Centro de BH no cinema: Filme retrata busca pela identidade em meio à paisagem urbana

Canção ao Longe
História é permeada pelas paisagens da capital mineira (Anavilhana/Divulgação)

Bar do Melo, Palácio das Artes, Livraria Amadeu e muito mais: são vários os elementos do Centro de BH que permeiam a história de Jimena, protagonista do filme “Canção ao Longe”. Depois de passar por festivais nacionais e internacionais, a obra agora está sendo exibida nos cinemas da capital mineira.

O filme de 2022 é o primeiro longa solo da diretora Clarissa Campolina, uma das três responsáveis pela produtora Anavilhana. Ao BHAZ, ela conta sobre como a paisagem urbana de BH compõe, junto da paisagem sonora, o enredo protagonizado pela atriz Mônica Maria.

“O que queríamos da história era poder olhar para os personagens, criticá-los, mas gostar deles ao mesmo tempo. A relação com BH é um pouco essa. Apesar de todas as críticas, nós escolhemos lugares em que nos sentiríamos bem filmando”, afirma.

Canção ao Longe

“Canção ao Longe” conta a história de Jimena, uma jovem mulher preta que está em busca do seu lugar no mundo. Filha de um casal interracial, ela só se comunica com o pai, homem negro e estrangeiro, por cartas. Enquanto isso, vive com a mãe e a avó, mulheres brancas vinculadas a valores tradicionais.

O filme começou a ser projetado em 2012, quando Clarissa estava grávida e refletia cada vez mais sobre o que é ser mãe. “Junto com a alegria vinha uma crise identitária. Comecei a pensar em outros modelos sociais, o que é ter uma família, e o que é apresentar o mundo para uma criança…”, conta.

Inspirada também pela história de uma amiga, a diretora construiu a personagem principal da obra, acrescentando também a questão do racismo ao enredo. “A história é a Jimena na busca pela identidade dela, pelo que ela tem que destruir para construir, e como construir”.

Elementos de BH

Clarissa Campolina nasceu em Brasília, mas antes dos dois anos de idade já estava morando em Belo Horizonte. Colocando o afeto que sente pela cidade na tela, ela trouxe lugares e sons da capital para compor a história.

“O filme se chama ‘Canção ao Longe’ muito por conta, também do pai, mas do som da cidade, as coisas que acontecem no entorno dela. Se ela não se abre, ela não muda de vida, não entende outros jeitos de viver. Essa pluralidade de locações tinha um tanto disso, do desejo de ampliar o campo de visão dela”, explica.

No Bar do Melo, que fica na rua dos Tupinambás, a produção escolheu um dia menos movimentado e selecionou clientes fiéis para participarem das gravações. O dono do bar, inclusive, até planejou uma cena sem contar para ninguém. E depois da exibição do filme no Cine Belas Artes, todos foram comemorar no bar, no Centro de BH.

Bar do Melo
Melo, dono do bar, registrou a comemoração
(Arquivo pessoal/Melo)

A obra também conta com cenas na Livraria Amadeu, o sebo mais antigo de BH, que fica na rua dos Tamoios; no Palácio das Artes; na pista de skate do parque Julien Rien, no bairro Anchieta, e muito mais.

Os espectadores ainda podem acessar o mapa interativo do filme e aproveitar para conhecer os lugares pelos quais os personagens passam, no Centro e em outras regiões de BH.

Mapa de locações
Filme conta com mapa interativo de locações (Divulgação)

Quer assistir?

“Canção ao Longe” já passou pelo 24º Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, pelo 19º Marrakech International Film Festival, pelo 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro — onde Carlos Francisco recebeu o prêmio de melhor ator —, pela 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes e pela IV Mostra Diálogos Pela Equidade.

E quem ficou com vontade de assistir ao filme também pode encontrá-lo nos cinemas de Belo Horizonte. O longa fica em exibição no Cine Belas Artes e no cinema do Minas Tênis Clube até a próxima quarta (26).

  • Cine Belas Artes: Sala 03 – 20h20 até esta quarta, 14h20 a partir desta quinta-feira – rua Gonçalves Dias, 1581, Lourdes – ingressos aqui ou na bilheteria do cinema
  • Minas Tênis Clube: Sala 01 – 18h40 até esta quarta, 15h a partir desta quinta-feira – rua da Bahia, 2244, Lourdes – ingressos aqui ou na bilheteria do cinema

Clarissa Campolina conta que o filme tem sido bem recebido pelo público. “Os festivais são sempre muito emocionantes. É muito legal ter contato com a crítica especializada, com colegas de profissão, mas quando [o filme] vai para o cinema, parece que ele se renova, vira outro”, afirma.

“É colocar o filme não em relação a outros filmes que estão no festival, nem ao que se espera no cinema. É um encontro do filme com o mundo”, finaliza a diretora.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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