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Homem que defendeu cadela de ataque de pitbull é ‘obrigado’ a ficar com o animal

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ataque pitbull
O homem que "rolou" no chão para defender a cadela do ataque de um pitbull precisou "adotar" o animal até que alguma entidade resgate ele (Arquivo pessoal)

Denilson Luiz de Souza, o homem que “rolou” no chão para defender a cadela dele do ataque de um pitbull, nessa quarta-feira (24), precisou “adotar” o animal provisoriamente até que alguma entidade manifeste interesse em resgatá-lo. Ao BHAZ, o guarda municipal de 52 anos disse que nenhum órgão da prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, ou do estado se prontificou em ir buscar o cachorro, e que o tutor dele também não apareceu.

Temendo novos ataques a pessoas da cidade, o homem decidiu manter o animal nos fundos de casa. O pitbull está sendo tratado com água e comida e até se afeiçoou a Denilson após o ataque.

“A prefeitura e disse que não era competência dela recolher o pitbull, mas sim do Estado. A Polícia Militar disse que não era competência dela, mas sim do Corpo de Bombeiros. Os bombeiros confirmaram que o papel é deles, mas disseram não ter condições de levar o animal por não ter um lugar adequado para mantê-lo”, disse ele.

Vídeo de uma câmera de segurança mostra que o pitbull entrou na garagem da casa de Denilson e atacou a cadelinha dele, Bella, de 10 anos. Para salvar o pet, o guarda municipal “se atracou” no cachorro e acabou ficando ferido nos braços. Ele foi atendido em um hospital da cidade e está se recuperando em casa.

“Acabou que o cachorro ficou na minha casa. Dei água, dei comida… a guarnição [dos bombeiros] me explicou que não podem tirar o cachorro daqui e levá-lo para o batalhão sem ter local para tratá-lo. Disseram que eu devo esperar que alguma ong se manifestasse e que, enquanto isso, eu poderia ser o tutor temporário”, acrescentou.

Denilson foi para o hospital com o braço sangrando (Arquivo pessoal)

Cadela precisou ser internada

A cadelinha Bella sofreu vários ferimentos por conta dos ataques e precisou ficar internada em uma clínica veterinária. Ela levou pontos em alguns machucados, mas já recebeu alta e está em casa.

“A Bella tá assustada, traumatizada, não quer sair de casa. Ela sempre foi muito alegre. Ela está usando aquele cone na cabeça, pois não pode lamber os pontos”, disse.

Bella ficou ferida após o ataque (Arquivo pessoal)

O que dizem as autoridades?

Ao BHAZ, a Prefeitura de Juiz de Fora informou que, “de acordo com o decreto 44.417/2006 que regulamenta a Lei n°16.301 de 2006, os animais de raças específicas, como os pitbulls, são de responsabilidade do Governo do Estado”.

Também em contato com a reportagem, o Corpo de Bombeiros disse que “não dispõe de abrigo para cães, profissionais veterinários ou qualquer estrutura que possa amparar cães sadios ou doentes” (leia a nota na íntegra abaixo).

Ainda segundo a corporação, os agentes não conseguem realizar a guarda dos cães em quartéis do Corpo de Bombeiros, “por não ser o local adequado, há o risco de contaminação cruzada, por se tratar de uma tropa aquartelada e que procede atendimento e transporte pré-hospitalar”.

Sem saber o que fazer, Denilson faz um apelo para que os órgãos criem algum abrigo público na cidade para que animais possam ser abrigados nessas circunstâncias.

“Eu tô em casa com a minha cachorra debilitada, tenho fazer curativo dela, tenho minha mãe de idade aqui em casa, além das minhas sobrinhas. Não posso ter um cão que atacou minha família no mesmo local em que eu moro, não é uma coisa lógica”, desabafou ele.

Larissa Reis

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.
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