Presidente do Sindasp afirma que ataques do PCC a agentes começaram há dois anos

Agentes ameaçam com greve por segurança no trabalho

O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária (Sindasp), Adeilton Rocha, negou que o ataque de que foram vítimas dois agentes penitenciários na última terça-feira tenha sido resultado de uma represália do PCC a uma suposta proibição de que três presos ligados à facção fossem ao velório do pai. “Segundo os procedimentos operacionais padrão, nós jamais iríamos conduzir um membro de facção para um velório. Piorou se fosse três, como foi por aí veiculado. Na nossa visão, é um ato de subversão da ordem. Querem mandar algum recado que é intimidar os agentes”.

Para Adeilton Rocha, o ataque aos guardas penitenciários não foi um fato isolado, mas apenas mais um dos ataques feitos pela organização a partir de julho de 2015, que foram informados ao Estado, sem que nenhuma providência, segundo ele, tenha sido tomada. “Depois de julho, ocorreu outro ataque, em agosto de 2015; um em agosto de 2016; além de várias tentativas no ano passado. Esse ano, houve um atentado contra um agente chegando na porta da casa dele que ainda não foi investigado. Houve tentativas e houve agentes executados”, afirmou o presidente do Sindasp.

Na última terça-feira (31), o Secretário de Estado de Administração Prisional (Seap), desembargador Francisco Kupidlowski, afirmou que as unidades prisionais de Minas Gerais foram alertadas sobre o risco de ataques de organizações criminosas.

O pronunciamento veio após a tentativa de homicídio praticada naquele dia contra os dois agentes penitenciários. Segundo ele, o PCC pode estar por trás desse ataque. Quatro dias antes, o Estado havia emitido um alerta às unidades prisionais sobre ameaças feitas pelo PCC. “Já tínhamos tomado as providências dentro das unidades. Isso (o memorando) não foi direcionado a uma unidade prisional específica, foi genérico. Teria sido um ‘salve’ do PCC para as unidades prisionais. Nós tomamos as providências junto às unidades. Deixamos um alerta para eles não irem fardados, para que, quando chegassem na porta da unidade ou saíssem de casa, tomassem cuidado”, esclareceu Francisco.

Relembre o caso

O ataque em Contagem ocorreu por volta das 6h40, próximo à Nelson Hungria. Natan Gomes da Silva, 41, e Welber Vasconcelos Xavier, 40, foram abordados por dois ocupantes de uma caminhonete para pedir informações. Ouve, então, disparos contra os agentes. Natan foi atingido duas vezes e Welber foi baleado onze vezes. Um adolescente de 13 anos, que seria filho de um ex-agente penitenciário e aguardava um ônibus, também foi atingido.

O agente atingido por onze disparos na porta da Nelson Hungria, passou por uma cirurgia, mas, segundo informações da Sindasp, não corre risco de morrer. “Fui visitá-lo no hospital e ele tinha 8 projéteis na perna, um projetil próximo ao pescoço (devido ao tiro que tomou no maxilar), outro atingiu o estômago e ele teve que fazer cirurgia no reto; por fim, o último pegou no pé”, conta Adeilton Rocha. Já o outro agente segue internado e seu estado de saúde é estável. A adolescente de 13 anos foi medicada e já teve alta do hospital.

Em janeiro de 2015, rebelião no Complexo de Curado foi o estopim para que fatos semelhantes ocorressem em vários outros presídios do país (Allan Torres/TV Clube)

Protestos por melhores condições

Em um ato de repúdio ao atual cenário do sistema prisional, os agentes que trabalham na Nelson Hungria paralisaram os trabalhos no dia de ontem, em protesto por melhorias nas condições de trabalho e por mais segurança à categoria.

Adeilton denuncia que são quase 73 mil presos e 6 mil agentes penitenciários e diz que “se o Governo do Estado não assumir para si a responsabilidade de administrar o sistema penitenciário e tentar acordar com o Judiciário a realização dos concursos necessários, até janeiro do ano que vem serão 6 mil agentes penitenciários na rua. Será impossível nós tomarmos conta do sistema prisional”, afirma Adeilton.

O presidente compara a situação atual de Minas com grandes casos de rebelião e chacinas ocorridas recentemente, como as do Complexo Prisional de Curado em Pernambuco, além dos casos de Roraima, Rio Grande do Norte e Amazonas. “O que nós estamos assustados é com a inércia do governador e a incompetência do Secretário de Administração Prisional para gerir essa crise nesse momento. E ainda vai pra imprensa e diz que está tudo ok”. Ele confirma, ainda, que há possibilidade de greve na categoria.

Eliza Dinah

Jornalista e redatora do portal Bhaz

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