Detonautas celebra 20 anos com show ‘mais que profissional’ em BH

Banda nasceu de um encontro entre desconhecidos em sala de bate-papo online (Faab Santos/Divulgação)

“Tem uma fala do (Albert) Einstein que diz que você só se torna profissional depois que passa 10 anos repetindo alguma coisa diariamente. Antes disso, você pode dizer que tá adquirindo experiência. Com 20 anos, a gente já é mais que profissional, a gente tá na etapa de saber cada detalhe do nosso trabalho”, reflete Tico Santa Cruz, vocalista e fundador do Detonautas, banda que se apresenta no Palácio das Artes neste sábado (4), às 21h.

Pela lógica, o grupo está a poucos anos de atingir um novo nível na escala de profissionalismo. Fundado em 1997, o Detonautas celebra, em 2024, não 20, mas 27 anos de estrada. Contemporânea à popularização da internet no Brasil, a banda nasceu de um encontro entre Tico e Tchello (codinomes para Luis Guilherme e Eduardo Simão, respectivamente) numa dentre as milhares salas de bate-papo online na época da internet discada no país. Da junção de “detonadores” e “internautas” saiu o nome da banda que rapidamente conquistou o universo offline brasileiro.

“O Detonautas sempre foi uma banda de muita garra, a gente não teve nada muito fácil”, afirma Tico em conversa com o BHAZ. “Nossa banda nunca foi uma daquelas que cultivam uma relação de afeto por parte da crítica”, complementa. “O grupo sempre foi colocado naquele lugar de ‘banda de um disco só’, e, depois de 20 anos, a gente tá aqui pra mostrar que todas as previsões que fizeram estavam erradas”.

Os números atestam o sucesso pontuado pelo vocalista: após duas décadas e meia de história, o Detonautas acumula uma discografia com oito álbuns de estúdio, três ao vivo e quatro DVDs, sem contar as coletâneas e os EPs.

Acústico

Embora extenso, o repertório do Detonautas tem lá seus altos e baixos. “Uns baixos muito baixos”, segundo Tico, enquanto o grupo “se manteve sempre muito focado e determinado em conseguir reverter as situações”. “Naturalmente, a gente foi evoluindo”, diz, e “não ter tudo muito fácil faz com que você valorize mais as coisas”. Compositor, o líder da banda afirma que muitas das inspirações pras letras do Detonautas “são frutos dessa montanha russa que a gente viveu”.

Mas a passagem da banda carioca por BH não tem nada de baixo. Ao contrário, vem em celebração ao ponto mais alto de uma longeva caminhada. No Palácio das Artes, o Detonautas apresenta a tour de 20 anos do seu disco de estreia, “Detonautas Roque Clube” (2002), ligeiramente atrasada, mas ainda em tempo. A ideia de uma excursão surgiu após o lançamento do compilado de releituras do trabalho, no ano passado, que antecipa a pegada do que vem neste sábado (4).

E quando o assunto é turnê de releitura, paira no ar a pergunta de sempre: o que tem de novo num repertório que já caiu nas graças do povo? Tico diz que “a consistência”. “O trabalho ’20 Anos – Acústico’ (nome do disco lançado em 2023) é um trabalho de muita consciência relacionado à própria estrutura musical da banda”, diz. “Também tem a forma como a gente se comporta no palco, de dialogar com o público, a sensibilidade de apresentar as músicas”.

Panorama

Antes de convidar o público para o encontro de sábado, Tico Santa Cruz lança um panorama sobre a cena do rock brasileiro. “Socialmente falando, o rock tem essa coisa de ser um estilo muito conectado com a classe média”, aponta. “E a classe média brasileira tem suas características: é branca, tem uma visão de mundo mais conservadora. Isso não combina com o rock”.

O vocalista constrói o raciocínio a partir da pergunta sobre o rock estar morto. Para ele, afirmar isso é um equívoco, mesmo com a perda de espaço do gênero para estilos musicais mais contemporâneos. “Falando de rap, trap, funk, existem N razões para isso estar acontecendo (a crescente dos estilos). Eu poderia citar, por exemplo, o acesso à tecnologia, que permite que uma galera sem recurso financeiro construa um beat. Isso não diminui a importância desses trabalhos”, destaca.

“Não me parece ser muito saudável um estilo que nos anos 70, 60, foi atacado pelos conservadores e depois assumiu uma postura conservadora para atacar de novo aqueles que vêm como contracultura ou como subversivos”, reflete. “Eu acho que o rock é um estilo que tá aí pra libertar as pessoas, não para aprisionar”.

Até o momento da publicação dessa matéria, os ingressos disponíveis para o show no Palácio eram poucos. Eles estavam à venda por R$ 320 no Eventim. “A galera que conseguir comparecer vai fazer contato com uma história que eu acho que é a história da vida de muita gente”, antecipa Tico. “Eu tenho essa coisa com Minas Gerais. Minha avó, meu avô, primos, tios, são todos de Belo Horizonte. A cidade sempre foi um palco importante pra mim. Fica aqui o convite pra galera de BH”, finaliza.

Então se liga!

Detonautas em BH
Local: Palácio das Artes
Data: 4 de maio
Horário: às 21h

Thiago Cândido[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais. Colunista no programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiário do BHAZ desde setembro de 2023.

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