De BH para a Noruega: Conheça a nova artista pop Ella A, que acaba de lançar trabalho com Pejota

pejota e ella a cantora
Nova cantora pop Ella A lança música com Pejota, ambos de BH (Divulgação/Bruno Paraguay)

Nascida em BH e radicada na Noruega, conquistou o público europeu participando de um programa musical internacional. Tem abraçado o mercado musical brasileiro laçando parcerias com os artistas daqui, além de cantar em inglês, espanhol e português. Não, não estamos falando da Anitta! O nome dela é Ella A.

Em um bate–papo com o Rolê BHAZ, Raphaella Antônia, de 26 anos, conta toda a sua trajetória no universo musical e comemora o lançamento de “Vai Render”, sua nova música com o belo–horizontino Pejota.

Ella A expressou o desejo de ser cantora quando ainda não tinha nem um repertório completo para falar, lá pelos 2 a 3 anos de idade. Ainda novinha, a artista viu um DVD da cantora e atriz Sarah Brightman e se apaixonou pelo canto lírico, e começou a cantar em corais.

Noruega entra em cena

No ano de 2010, na pré–adolescência, Ella entrou no coral do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, onde começou com o soprano. “Eu cantei lá por um ano, só que em 2011 foi o ano em que eu fiquei esperando o meu visto, que poderia sair a qualquer momento, então eu parei”.

É que a Noruega entrou na vida de Ella após o casamento da mãe, que se mudou para lá. A princípio, a artista ficou morando com o pai, porém, ao passar um período de férias no país norueguês, decidiu que queria se mudar para lá. “Eu sentia muita falta da minha mãe”, conta.

“Quando eu fui para a Noruega, eu continuei no lírico e por volta dos meus 16, 17 anos eu falei, ‘eu quero seguir com pop e manter o lírico como hobby’, e continuei fazendo aula. Eu sempre gostei de expressão e arte, moda, coreografia, e o lírico é mais fechado, ele é o que é”, diz Ella.

Trabalho no mercado para financiar carreira

Após formar no Ensino Médio, em 2017, Ella se mudou do Norte da Noruega para a capital Oslo, com o objetivo de cuidar de sua carreira. “Fiquei um ano trabalhando 100% num mercado, já trabalhava no mercado no Norte da Noruega e transferi para outro”, conta.

“Trabalhei pra caramba e aí eu consegui financiar minha primeira música solo. Eu compus tudo sozinha, na produção eu já queria misturar funk com ritmos de lá então eu procurei produtores no Google e achei um americano, um alemão e um brasileiro e juntei um pouco de tudo”, continua.

Procurando se aprimorar, Ella começou a fazer faculdade de Produção e Composição, na qual ficou por dois anos. “Depois disso eu fiz um ano de business e continuei trabalhando para financiar minha carreira”, relembra.

Acampamento na casa de Luísa Sonza

Em 2019, a jovem assinou com um empresário e, logo no ano seguinte, veio para o Brasil a trabalho pela primeira vez, para participar de um acampamento criativo na casa da Luísa Sonza. Ella só conseguiu lançar os trabalhos que produziu em solo brasileiro em 2022, depois da pandemia.

“Foi quando eu consegui lançar minha primeira música, ‘Criminal’, que foi trilha sonora do filme ‘Me Tira da Mira'”, narra. A música é uma parceria com The Pepperjuice, JS o Mão de Ouro, Franglish e Xamã. “Depois veio Oh!, com a Yina Rose da Colômbia e Tudo Ok (Remix)”, completa.

Ella participa de concurso de música internacional

No ano passado, o Eurovision entrou na vida de Ella A como um divisor de águas para sua carreira internacional. A cantora chamou a atenção do público europeu e do Brasil ao chegar à semifinal do concurso, que um dos maiores do universo musical.

Ella não passou para a fase final do Eurovision, mas conquistou uma base de fãs na Europa. “Isso me trouxe muita atenção, graças a Deus, foi um divisor de águas da minha careira até hoje. Tive muita torcida do Brasil e até saiu nos jornais de BH”, relembra.

Depois do programa, Ella lançou outros trabalhos, incluindo uma música com Vitty, fenômeno do TikTok, e assinou com sua gravadora atual.

Anitta e Sonza são inspiração

Ella não vê limites territoriais para sua carreira, e vê Anitta e Luísa Sonza como uma inspiração. “Eu acredito que cada vez mais isso de que tem que ser um ou outro está acabando com esse movimento do pop funk do Brasil, com o movimento do funk internacional”, explica.

“Eu já ouvi funks noruegueses, eles estão um pouco atrasados, num funk meio Baile de Favela, mas já está muito internacionalizado. A princípio, meu trabalho é internacional, até porque não faria sentido eu fazer coisas para um lugar só porque eu nasci no Brasil mas fui para a Noruega muito nova”, continua.

A boa parte da vida na Noruega e as referências estadunidenses que Ella sempre teve são grandes influências para desejar a carreira internacional. Atualmente, a artista está passando uma temporada no Brasil para lançar músicas em português e se introduzir no nosso mercado.

“É um pouquinho difícil pro pessoal entender, né?! Tem gente que acha que eu não sou brasileira; contar a minha história é um negócio que está levando um pouco de tempo para as pessoas digerirem. O Eurovision na Europa foi um divisor de águas, mas aqui no Brasil o pessoal não sabe bem o que é”, comenta.

Ella A lança música com Pejota

Uma das músicas em português lançadas por Ella A nesta temporada é “Vai Render”, com o rapper Pejota. A canção saiu na última sexta-feira (1°) junto com o clipe intimista gravado em um estúdio. A música mistura elementos do funk carioca e rap.

Ella conta que a canção originou no acampamento criativo que fez na casa de Luísa Sonza. “Eu sou apaixonada por um funk mais romântico, mais calmo, que ainda assim não deixa de ser pesado. Eu amo misturar gêneros e eu acho que o Pejota conseguiu inovar muito dentro do gênero dele”, diz.

“A letra é uma conversa entre eu e ele, achei uma delícia, gostei muito de escrever com a Jenni e com a King Saints, elas entenderam onde eu queria chegar. É um tipo de música que eu sempre quis lançar”, conta.

‘Minas tem o molho’

Além de Pejota, Ella A já colaborou com outro artista de Belo Horizonte, o Davi Kneip, com a música ‘Quero Ver’. “Minas tem o molho”, brinca a cantora. Ela não descarta a possibilidade de colaborar com outros artistas de BH.

“Acho que o pop de BH está crescendo muito, o funk de BH já está crescendo há muito tempo, o pop de Minas está expandindo muito. Temos muita gente do MPB mas com a Marina Sena o povo está prestando mais um pouco de atenção aqui e acho que temos muito para agregar”, narra.

Os próximos passos de Ella A são lançar mais músicas em português. “Depois disso, a gente vai lançar algumas coisas em inglês e espanhol, mas a gente não vai deixar o Brasil de lado não. Vamos continuar com um pezinho aqui sempre”, declara.

Ella expressa o desejo por fazer shows em Belo Horizonte enquanto está aqui, especialmente na parada LGBTQIAP+. “Ano passado eu fiz a Parada LGBTQ de Oslo. Se fosse possível, eu amaria fazer aqui e sem cobrar nada porque eu acho que é uma causa muito importante”, pontua.

Logo logo, Ella A também deve lançar um EP para contar sua história. “Eu acho que todas as músicas dessa parte vão ter um foco grande no Brasil, na língua ou no ritmo. Esse álbum é primeiramente mais para nós/vocês e também para explicar um pouco para o público lá de fora a minha brasilidade”, conclui.

Acompanhe Ella A pelo Instagram neste link.

Edição: Lucas Negrisoli
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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