cobertura de casos que têm relevância nacional e internacional. Com passagem pela RecordTV Minas, também foi produtor e editor de textos na Record News.

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