Backer: Tanques de produção são periciados e cervejaria apresenta resistência à investigação

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Caso Backer: 11 vítimas foram intoxicadas, confirma Polícia Civil (Amanda Dias/BHAZ)

A Polícia Civil e integrantes do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) foram até a fábrica da Backer, no bairro Olhos D’Água, em BH, nesta quinta-feira (27), para realizar análises nos tanques de produção da cervejaria. Objetivo da perícia é descobrir se há ou não vazamentos nos equipamentos da empresa. A Backer chegou a impedir os trabalhos de investigação, mas a apuração prosseguiu após um acordo entre as partes.

Caso seja constatado o vazamento, uma terceira etapa de investigação será realizada e poderá durar até 15 dias. “Estamos esvaziando o tanque 10 e colocando o material que lá estava em um outro tanque que vai servir de balizamento para a perícia”, explicou o delegado Flávio Grossi.

Em um primeiro momento, a Backer chegou a impedir que a investigação tivesse acesso à fábrica e emitiu uma nota à imprensa (confira abaixo) dizendo que a inspeção não havia sido realizada. “A inspeção não pode ser realizada, uma vez que o MAPA não disponibilizou o resultado dos laudos quantitativos do agente químico causador da contaminação. Assim, faz-se importante a preservação das provas até a conclusão da análise”, disse

No entanto, mais tarde, a empresa voltou atrás e disse (veja nota na íntegra abaixo) que, após um consenso, a perícia recolheu amostras em dois tanques da empresa, mas que testes de vazamentos não seriam realizados no momento.

“Após uma reunião na fábrica da Backer entre Polícia Civil, Mapa e representantes da cervejaria, ficou definido que não serão realizados testes de estanqueidade no momento, devido à ausência de laudos quantitativos a respeito da concentração do dietilenoglicol”, diz a empresa.

Em nota (veja abaixo), a Polícia Civil disse que os trabalhos ocorrem normalmente e devem ser retomados na manhã desta sexta-feira (28).

As investigações chegam a 54 dias. Mais de 60 pessoas já prestaram depoimentos, entre vítimas, familiares e outras testemunhas. Várias perícias já foram realizadas, tanto na empresa, quanto nas amostras de cervejas fornecidas pelos familiares de pacientes internados. Os laudos estão em fase final de elaboração. Os trabalhos desta quinta são acompanhados por um representante da empresa que fabrica os tanques utilizados na produção da cerveja.

Confirmações

A Polícia Civil confirmou nesta quinta que, das seis mortes suspeitas de intoxicação causada pela substância dietilenoglicol, quatro foram causadas pela síndrome nefroneural associada ao consumo de cervejas da Backer. Os outros dois casos ainda não passaram por exames de confirmação, pois dependem de autorização judicial para que os corpos sejam exumados. Apesar disso, as vítimas também são tratados como suspeitas de intoxicação.

A afirmação sobre os quatro casos só foi possível devido a resultados de exames de necropsia, que confirmaram lesões no organismo das quatro vítimas que confirmam a condição causada pela substância tóxica.

No entanto, ainda segundo a corporação, exames apontaram a presença do dietileno no sangue de apenas uma das vítimas. Trata-se de Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, primeira vítima a ser confirmada.

Portanto, exames devem apontar a presença da substância tóxica no sangue das vítimas, nos próximos dias. Desta forma, essas outras três pessoas, além de Paschoal, também serão contabilizadas como vítimas da cervejaria e não mais como suspeitas. Até o momento, a Polícia Civil apura o número de seis mortes e mais de 30 casos suspeitos de intoxicação.

Notas da Backer

Primeira nota

“A Cervejaria Backer comunica que o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a Polícia Civil estiveram hoje, nas dependências da fábrica, para inspeção dos tanques onde foram detectados vestígios de dietilenoglicol (tanques 10 e 17). No entanto, a inspeção não pode ser realizada, uma vez que o MAPA não disponibilizou o resultado dos laudos quantitativos do agente químico causador da contaminação. Assim, faz-se importante a preservação das provas até a conclusão da análise. Além disso, a ausência do laudo também impede que a destinação do resíduo seja feita dentro dos padrões exigidos pela empresa responsável. A Backer reafirma seu interesse em elucidar os fatos o mais breve possível e sua disponibilidade em colaborar com os trâmites necessários. A empresa manterá a sociedade informada a respeito”.

Segunda nota

“Após uma reunião na fábrica da Backer entre Polícia Civil, MAPA e representantes da cervejaria, ficou definido que não serão realizados testes de estanqueidade no momento, devido à ausência de laudos quantitativos a respeito da concentração do dietilenoglicol. No entanto, foram coletadas amostras dos tanques 10 e 17, para a realização de novos testes. O material foi transferido de um tanque para outro, com o objetivo de preservá-lo”.

Nota da PCMG

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que os trabalhos estão acontecendo normalmente. Inclusive, peritos e investigadores continuam na empresa executando a primeira fase desta perícia. A segunda etapa está prevista para iniciar amanhã, pela manhã. A partir das análises ocorridas da segunda etapa é que será possível definir sobre a realização ou não da terceira fase”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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