Uma das cenas mais impactantes registradas durante o temporal que atingiu Belo Horizonte na noite de sexta-feira (24) foi a força da água demonstrada no Boulevard Arrudas, na avenida dos Andradas, na região Central da cidade. O ribeirão homônimo estava tão forte que transformou a passarela em chafariz, com água jorrando pelos vãos da calçada.
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— MiliciAna ? (@AnaCec97) 25 de janeiro de 2020
A força da água era tamanha que expulsou blocos de concreto, danificando a passarela. O poder público isolou o ponto que divide os dois sentidos da avenida dos Andradas, perto do Parque Municipal. Questionada sobre o conserto, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que “prioriza ocorrências com vítimas e manutenções que estejam obstruindo vias”.
Obra milionária
O que nem todos lembram é que esse trecho da Andradas fez parte de um conjunto de obras bastante enaltecido pelo governo Aécio Neves (PSDB). Crucial para a Linha Verde – uma série de intervenções na região Norte de BH, que teve como cereja do bolo a Cidade Administrativa -, o chamado Boulevard Arrudas consumiu R$ 40 milhões dos cofres públicos.
As intervenções no Centro foram as primeiras inauguradas do conjunto batizado como Linha Verde, em março de 2007 – e com pompa. “Dezenas de artistas e populares criaram, durante a solenidade, um clima de festa, resgatando a tradição cultural dos espaços públicos da capital. O governador chegou a Praça Rui Barbosa e foi recebido ao som dos tambores do grupo de percussão ‘As Chicas'”, diz trecho do texto oficial do Governo de Minas, publicado à época.
A obra consistia em: “1,4 km de extensão, com quatro novas faixas para tráfego em cada sentido, sendo duas delas sobre o ribeirão Arrudas, coberto com 600 vigas pré-moldadas e lajes de concreto”. “Um completo tratamento paisagístico foi executado com o plantio de 680 árvores de grande porte, entre ipês, magnólias, pau-brasil e sibipirunas; além de 11 mil arbustos em canteiros”, enumera o texto da então administração estadual.
“Calçadas ganharam piso em pedra portuguesa, 150 bancos de concreto e madeira, 43 jardineiras e nove abrigos de ônibus foram instalados em todo percurso. Toda a rede elétrica externa foi substituída por rede subterrânea. O projeto de iluminação empregou 417 postes e 834 luminárias”, finaliza.
A inauguração da obra contou com a participação do então prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), além do hoje senador Antonio Anastasia (PSDB) e o então secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas, Fuad Noman, atualmente na equipe de Alexandre Kalil.