‘Quem me formou e educou foi o rap’: BK’ volta a BH com show na Autêntica e concede entrevista exclusiva ao BHAZ

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Rapper carioca tem público fiel em Belo Horizonte e retorna para show de seus últimos lançamentos (Divulgação/Wallace Domingues)

Depois de alguns anos sem se apresentar em Belo Horizonte, o rapper BK’ finalmente retorna à capital mineira para um show da turnê “Cidade do Pecado”. Na próxima quinta-feira (21), o carioca se apresentará na Autêntica com um repertório que une os últimos lançamentos e os grandes sucessos de álbuns anteriores. Em entrevista ao BHAZ, BK’ revelou detalhes de seu novo show, além de falar sobre o aspecto político do hip hop e declarar voto em Lula (PT) para presidente nas eleições deste ano.

Retornando ao formato “voz e DJ” em sua nova turnê, o rapper de 33 anos conta que decidiu sintetizar seus últimos trabalhos em um só show. Isso porque o projeto para o disco “O Líder em Movimento”, lançado em 2020, sofreu com a pandemia e não pôde ser apresentado ao vivo.

“Eu quis aproveitar essa volta dos shows e misturar tudo. A gente fala que é ‘turnê Cidade do Pecado’ por causa do meu último EP, que foi uma parada mais experimental, mais underground, mas a gente vem misturando tudo. Você vai ouvir bastante Castelos e Ruínas, você vai ouvir bastante Gigantes, e bastante Líder em Movimento”, conta o artista.

BK’ (Divulgação/Wallace Domingues)

Pandemia prejudica turnê do 3° disco

Sobre o período mais intenso da pandemia, BK’ conta que houve um momento em que ele pôde optar por parar com os shows. “A gente que dá uns papos mais conscientes, não só os papos, mas que raciocina também, tipo, o ‘bagulho tá doidão’ e vai ficar fazendo show?”, diz o rapper, referindo-se ao isolamento recomendado.

Assim como outros artistas, BK’ não saiu ileso dos prejuízos financeiros causados pela falta dos shows, e isso afetou o projeto construído para seu último disco. “Já tinha feito alguns investimentos de show para o álbum O Líder em Movimento, tinha notícias vindas do pessoal do mercado de que o começo de 2021 ia estar rolando e só foi voltar no fim do ano. A gente tava com uma ideia que na real não se concretizou”.

“Nesse meio tempo a música mudou muito, mudou muito o que toca, o que rola. Tem certos tipos de artistas que o final do trabalho é no palco, e o final da experiência da minha música é no palco”, declara o rapper. Durante esse período mais recluso o artista aproveitou para produzir e experimentar novas sonoridades, o que resultou no EP “Cidade do Pecado”.

BK’ vê Lula como ‘opção do momento’

A coletânea de cinco músicas passa por diferentes inspirações dentro do rap, em que BK’ fala sobre como as capitais são maiores do que os indivíduos. O rapper traz em suas rimas a mescla do tom político e do tom pessoal sobre as vivências de uma pessoa negra, algo sempre presente em seus trabalhos.

O artista também comentou sobre os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que têm acontecido em shows recentemente. “Xingar é maneiro, xingou ali pela emoção, estava no momento, ok. Mas tem que lembrar que tem que ir para as urnas e tem que votar. Votar no que é melhor para agora”, diz ele.

BK’ declarou que a melhor opção para a próxima eleição presidencial será votar em Lula. “Acho que não tem discussão agora, pela situação extrema que a gente vive no momento, a gente tem uma opção e é o Lula. Mais para frente podemos pensar em outros candidatos, mas agora é o Lula”.

BK’ (Divulgação/Wallace Domingues)

Público que critica o aspecto político do rap

“Quem faz rap há bastante tempo, está em um momento que não tá entendendo legal o que está acontecendo. Vários artistas vêm se posicionando e o público falando ‘ah eu não sigo mais você, não acompanho mais as suas músicas’, tipo assim, então você veio fazer o que no rap? O que é que te trouxe até aqui?”

Ele questiona: “Pessoas que chegaram até aqui e não entendem nada do que a gente está falando, não entendem nada da nossa luta, falam que a luta da galera é mimimi”. O rapper ainda questiona as críticas que ele e outros artistas do hip hop recebem por falar de pobreza mesmo tendo atingido o sucesso profissional.

“A gente não quer que mais ninguém fique rico? Eu sou um preto que venci e não quero que mais nenhum preto vença? Não é ostentar a pobreza, se tem um caminho que funcionou para mim, pode funcionar para mais alguém. O rap é sobre isso, sobre você ir ensinando as coisas também”, reflete.

‘Quem me formou e me educou foi o rap’

O artista vê os ensinamentos do rap, sobretudo do hip hop, serem passados para frente com o surgimento de novos artistas independentes nos últimos anos. “É uma forma talvez de devolver para o rap”, afirma. “O rap me inspirou muito, o rap fez quem eu sou em várias questões, não só a ser um artista do rap”.

“O hip hop sempre trabalhou muito bem a minha autoestima, me ajudou na parte de estudar o mundo, de me influenciar como pessoa. Junto com a minha mãe, quem me formou e quem me educou foi o rap, tá ligado?”, diz o carioca.

Inspiração tanto para novos artistas quanto para aqueles que já estão consolidados, BK’ vê esse movimento como uma “continuação do ritual”. “Quando eu era mais novo, tiveram artistas que fizeram eu querer ser um artista, querer ser o BK. Então, se a gente consegue fazer esse mesmo efeito em outras pessoas quer dizer que a gente está continuando a história do hip hop”, conclui.

Ingressos para o show em BH

BK’ irá se apresentar na casa de shows Autêntica, no bairro Santa Efiênia, na próxima quinta-feira (21). Os ingressos estão disponíveis a partir de R$ 50 (meia-entrada) neste link. A abertura da apresentação ficará por conta do coletivo belo-horizontino de música eletrônica urbana ruadois.

Anota aí:

BK’ – Turnê Cidade do Pecado

Data: 21 de julho

Horário: 21h – abertura da casa | 22h30 show do coletivo ruadois | 23h30 show de BK’

Local: Autêntica | Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia – Belo Horizonte

Ingressos: https://autentica.byinti.com/#/event/sonancias-bk-e-ruadois

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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