Uma confusão envolvendo um entregador de aplicativo, sua esposa e dois clientes mobilizou a Polícia Militar no bairro Gutierrez, região Oeste de Belo Horizonte, na noite dessa quarta-feira (26). A ocorrência foi registrada como vias de fato e agressão.
José Antônio Monteiro Júnior, de 46 anos, buscou o pedido de um cliente da plataforma iFood no Shopping Cidade, com destino ao bairro Gutierrez. Ele estava acompanhado da esposa, Eliene Dias de Araújo Monteiro, 43.
Segundo José, o restaurante demorou a entregar a comida para que eles, enfim, levassem o pedido ao cliente: “Você não demora cinco minutos pra atravessar o Shopping Cidade para o Gutierrez, só que não é a gente correr, é o restaurante. E esse pedido demorou um pouquinho”, lembra.
Demora na entrega foi estopim
Ao BHAZ, o profissional conta que, assim que receberam o pedido, ele e a esposa dirigiram-se ao destino rapidamente. José recorda que “estava começando a querer chover” e os dois não tinham capas de chuva, mas mesmo assim tentaram ser ágeis.
Ao chegar no endereço, pai e filho, de 61 e 24 anos, respectivamente, teriam se irritado com a demora da entrega e, após uma discussão, começaram as agressões. José, que trabalha como entregador há 26 anos, afirma que nunca lhe ocorreu algo parecido. A companheira dele segue abalada.
A reação negativa dos clientes surgiu logo nos primeiros instantes de contato. “A minha esposa desceu e tocou o interfone. Nisso, o filho dele atendeu e já tratou ela mal. Ele já desceu com falta de educação, tomou o lanche dela e disse que não daria o código”, afirma.
Segundo explica, o entregador precisa confirmar o código para confirmar à plataforma que não ficou com o pedido. Sendo assim, ele sairia prejudicado caso o cliente realmente se recusasse a passar o código. Então, insistiu para que colaborassem.
Xingamentos e agressões
Vídeos gravados por vizinhos mostram o instante em que os clientes, o entregador e a mulher começam a discutir no meio da rua. Em um dos registros, o rapaz aparece desferindo um soco no rosto de José. Ele revidou diante das agressões.
“Ele não quis me passar de jeito nenhum. Aí, nisso, já veio o pai dele descendo porque viu que eu estava pedindo o código. O rapaz simulou que estava armado, então mandei minha esposa ir pra garupa e descer na rua”, recorda.
Nesse instante, segundo José, o casal começou a descer a rua de moto. Foi então que pai e filho os alcançaram e começaram a atirar pedras neles. “No que eu voltei pra pegar a minha esposa, eles foram e entraram na minha frente e derrubaram minha moto no chão. Aí foram dando socos, chutes. Eu levantei também e me defendi”, conta.
Os vizinhos se mobilizaram amplamente na intenção de conter a briga. Em alguns dos registros, testemunhas aparecem gritando e chegam a acusar pai e filho de racismo contra a esposa de José, que é uma mulher negra.
O entregador conta ao BHAZ que a mulher ficou com um hematoma no peito e um dedo doendo, além de estar com o emocional abalado. “Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer aqui em BH e comigo, né?”, lamenta.
No registro policial também consta que José teria agredido o cliente com socos pedradas e com o próprio capacete da moto. Aos policiais ele alegou que teria cometido as agressões depois que o filho do cliente tentou partir para cima dele.
Tanto os clientes, quanto o entregador e a esposa dispensaram atendimento médico e não quiseram ir para a delegacia. Durante a confusão, a moto de José também foi danificada após ser jogada no chão pelo cliente de 61 anos. Ele alega, ainda, ter sido chamado de “entregadorzinho de merda” pelos dois.
Por meio de nota ao BHAZ, a Polícia Civil informou que “trata-se de crime que depende de representação criminal, conforme previsão legal, para a instauração de inquérito policial e orienta que os envolvidos compareçam à 2ª Delegacia de Polícia Civil Sul para propor a representação”.
Cliente é banido do Ifood
Também em contato com a reportagem, o Ifood informou que o cliente foi banido de forma definitiva da plataforma. Em nota, a empresa disse que entrou em contato com o entregador José Antônio Monteiro Junior para oferecer o suporte necessário para este momento que ele está passando.
“É importante esclarecer que o entregador atua diretamente com o restaurante que utiliza a plataforma do iFood como marketplace para venda de seus produtos e utiliza uma rede própria de entregadores para realizar o delivery”, disse.
A reportagem contatou os clientes que se envolveram na briga com o entregador e aguarda retorno. O espaço segue aberto caso eles queiram se manifestar.
Nota do Ifood
O iFood repudia de forma veemente quaisquer atos de agressão física, ofensas ou manifestações de preconceito, assédio, bullying e incitação à violência a entregadores e entregadoras. E, por isso, o cliente em questão foi banido definitivamente da plataforma.
O iFood entrou em contato com o entregador José Antonio Monteiro Junior para oferecer o suporte necessário para este momento que ele está passando. É importante esclarecer que o entregador atua diretamente com o restaurante que utiliza a plataforma do iFood como marketplace para venda de seus produtos e utiliza uma rede própria de entregadores para realizar o delivery.
Ressaltamos ainda que todos os clientes que tiverem esse tipo de atitude com entregadores serão automaticamente excluídos da plataforma, mesmo que ela ocorra fora do ambiente do iFood. A empresa não tolera esse tipo de comportamento.
