‘Criatividade aflora sob pressão’: Fred Izak analisa criação musical atual

11/06/2025 às 13h05
Fred izak

Sob a pressão da ditadura militar, compositores brasileiros precisaram deixar nas entrelinhas a mensagem que queriam passar. Nasciam aí trocadilhos marcantes da MPB, como cálice, sucesso na voz de Milton Nascimento e Chico Buarque que sugeria ser o afastamento de um copo de bebida, mas, na verdade, era uma dura crítica aos censores. Já nos dias atuais, com diversas conquistas em termos de liberdades civis nas décadas passadas, o que se enxerga é a falta de necessidade dessa criatividade, segundo avaliação do cantor e compositor mineiro Fred Izak.

O músico enxerga um resgate de composições e artistas “antigos” para ocupar um espaço do que ele classifica como uma fase de letras mais diretas e menos criativas. “A pressão serve para a criatividade. Ela aflora mais sob uma determinada pressão. Na ditadura, eles tinham que driblar a censura para fazer músicas geniais. Hoje, a coisa está muito solta. Por isso, resgatar coisas anteriores”, afirma Izak.

E é este olhar para ritmos das décadas de 80 e 90 que ele lança em seu terceiro álbum solo, “Lírico”. Lançado em setembro, o artista revive sons que remetem a Cazuza e o Barão Vermelho e a outras bandas do pop/rock brasileiro oitentista.

As letras de “Lírico”, por sua vez, são um convite para que o ouvinte mergulhe em uma reflexão sobre o outro, sobre a sociedade. “Avareza não sacia a falta, avareza não cultiva nada”, diz trecho da “Avareza”, numa clara interpretação de um dos pecados capitalistas, a busca incessante pelo dinheiro e pela acumulação.

Em “Medieval II”, faixa que abre o álbum, Izak se questiona se é um cara da Idade Média aos olhos dos outros, porque aos seus se considera alguém atual. Boa oportunidade para discutir questões geracionais e os olhares que uma geração lança sobre a outra e, principalmente, a gerontofobia e a aversão ao processo de envelhecimento.

Ouça o álbum ‘Lírico’, de Fred Izak

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Classificação etária: Livre
Entrada: Gratuita

Redação BHAZ

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