Brumadinho reivindica pagamento de funcionários da Vale mesmo sem trabalhar: ‘Cidade praticamente acabada’

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais/Divulgação

O prefeito de Brumadinho, Avimar Barcelos (PV), revelou nesta sexta-feira (1º) que pressiona a Vale a pagar os funcionários lotados na cidade mesmo sem trabalhar, já que a mineradora anunciou paralisação das atividades até que as minas sejam extintas. “Eu, como prefeito, nem sei o que fazer se ela [Vale] parar de pagar os impostos”, afirmou o gestor municipal.

A fala de Barcelos diz respeito a um compromisso assumido pela Vale de pagar R$ 80 milhões em dois anos ao município mesmo com a suspensão dos trabalhos em Brumadinho. “A Vale vai manter o pagamento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) ao município de Brumadinho. A compensação será de R$80 milhões em dois anos”, disse, por nota, a mineradora.

Além disso, o prefeito reivindica que todos os funcionários da cidade continuem recebendo salário mesmo em casa, sem trabalhar. “Com isso não vai atingir nosso comércio. A Vale é a segunda empregadora de Brumadinho, logo depois da prefeitura. Se a Vale parar e parar de pagar os funcionários, nosso comércio vai falir também”, afirmou. “Não temos condição de dar continuidade na cidade. Eu, como prefeito, nem sei o que fazer se ela parar de pagar os impostos”.

Barcelos afirmou que a resposta da mineradora será dada no máximo até a próxima quarta-feira. “[A Vale] Tem que recuperar o meio ambiente, foi tudo estourado, a minha cidade hoje está praticamente acabada. temos que recuperar tudo, voltar a cidade como era. aquele Brumadinho amado por todos”, cobrou, novamente, a mineradora.

Procurada pelo BHAZ, a Vale não se manifestou sobre o assunto.

Novo repasse

Após anunciar um repasse de R$ 100 mil para todas as famílias de vítimas do rompimento da barragem, a Vale garantiu repassar R$ 50 mil para quem morava próximo ao local do crime ambiental. “Aqueles que moravam ou tinham suas atividades rurais ou comerciais na Zona de Autossalvamento (ZAS) do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) receberão um apoio financeiro humanitário”, afirma a empresa, por nota (leia na íntegra abaixo), sem detalhar como são definidas essas zonas.

“Serão criadas duas categorias de apoio financeiro: uma para todas as famílias que residiam na ZAS, que receberão a doação no valor de R$ 50 mil; e outra para os que não têm residência na região da ZAS, mas desenvolviam atividades rurais ou comerciais cadastradas pela companhia quando da elaboração do PAEBM. No segundo caso, a doação será de R$15 mil”, explica, se comprometendo a anunciar detalhes sobre como as famílias dos atingidos deve proceder na próxima semana.

O prefeito de Brumadinho, no entanto, diverge sobre o posicionamento da Vale. “Não tem zona de abrangência, não, não tem nada a ver. Não tem nada a ver com vítima. Qualquer pessoa que teve uma rachadura em sua casa, uma varanda, foi notificada pela Defesa Civil para sair, qualquer um vai receber os R$ 50 mil”, disse Barcelos, dizendo que foi um compromisso da multinacional firmado com a administração municipal.

“Se a família perdeu uma casa, vai pro hotel até segundo ordem e vai receber R$ 50 mil, esse é o compromisso da Vale com a prefeitura”, complementa. Vale ressaltar que esses repasses não são considerados como indenização e nem serão descontados com a compensação financeira for definida pela Justiça.

Nota da Vale na íntegra:

“A Vale vai ampliar o apoio financeiro humanitário para os atingidos pelo rompimento da barragem I, Brumadinho. Além da doação de R$ 100 mil para as famílias de vítimas fatais e desaparecidos, aqueles que moravam ou tinham suas atividades rurais ou comerciais na Zona de Autossalvamento (ZAS) do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) receberão um apoio financeiro humanitário.

Serão criadas duas categorias de apoio financeiro: uma para todas as famílias que residiam na ZAS, que receberão a doação no valor de R$ 50 mil; e outra para os que não têm residência na região da ZAS, mas desenvolviam atividades rurais ou comerciais cadastradas pela companhia quando da elaboração do PAEBM. No segundo caso, a doação será de R$15 mil.

Os procedimentos para recebimento do apoio financeiro humanitário serão divulgados na próxima semana.

Importante destacar que esse apoio financeiro humanitário é uma doação, sendo uma forma de minimizar possíveis incertezas dos atingidos. Não se trata de indenização, que será acordada entre as partes em conjunto com as autoridades.

Além desta ação, a Vale está realizando diversas ações humanitárias. Desde o rompimento da barragem, a empresa se mobilizou para prestar assistência e acolhimento à população e aos familiares dos atingidos, com médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e voluntários, totalizando mais de 300 pessoas.

A Vale disponibilizou postos para atendimento, além de três telefones para contato e esclarecimento de dúvidas: 0800 031 0831 (Alô Brumadinho), 0800 285 7000 (Alô Ferrovias) e 0800 821 5000 (Ouvidoria da Vale).

Todas as informações estão sendo atualizadas em vale.com/brumadinho

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