Evelyn Marques, de 1 ano e 4 meses, morreu no último sábado (3) após apresentar quadro de bronquiolite em Pedro Leopoldo, na Grande BH. Amanda Marques, mãe da criança, alega negligência médica, uma vez que os médicos afirmaram que os pulmões da criança estavam limpos, mas o raio-x indicava uma mancha, que evoluiu para o quadro de pneumonia.
De acordo com Amanda, na última segunda-feira (28), a criança amanheceu com quadro de tosse, mas compareceu à creche. No meio do dia, a mãe recebeu uma ligação da escola informando que Evelyn estava com febre. Então, ela buscou sua filha e a medicou em casa. No entanto, na terça-feira (29), ela percebeu que a criança não melhorou, buscando atendimento no Hospital Municipal de Pedro Leopoldo. A médica de plantão receitou uma bombinha para a respiração e paracetamol para caso de febre.
A mãe da bebê relembra que, na quarta-feira (30), Evelyn começou o dia com dificuldades para respirar, sendo necessário retornar ao hospital. “Ela não estava levantando, ela estava bem molinha, parecendo que ela estava desmaiada, mas com os olhos abertos”, conta. Chegando ao hospital, a criança ficou na sala de emergência devido à queda de saturação, onde recebeu tratamento com oxigênio, lavagem nasal e dipirona. Além disso, Evelyn passou por um raio-X que indicava uma mancha em um dos pulmões, mas os médicos “falaram que o pulmão dela estava limpo”.
Durante a noite, o médico de plantão receitou um remédio que ajudou na sua melhora momentânea. No entanto, durante a troca de plantão da manhã, a médica que assumiu o caso não prosseguiu com a medicação.
Negligência médica
“Na quinta-feira de manhã, era uma outra médica de outro plantão. O médico da quarta-feira deixou o mesmo remédio prescrito para ela tomar na quinta-feira, mas a médica não quis dar para ela. Ela falou que não tinha necessidade”, explica. “Ela já estava querendo entubar a minha filha, só que ela não entubou. Minha filha ficou o dia inteiro sem soro na veia, sem o medicamento, sem comer e sem mamar”, completa.
Assim que houve a troca de plantão, a mãe conta que o outro médico retomou com o remédio, mas a criança sentiu dores durante a noite. Na sexta-feira (2), a mesma médica assumiu o caso e resolveu continuar com a medicação. Segundo Amanda, foi só por volta do meio-dia que a profissional perguntou se Evelyn tinha feito um raio-x.
“O raio-x estava junto com toda a documentação dela, com o exame e tudo. Ela (a médica) não fez esse raio-x, ela não viu esse raio-x. Aí ela foi lá ver o raio-x, viu que tinha uma manchinha e falou que ia pedir para poder fazer novamente o raio-x, porque ela estava achando que ela (Evelyn) estava com pneumonia”, explica. “No que ela já viu (o resultado do raio-x), ela já veio com uma seringa com amoxicilina para ela poder tomar”, conta.
Conforme relembra Amanda, desde quarta-feira os profissionais tentavam transferir a criança para um Centro de Terapia Intensiva (CTI), “mas eles falaram que não estava achando vaga, o hospital estava falando que não tinha vaga”. Segundo relato da mãe, os médicos tentaram entubar Evelyn no início da noite de sexta-feira. No entanto, a criança sofreu quatro paradas cardíacas e não resistiu.
“Eles usaram cano de intubação de adulto, porque não tinha de criança na minha filha. No momento que eu entrei na sala, estava muito machucada a boca dela. Ela estava muito inchada. Eu não sei o que fizeram nela, mas ela estava muito inchada. O processo de intubação demorou mais de duas horas e meia”, relata.
Como justificativa, o médico de plantão explicou que Evelyn já estava com a bactéria causadora da pneumonia e a infecção já havia espalhado por seu corpo.
O que diz a Prefeitura de Pedro Leopoldo
Em nota, a Prefeitura de Pedro Leopoldo lamentou o falecimento da criança e esclareceu que a paciente recebeu toda a assistência necessária com suporte contínuo de oxigenoterapia, broncodilatadores, antibióticos intravenosos e, nos momentos críticos, ventilação mecânica e medidas avançadas de suporte à vida.
O Poder Executivo, ainda, afirma que Eveyn deu entrada no Hospital Municipal com quadro de bronquiolite. No entanto, “a evolução do quadro foi rápida e severa, compatível com casos de bronquiolite grave e infecção respiratória aguda em menores de dois anos, evoluindo para uma pneumonia, mesmo com o tratamento adequado”, explica. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde destaca que “não houve qualquer falha na prestação do atendimento médico, tampouco omissão de condutas clínicas ou administrativas”.
Por fim, a Prefeitura de Pedro Leopoldo informa que “foram realizados todos os esforços para transferência imediata da paciente para Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI)”, mas “a indisponibilidade de leitos em toda a rede estadual impediu a remoção em tempo hábil, circunstância que extrapola a esfera de competência do município”, conclui.
Veja a nota da Prefeitura de Pedro Leopoldo na íntegra
A Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, manifesta profundo pesar pelo falecimento da criança EVELYN BEATRIZ MARQUES DE OLIVEIRA BAMBIRRA, de 1 ano e 4 meses, ocorrido na madrugada de 03 de maio de 2025.
Desde sua entrada na rede municipal de saúde em 30 de abril, a paciente recebeu toda a assistência necessária e compatível com os mais rigorosos protocolos clínicos vigentes, sendo atendida por equipe médica qualificada e dedicada, com suporte contínuo de oxigenoterapia, broncodilatadores, antibióticos intravenosos e, nos momentos críticos, ventilação mecânica e medidas avançadas de suporte à vida.
A paciente deu entrada no Hospital Municipal com um quadro de bronquiolite, confirmado por exames e radiografias. A evolução do quadro foi rápida e severa, compatível com casos de bronquiolite grave e infecção respiratória aguda em menores de dois anos, evoluindo para uma pneumonia, mesmo com o tratamento adequado. É importante destacar que não houve qualquer falha na prestação do atendimento médico, tampouco omissão de condutas clínicas ou administrativas.
Diante da necessidade de cuidados intensivos, foram realizados todos os esforços para transferência imediata da paciente para Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI), com contatos diretos com os principais centros de referência da capital. Apesar das reiteradas tentativas, a indisponibilidade de leitos em toda a rede estadual impediu a remoção em tempo hábil, circunstância que extrapola a esfera de competência do município.
A Secretaria Municipal de Saúde reitera que todas as condutas médicas foram registradas de forma detalhada em prontuário, não havendo indício de qualquer tipo de erro ou negligência por parte da equipe profissional ou da gestão local.
Neste momento de dor, expressamos nossa solidariedade à família da paciente e reafirmamos o compromisso da administração municipal com a ética, a responsabilidade e a transparência.