Todos os três casos confirmados de varíola dos macacos em Minas Gerais foram registrados em Belo Horizonte. A suspeita do terceiro caso foi notificada ao governo estadual pelo município na última terça-feira (28), e um exame laboratorial feito no sábado (2) confirmou a doença.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), já foram notificados no sistema 21 casos suspeitos de varíola dos macacos no estado, dos quais 10 foram descartados laboratorialmente. Atualmente, há 8 casos em investigação, além dos 3 confirmados.
Os casos
O primeiro caso da doença em BH teve o exame liberado na última quarta-feira (29) pelo Ministério da Saúde, e foi confirmado laboratorialmente pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). O paciente é um homem de 33 anos, que esteve na Europa entre 11 e 26 de junho.
A investigação da SES-MG confirmou que se trata de caso importado, e o paciente está estável, em isolamento domiciliar. A pasta ainda informa que aqueles que entraram em contato com ele estão sendo monitorados e, até o momento, não houve identificação de caso secundário.
O segundo caso, também de um morador de Belo Horizonte, foi confirmado por exame laboratorial em também nesse sábado (2). É um homem de 30 anos, que viajou para São Paulo. “O paciente está estável, sem sinais de gravidade, em isolamento hospitalar. A internação não foi devido a sinais de gravidade e sim por dificuldades sociais para o isolamento domiciliar”, explica a SES.
O terceiro caso, confirmado no sábado, também é um homem, de 23 anos de idade. Ele viajou para São Paulo no dia 17 de junho, e os sintomas começaram no próprio sábado. Ele está clinicamente estável e em isolamento domiciliar.
Mais detalhes
Ainda segundo a SES, dentre aqueles que fizeram contato próximo com os pacientes, ainda não há nenhum caso sintomático. A fonte provável de contaminação dos três casos foi por via sexual.
Confira abaixo as informações divulgadas pela pasta a respeito dos casos descartados, em investigação e confirmados de varíola dos macacos em Minas Gerais:
Situação dos casos | Município de notificação | Município de residência |
Casos descartados | Ituiutaba (2) | Ituiutaba (2) |
Belo Horizonte (5) | Belo Horizonte (2) Ribeirão das Neves (1) (*) | |
Ouro Preto (1) | Ouro Preto (1) | |
Uberlândia (1) | Uberlândia (1) | |
Juiz de Fora (1) | Juiz de Fora (1) | |
Casos em investigação | Varginha (1) | Varginha (1) |
Pará de Minas (1) | Pará de Minas (1) | |
Belo Horizonte (3) | Belo Horizonte (3) | |
Sete Lagoas (2) | Sete Lagoas (2) | |
Betim (1) | Contagem (1) | |
Casos confirmados | Belo Horizonte (3) | Belo Horizonte (3) |
Protocolo emergencial
A Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) divulgou, no início de junho, um protocolo emergencial com dados informativos sobre a varíola dos macacos. O documento fornece orientações aos profissionais de saúde acerca dos principais sintomas, além de prevenção da doença (acesse aqui).
A transmissão do vírus ocorre principalmente por meio de gotículas – partículas respiratórias que exigem contato pessoal prolongado – ou por contato com lesões na pele. Uma pessoa também pode contrair a doença caso entre em contato com fluidos corporais de alguém infectado, ou ainda objetos recentemente contaminados pelos fluidos.
O período de incubação gira entre seis e 13 dias, mas pode variar de cinco a 21. Em relação à persistência do vírus em superfícies, há poucas evidências. Existem suspeitas de que a transmissão sexual possa ser outra via, mas a Fhemig destaca que não existem fatos que comprovem isso.
Principais sintomas
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados (íngua), calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora até formarem uma crosta, que depois cai.
Vale dizer que pessoas com comorbidades, como imunossupressão, estão sujeitas a quadros mais graves da doença. As lesões na pele podem gerar dores, ulceração e infecção bacteriana secundária, segundo o texto. Outras complicações podem incluir broncopneumonia, ceratite e ulceração da córnea, sepse, encefalite e até mesmo a morte.
Tratamento
Conforme o documento, não existem tratamentos específicos para a infecção pelo vírus. Os sintomas desaparecem naturalmente, mas a doença pode exigir cuidados clínicos sintomáticos ou de suporte para prevenir ou controlar complicações.
A Fhemig define como caso suspeito a “pessoa de qualquer idade, em país não endêmico para varíola dos macacos, que apresente erupção cutânea aguda inexplicável e que apresente um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas, desde 15 de março de 2022: dor nas costas, astenia, cefaleia, início súbito de febre (>38,5 ºC), linfadenopatia”, entre outros.
O período de isolamento se inicia com o aparecimento dos sintomas e se estende até
quando as crostas das lesões desaparecem. A orientação é cuidar da erupção deixando-a secar e cobrindo-a com um curativo úmido. Além disso, é importante evitar tocar em feridas, na boca ou nos olhos.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu uma nota, no mês passado, reforçando a importância das medidas “não farmacológicas” como forma de combater a nova varíola de macaco. Por causa do aumento de casos, a agência reforçou a importância de medidas como distanciamento físico, uso de máscaras de proteção e higienização frequente das mãos, em aeroportos e aeronaves.