Cerca de 200 ambulantes reuniram-se no final da tarde desta terça-feira (4), debaixo do Viaduto Santa Tereza. Os camelôs não aceitam a proposta da Prefeitura de mudança para shoppings populares e prometem voltar às ruas nesta quarta-feira (5).
A vereadora Áurea Carolina e o promotor de justiça Mário Higuchi também estiveram no local. A Polícia Militar e a Guarda Municipal acompanharam de perto a reunião dos ambulantes.
“Este é um processo irreversível; o município está convicto do que dispõe o Código de Posturas. A retirada dos camelôs é algo que não tem volta; é definitivo. O que temos que fazer é assegurar ao máximo o direito dessas pessoas”, comenta Mário Higuchi.
De acordo com o Ministério Público, a questão deve ser resolvida rapidamente, para que nenhum trabalhador seja atingido e fique sem trabalhar. “Já adiantamos a reunião que seria no dia 22 para esta quinta-feira. Reconheço que é um problema social grave e que estamos tentando melhorar o prejuízo”, diz o promotor.
Os camelôs reclamam que não têm condições de sustentar suas famílias e precisam voltar ao trabalho rapidamente. “A situação é de desemparo e muito violência, de criminalização dessas pessoas, que estão somente lutando pelos seus direitos. É um trabalho digno e honesto. É uma resposta muito injusta da Prefeitura de Belo Horizonte”, comenta a vereadora Áurea Carolina (Psol).
Uma das principais reclamações dos ambulantes é a forma truculenta como, segundo eles, a polícia tem agido. Uso de balas de borracha e gás lacrimogênio tem sido recorrente, segundo eles. “Foi instaurado hoje um procedimento investigatório criminal para apurar todo o excesso praticado pela polícia ontem”, informou Mário Higuchi.
A representante dos ambulantes, a vendedora de frutas Vera Lúcia Teixeira, não está satisfeita com as medidas da Prefeitura. “Não tem nada de concreto. As feiras não existem, o Shopping Oiapoque é privado e eles não nos querem lá. Nós estamos jogados na rua, sem defesa de ninguém. A gente precisa do apoio dos órgãos competentes, do Ministério Público, direitos humanos, de todos”, comenta a ambulante, que trabalha na rua há 25 anos.
De acordo com Vera Lúcia, no momento, 2 mil camelôs estão cadastrados na Prefeitura. Com a decisão de proibir a permanência deles no hipercentro, a representante alega que oito mil pessoas, entre ambulantes e familiares, serão atingidas.