Djonga prova que é Inocente e mira futuro em novo disco

Com apoio do passado, rapper mira o futuro e revela a dualidade de relações (Divulgação)

O novo compilado de inéditas de Djonga nada tem de amador, como sugere o conceito de demotape —palavra presente no título do álbum. Na verdade, com o perdão do trocadilho, além dos amores e dores impressos nas letras, o trabalho aponta para um amadurecimento musical do rapper, que aposta, agora, em diferentes sonoridades.

Expoente mineiro na cena do rap nacional, Djonga ganhou as telas, os palcos e os fones do país com seus estudos etnográficos sobre a cultura brasileira. Nenhum deles diretamente relacionado à faculdade de História, que chegou a cursar até o sétimo período, na Universidade Federal de Ouro Preto, ainda como Gustavo.

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Na verdade, esses estudos se materializam em seis discos: Heresia (2017), O Menino Que Queria Ser Deus (2018), Ladrão (2019), Histórias da Minha Área (2020), NU (2021) e O Dono do Lugar (2022). Nos últimos seis anos, o artista se debruçou sobre a produção de crônicas lancinantes, pautadas pela realidade racista brasileira.

(Divulgação/Naio Rezende)

Agora, em Inocente Demotape (2023), Djonga mergulha na dualidade de (suas?) relações. Ao longo de oito faixas, o rapper mostra que um coração de gelo derrete, inevitavelmente, em algum momento.

Inocente

“Pra quem procura ver o que há de bom, bem-vindo. Pra quem vai me acusar de qualquer coisa, eu juro que eu sou: Inocente”. Assim, Djonga puxou a divulgação do seu sétimo álbum, no Instagram. Também, antecipou a postura mais branda após anos de caminhada artística.

Em tempos passados e versos mais crus, a relação com a crítica soava mais ríspida. “E quem falou que o disco antigo é fraco, vai tomar no c*”, bradava, na faixa Junho de 94, de 2018.

No novo reportório, no entanto, o rapper apresenta duas versões de si mesmo: o sorridente, que se derrete, e o libertino, do coração de gelo. A dualidade se manifesta nas letras, mas, antes de tudo, na embalagem da obra, que referencia o disco Perfect Angel (1974), da cantora estadunidense Minnie Riperton.

49 anos após o lançamento de Perfect Angel, Djonga faz referência ao disco (Divulgação)

Quanto à sonoridade, novas apostas. Bons ganhos, para o artista e para o público. Dessa vez, distante dos beats do companheiro de longa data Coyote, pitadas de trap, hall, dance e Jersey Club no plano de fundo das canções. “Fazer música diferente do que esperam de mim foi o que me moveu a fazer esse trampo. Eu acho que eu consegui”, registrou, em publicação.

Com Inocente Demotape, Djonga propõe a vida ao ouvinte. Ambígua, difusa. Sua viagem ao passado não vai além dos beats e da capa do disco. Pelo contrário, ao se abrir a novas sonoridades, parcerias emergentes e postura amena, o rapper mira o futuro com a precisão do início.

Thiago Cândido[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais. Colunista no programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiário do BHAZ desde setembro de 2023.

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