Abrasel questiona proibição de ‘retirada no local’ em restaurantes de BH

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Bares e restaurantes só poderão funcionar via delivery (Amanda Dias/BHAZ)

A Abrasel-MG (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais) questiona, por meio do presidente Matheus Daniel, a proibição do esquema de “take away”, ou retirada no local, nos restaurantes de Belo Horizonte. A nova restrição é uma das medidas anunciadas pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) nessa sexta-feira (12), para conter o avanço da Covid-19: agora, os restaurantes da capital mineira só poderão funcionar para delivery, de portas fechadas.

“Será mais um prejuízo para o setor que sofre desde o primeiro fechamento da cidade, há quase um ano, e pode acarretar ainda mais desemprego”, afirmou o presidente da associação. Ele defende que a opção de retirada do alimento no local é uma alternativa para alimentar a população, principalmente aqueles que não têm familiaridade com plataformas de delivery, e para garantir empregos de trabalhadores do setor.

A Abrasel-MG afirma que o “take away” para almoço e jantar não gera aglomeração nos estabelecimentos e questiona se essa proibição não acarretaria mais tumultos em supermercados da cidade. “Há vários profissionais da saúde e dos demais serviços realmente essenciais que precisam se utilizar deste serviço e serão prejudicados. O take away deveria ser liberado pelo menos até às 22h”, defende Matheus Daniel.

Procurada pelo BHAZ, a assessoria da PBH afirmou que não vai se pronunciar a respeito do questionamento, já que as justificativas para as proibições já foram dadas pelo prefeito durante entrevista coletiva. “Não temos mais o que fechar. Só falta fechar supermercado, e o povo não ter o que comer, e fechar farmácia”, declarou Kalil ao anunciar as novas medidas de restrição. 

Fechamento e fiscalização

Além de questionar a nova proibição, o presidente da associação também defende que o fechamento das atividades não essenciais na cidade seja feito de forma severa, com fiscalização intensa. “Já passava da hora dessa fiscalização. Vamos torcer para que funcione e abranja toda a cidade e não somente as regiões centrais, ela não pode ser seletiva”, pontua ele, a respeito da garantia feita por Kalil de que a fiscalização se intensificará em BH.

“Preferimos um fechamento severo de 10, 15 dias, que seja realmente capaz de controlar o grave quadro da pandemia em nossa cidade enquanto a prefeitura aumenta os leitos e compra vacina, do que vivermos nessa inconstância de abrir e fechar nossos negócios em um curto espaço de tempo, sem nenhuma previsibilidade”, completa Matheus Daniel.

Novas medidas

Em meio à situação preocupante de ocupação de leitos para Covid-19 em Belo Horizonte, o prefeito anunciou hoje que serão suspensos cultos religiosos, retiradas em restaurantes, caminhadas e parques. Ainda de acordo com Kalil, a prefeitura começará a fechar e fechar atividades dentro de prédios comerciais. “A fiscalização será implacável em Belo Horizonte com quem ignora a doença. Não podemos deixar comerciantes, bares e gente séria pagar por irresponsáveis. Não podemos deixar botequim matar jovem de 23 anos e matar crianças de 1, 2 anos, bebês”, afirmou.

“Estão suspensas as atividades de comércio, construção civil, cursos de língua, dança, arte, praças públicas, parques, caminhadas… Restaurantes só podem com delivery e funcionar de forma fechada. Proibida entrega no local. Loja de conveniência ate 18h, de segunda a sexta, sábado de domingo fechada. As aglomerações sejam qual for, serão proibidas e serão abordadas pela Guarda e pela PM”, detalhou o prefeito.

Momento crítico

De acordo com Kalil, a nova determinação ocorre por conta dos números da Covid-19 em BH. A cidade já estava na estaca zero, permitindo apenas o funcionamento de atividades essenciais, desde o último sábado (6). Os indicadores do novo coronavírus em BH, no entanto, continuam subindo, e todos estão em nível vermelho de alerta nesta sexta-feira, com a ocupação de UTIs a mais de 89%.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela PBH hoje, a cidade tem 82,9% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados, e a ocupação dos leitos de enfermaria está em 75,6%. O número médio de transmissão por infectado também subiu e bateu recorde, atingindo 1,25. Quando Kalil decretou a volta à estaca zero, na sexta-feira passada, as UTIs estavam 81% ocupadas e os leitos de enfermaria, 61,9%.

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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