‘O Menino do Cabelo Rosa’: Conheça Cjota, artista de BH com álbum recorde nas plataformas

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Cjota é artista de BH que saiu da capital mineira para conquistar sonho de viver da música e hoje domina as redes sociais (Divulgação/Mateus Aguiar)

Dois vírgula dois milhões de reproduções em 24 horas de estreia. Essa é a frase que marca o lançamento do primeiro álbum do trapper Cjota, ou “O Menino do Cabelo Rosa”, como o título do disco autoexplica. Belo-horizontino, o artista atravessou desafios na capital paulista para atingir o sonho que as ruas de BH não conseguiram abraçar.

Cjota, tem 23 anos e cresceu no bairro Serra Verde, regional Venda Nova, e nos palcos da igreja Assembleia de Deus. Cantando desde os 4 anos, João Victor Martins se encantou pelas batalhas de rima em BH, antes de virar o Cjota.

“Me interessei pelo hip-hop em geral, pelo movimento de rua, e, no final de 2017, um colega da igreja me chamou para fazer uma música e eu fui aprofundando nisso”, conta o artista ao Guia BHAZ.

Falta de estrutura para crescer no hip-hop

A falta de estrutura em BH para a cena do hip-hop (rap, trap, funk, drill, entre outros) é uma questão constantemente observada pelos artistas que tentam crescer por aqui. A raíz desse problema pode ser analisada pela ótica da falta de orçamento, pela falta de apoio ou mesmo pela falta de espaços físicos.

No caso de Cjota, o trapper conta que faltou estrutura para trabalhar, e reconhece que BH tem artistas talentosos de sobra. Investir na carreira em São Paulo foi a alternativa que o mineiro encontrou.

“Eu não tinha um estúdio foda para gravar, não tinha um produtor foda, uma equipe para estar por trás da minha carreira, e só consegui isso quando vim para cá. Querendo ou não, em São Paulo tem muita gente que trabalha com isso”, explica.

Cjota no clipe ‘Marcas de Batom’, de seu álbum de estreia (Divulgação/Mateus Aguiar)

Desafios na capital paulista

Se aventurar na capital paulista foi uma fase desafiadora para Cjota. O artista passou fome e chegou a dormir no chão, além de ter fechado um contrato abusivo com um ex-empresário que o proibia de lançar músicas solo por um tempo.

“Eu comecei a ficar conhecido de fato em 2022, que foi quando eu lancei as minhas músicas com meus parceiros daqui de SP. Desse jeito que eu conseguia lançar um trabalho. Meus feats começaram a dar certo, as minhas partes das canções começaram a ficar conhecidas. A partir disso começou a gerar público”.

‘Trap cantado’

A influência do gospel no modo de cantar de Cjota é o que o diferencia de vários artistas do trap – e talvez o que tenha feito ele conquistar vários admiradores, que ansiavam por um álbum. “Essa é minha essência. Por muito tempo eu achei que isso não iria me fazer estourar e ser relevante”.

“As pessoas não entendiam muito bem o estilo que eu fazia. O mesmo estilo que a galera está ouvindo eu fazia desde 2018, eu não mudei nada, continuo sejdo o mesmo Cjota, só amadureci minhas letras. Sinto que estou sendo um dos arquitetos desse estilo que está começando”.

O estilo é chamado no meio de “trap melódico”, que é a música com os beats usais de trap, porém, na hora de cantar, o artista aciona melodias e notas que não são comumente exploradas nesse ritmo.

“Minhas referências musicais são o Chris Brown, Michael Jackon, Beyoncé, Rihanna. Essa galera tem um vocal que me representa, eles cantam de um jeito que eu gosto de cantar, sempre ouvi essas pessoas. Porém, o lifestyle do trap, as letras e o estilo dos manos, é um bagulho que me interessa”.

‘O Menino do Cabelo Rosa’: o álbum

No dia 5 de outubro, Cjota lançou seu primeiro álbum, O Menino do Cabelo Rosa. O disco tem 13 faixas que apresentam as diversas facetas do cantor, passando pelo trap, trap soul, afrobeat e R&B. O projeto tem feats de artistas como Yunk Vino, Luccas Carlos, Aka Rasta e Giana Mello.

As músicas do álbum abordam assuntos triviais, amor e alegria. No entanto, o que marcou o processo de criação de O Menino de Cabelo Rosa foi a depressão, segundo conta o artista. “Foi o bagulho que me fez criar as músicas, eu estava manipulado por ela”, diz.

“Então tudo o que eu criava tinha muita verdade por estar passando por um momento muito difícil. Esse álbum tem muito de mim no sentido emocional da coisa. O que me fez fazer mesmo foi a determinação, não era tipo ‘eu quero fazer’, era ‘eu preciso fazer, eu vou passar dessa fase'”.

Capa do álbum de estreia de Cjota (Reprodução/@cjotaoficial/Instagram)

Furar bolhas é a meta

Com 13 faixas ao todo, tendo como música carro-chefe “Marcas de Batom, o belo-horizontino quer furar bolhas com esse trabalho. “Ainda tenho que lançar a versão deluxe porque tá na moda então eu vou lançar”, brinca. “Aí vai selar tudo, se tiver qualquer bolha nós vamos estourar”.

Os 2,2 milhões de reproduções em 24 horas já se transformaram em 6 milhões, o que Cjota define como “chave”. “Sinceramente, eu não esperava. Eu estou tão focado em realmente evoluir como artista e criar uma estética só minha que independente dos números eu quero ter uma fanbase cativa”.

Shows em BH?

Com tanto sucesso, cria-se a expectativa de um show do cantor em Belo Horizonte, pois o bom filho à casa torna. Porém, o artista diz que as oportunidades de se apresentar na capital mineira ainda não surgiram.

“Estou começando a furar a bolha agora, essa é a brisa. Mas estou ‘on’ pra c*ralho, é só me chamar. Eu amo a minha cidade, gosto muito do meu bairro. Eu tenho muito respeito pelas pessoas que conheci sendo João Victor”, afirma.

A vontade do belo-horizontino, na verdade, é poder fazer shows gratuitos pelo Brasil. “Juntar a minha equipe e meus empresários e organizarmos os eventos grátis, você vai pagar só o que for comer, nem que eu gaste mais do que eu ganhe, mas essa é a minha vontade”, conta.

A família também é o foco de Cjota, pois ele sonha em melhorar a vida dos pais e irmãos. “Agora que estou tendo condições de pagar um salário, estou trazendo meus amigos da quebrada para trabalhar comigo. Pretendo agregar mais molques de onde eu cresci à minha equipe”.

Álbum deluxe: vem aí

Focado e virginiano assumido, os próximos planos do menino de cabelo rosa e espetado consistem em gravar as músicas da versão deluxe do álbum. O projeto terá participação de Vulgo FK, PH e MC Daniel e será lançado entre janeiro e fevereiro de 2024.

Questionado se estava preparado para todo o sucesso que ainda está por vir, Cjota responde que nasceu preparado. “Na verdade, Deus me preparou. Tudo o que eu passei até hoje foi um preparo emocional e espiritual para eu conseguir ser exatamente o que eu tenho que ser, todo artista tem um propósito”.

Ouça O Menino do Cabelo Rosa neste link.

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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