Ambulantes enchem garrafas com água da Praça Raul Soares e vendem a motoristas

Facebook/Reprodução

Vendedores ambulantes foram flagrados supostamente enchendo garrafas com água da Praça Raul Soares, na região Central de Belo Horizonte. Um vídeo, que viralizou nas redes sociais esta semana, mostra três homens com caixas de isopor e várias garrafas bem ao lado do sistema de irrigação do local.

Ao BHAZ, o motorista Samuel Ivens, que trabalha em um aplicativo de mobilidade, conta que já viu isso acontecer e explica como funciona o processo. “Eles pegam as garrafas vazias, enchem com a água de irrigação da praça e depois esquentam a tampa para parecer que está lacrada”, explica.

Para o motorista, a situação é revoltante. “É só você comparar o gosto dessa água com a que vende nas lojas. Eu bebi uma vez, mas depois que descobri isso, nunca mais bebi. Tem que denunciar mesmo e acabar com isso. É um absurdo! Imagina se pega alguma doença?”.

A equipe do BHAZ esteve no entorno da praça neste domingo (23) e tentou localizar os homens, sem sucesso. Conversamos também com comerciantes da região, que disseram não ter visto a cena.

Contudo, algumas pessoas que não quiseram se identificar, confirmaram a prática e disseram ser frequente. “Não é a primeira vez que vejo isso por aqui. Eles estão sempre fazendo isso [enchendo as garrafas]. Acho que falta fiscalização”.

Veja o vídeo:

Nos comentários do vídeo, uma mulher desabafa. “Eu nunca passei tanto mal na minha vida igual o dia que comprei uma garrafinha de água no Centro. A água era suja com certeza”.

Outra pessoa explica que deve-se conferir o lacre. “Tem que ver se está lacrado, se não estiver, não pode aceitar”. Porém, outro internauta comenta que alguns vendedores conseguem burlar o sistema. “Qualquer vendedor de água das ruas faz isso, por isso não compro”.

Riscos a saúde

O consumo de água não tratada, também chamada de água crua, pode causar doenças como diarreia, febre tifoide, hepatite A, infecção intestinal, leptospirose, salmonela e outras doenças como cólera, rotavírus ou noravírus.

De acordo com o médico Arthur Frazão, a água contaminada dá alguns sinais, aos quais devemos ficar atentos. “Se tem algum cheiro, se tem pequenas partículas de sujeira em suspensão na água ou se não está devidamente transparente, tendo uma coloração amarelada, alaranjada ou amarronzada”, explica.

Contudo, a água também pode parecer estar limpa e ainda assim, estar contaminada, sendo que o melhor é sempre optar por água filtrada ou água mineral engarrafada, que foi sujeita a testes de qualidade. Com isso, a recomendação é comprar em locais aprovados pela vigilância sanitária e evitar produtos duvidosos.

Os sintomas de água contaminada são:

  • Febre e calafrios;
  • Dor abdominal;
  • Perda do apetite;
  • Dor de barriga;
  • Vômitos e diarreia.

É recomendável procurar atendimento imediato caso os sintomas apareçam e persistam. Mais informações sobre contaminação da água pelo blog Tua Saúde.

Prefeitura de BH se posiciona

Ao BHAZ, a prefeitura enviou uma nota e disse que a Guarda Municipal esteve no local. Os homens foram encontrados e disseram que a água era para consumo próprio. Leia na íntegra:

“Na última sexta-feira, dia 21, o coordenador da Guarda Municipal responsável pelas ações da corporação na região Centro-Sul, tomou conhecimento de um vídeo onde supostamente alguns ambulantes enchiam garrafas de água para comércio na Praça Raul Soares.

De forma imediata, ele determinou que uma equipe da Guarda Municipal verificasse a situação, foram identificados quatro rapazes que estavam na praça enchendo garrafas de água, mas de acordo com os abordados, a água era para consumo próprio.

Além disso, o local mostrado no vídeo não possui torneira, e é diferente de onde ocorreu a abordagem.

A Subsecretaria de Fiscalização esclarece, ainda, que o comércio irregular é proibido no logradouro público sob pena de multa no valor de R$ 1.958,00 e ações fiscais são realizadas diariamente”.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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