Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, decidiu usar o papel de influência que exerce para alertar os fiéis sobre a condução da pandemia de Covid-19 no Brasil. Em uma série de publicações nas redes sociais, o bispo, que também integra uma das comissões da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), criticou a atuação de Jair Bolsonaro (sem partido) à frente da crise de saúde e pediu, em oração, o impeachment do presidente.
“Que o impeachment seja decretado para que a vacinação corra mais veloz que o vírus. Que o novo governo não deixe ninguém sem auxílio. Que o luto pelas vítimas da Covid 19 se transforme em luta contra esse sistema genocida capitalista”, disse dom Vicente nesse fim de semana. Em outra publicação, ele divulgou uma live que faria em parceria com outros líderes evangélicos e católicos para falar sobre o governo durante a pandemia e defendeu a decisão. “O máximo que eu fizer ainda será pouco diante de tanto sofrimento causado por um perverso”, afirmou.
Oração pelo fim da Pandemia:
— Dom Vicente Ferreira (@DomVicenteF) March 20, 2021
– Que o impeachment seja decretado para que a vacinaçao corra mais veloz que o vírus.
– Que o novo governo não deixe ninguém sem auxílio.
– Que o luto pelas vítimas da Covid 19 se transforme em luta contra esse sistema genocida capitalista.
Em um terceiro post, o bispo auxiliar comentou sobre como deve ser a postura dos cidadãos frente à situação caótica do país. “Estamos em guerra. Cada dia ficamos mais vulneráveis. É triste demais ver tanta gente adoecendo ou morrendo. Mas ainda somos sobreviventes”, disse dom Vicente, que ainda complementou: “Temos obrigação ética de lutar pela civilização. Barbárie é meta de nosso desgoverno”.
Na mesma publicação, dom Vicente ainda comentou uma fala do presidente a respeito dos 60 pedidos de impeachment que já coleciona na Câmara dos Deputados. Em live realizada no início da última semana (veja detalhes aqui), Bolsonaro citou as reivindicações e rebateu: “Só Deus me tira daqui”. O bispo relembrou essa fala e aproveitou para fazer um pedido: “Senhor, não tardes”.
Estamos em guerra. Cada dia ficamos mais vulneráveis. É triste demais ver tanta gente adoecendo ou morrendo. Mas ainda somos sobreviventes. Temos obrigação ética de lutar pela civilização. Barbárie é meta de nosso desgoverno. P.S. Só Deus me tira daqui. – Senhor, não tardes.
— Dom Vicente Ferreira (@DomVicenteF) March 22, 2021
‘Reféns do genocida’
Essa não é a primeira vez que a Igreja Católica se manifesta publicamente contra a condução de Jair Bolsonaro. O próprio dom Vicente já havia usado as redes sociais para se posicionar contra o governo e alertar os fiéis sobre a dura realidade que assola o país várias outras vezes. Há menos de uma semana, ele lamentou os recordes sucessivos de mortes no Brasil, pediu orações pelas vítimas, anunciou a entrega de um documento feito pela CNBB e outras cinco instituições para governadores brasileiros e reforçou o alerta: “Temos que encontrar uma forma de derrotar esse vírus e seu maior aliado: Bolsonaro”.
Seis instituições, incluindo a CNBB, que assinam o “Pacto pela vida e pelo Brasil”, entregaram aos governadores documento importante “o povo não pode pagar com a vida”. Esperança! Temos que encontrar uma forma de derrotar esse vírus e seu maior aliado: Bolsonaro.
— Dom Vicente Ferreira (@DomVicenteF) March 16, 2021
Já no início dessa semana, a igeja publicou uma carta à humanidade denunciado a postura do governo federal no combate à pandemia. Assinado pelo reitor da PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), dom Joaquim Giovanni Mol – que também é bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e presidente de uma das comissões da CNBB -, o documento alerta para a influência do presidente no cenário de guerra que se instalou no país.
“Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista”, diz a abertura do texto, que reivindicou atitudes do Supremo Tribunal Federal, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), do Congresso Nacional, da CNBB e do Tribunal Penal Internacional (leia aqui).