Homem relata racismo em unidade do Madero em BH: ‘Triste demais, senti nojo, enjoo’

Marcelo de Souza Pimenta Rodrigues/Facebook/Reprodução + Reprodução/Madero

O enfermeiro Marcelo de Souza Pimenta Rodrigues afirma ter sofrido racismo dentro do restaurante Madero, no Boulevard Shopping, na região Leste de Belo Horizonte, na noite dessa segunda-feira (17). Ele relatou a situação por meio de uma postagem no Facebook. Ao BHAZ, o homem disse ter ido ao local com uma amiga e que viveu um momento “triste demais”. O Madero disse, por nota, que não compactua com nenhum tipo de discriminação e que está apurando o ocorrido.

“Sempre gostamos muito do Madero, somos clientes desde 2016. Eu e uma amiga estávamos passeando no shopping, fazendo compras. Por volta das 21h, decidimos ir comer um hambúrguer no Madero. Chegamos, demos nossos nomes e aguardamos um pouco”, explica Marcelo.

Segundo a vítima, passaram-se 10 minutos e eles perceberam duas mesas vazias. “Fui até o atendente e falei das mesas. Ele me disse que já estavam reservadas e os clientes já haviam sido chamados por mensagem. Eu entendi, sem problemas, sei que é assim que funciona”, relata.

O tempo continuou passando e as mesas permaneceram vazias. “Ficamos esperando mais, outras mesas esvaziaram e fomos chamados, depois de mais de 30 minutos. Sentamos, esperamos um pouco e vieram nos atender. Fizemos o pedido de nossos hambúrgueres, um simples que eles têm”.

Nesse tempo, a mesa ao lado foi ocupada por um casal e uma outra também. “As pessoas fizeram os pedido um pouco depois da gente. O primeiro casal recebeu o pedido e nós ficamos esperando. Até aí achei normal, pois poderia ser um pedido mais simples, algo fácil. Continuamos aguardando”, continuou.

Depois disso, o pedido do casal ao lado também chegou. “Hambúrgueres iam e vinham e nada do nosso. Aí fomos perguntar para o garçom. Ele disse que havia tido um erro no sistema, por isso a demora. Ele chegou a nos trazer nossos refrigerante, e só”, explicou.

“Comecei a olhar o redor, só nós dois de negros e uma outra pessoa no canto. Todos os brancos já haviam sido servidos, menos a gente. Só quem passa por isso sabe, a gente sente essas coisas. Um sentimento ruim tomou conta de mim. Senti meu corpo gelar, fiquei triste demais, senti nojo, um enjoo. Aí eu falei com a minha amiga: ‘espero que não, que não mesmo, mas olhe em volta’. Ela viu e me disse: ‘entendi'”.

Com a situação, Marcelo decidiu cancelar os pedidos e pedir a conta. “Ele disse que me daria os hambúrgueres de cortesia, para eu levar para casa. Mas eu não queria comer em casa, fui ali para comer no restaurante. Eu vejo casais brancos sendo atendidos, e a gente não, isso gera um constrangimento”, relata.

“Levantei e fui ao gerente, disse que sou trabalhador, que minha amiga também. A gente sai de casa, para fazer compras de Natal, vamos ao restaurante para ter um momento legal. O mínimo que queremos é ser respeitados. Eu saí de lá extremamente chateado”, desabafa.

Marcelo explica que o sentimento é compartilhado também pela amiga. “Ela sentiu o mesmo, foi uma situação péssima. Em momento algum eu falo da questão do Madero ser racista, mas me senti discriminado naquele momento. Se todo mundo é atendido dentro de um local e você não, é algo muito ruim. Precisamos crescer como pessoas, melhorar. Não adianta nada essas campanhas contra o racismo, se a gente não olhar para a gente mesmo e tentar evoluir”.

Os amigos decidiram não registrar boletim de ocorrência em relação a situação. “Não quero polícia, nada disso. Saímos tarde do shopping, só queria ir para casa, sair daquele lugar. Fiz a postagem para alertar as pessoas sobre algo que aconteceu, só isso”, completa.

Boulevard e Madero se posicionam

Por nota enviada ao BHAZ, o Grupo Madero afirmou que “não compactua com qualquer discriminação de gênero, costumes locais, raça, credo, cor, nacionalidade, origem étnica, grupo social, idade, estado civil, deficiência, religião, filiação ou opinião política, conexão com uma minoria nacional, orientação sexual ou status socioeconômico. Diante do relato contido no post, estamos apurando internamente o ocorrido e reiteramos que o Grupo Madero não tolera discriminação de qualquer tipo”.

O Boulevard BH disse repudiar “qualquer atitude discriminatória e a abordagem relatada não condiz com a postura adotada pelo shopping, onde todos são bem-vindos. A orientação do empreendimento é de que o cliente tenha aqui sua melhor experiência”.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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