Caso Backer: Em depoimento à Justiça, vítimas relatam ainda conviver com sequelas da intoxicação

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Até quinta-feira (26), o júri deve ouvir 28 testemunhas de acusação (Amanda Dias/BHAZ)

O 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte se reuniu na tarde de hoje (23) no Fórum Lafayette, na região Centro-Sul de BH, para ouvir duas testemunhas e quatro vítimas de intoxicação pelas cervejas da Backer. O julgamento começa mais de dois anos após 10 pessoas perderem a vida em decorrência da ingestão da bebida contaminada. Até quinta-feira (26) serão ouvidas 28 testemunhas de acusação.

O julgamento busca apurar a conduta de dez pessoas apontadas como responsáveis pela contaminação da cerveja pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais). A data para o depoimento dos réus ainda será definida.

Ao júri, um dos sobreviventes confirmou ainda ter problemas de saúde em decorrência da intoxicação. Com dificuldades na fala, as perguntas foram feitas de forma que ele respondesse “Sim” ou “Não”. Outra vítima contou no tribunal ter ficado três meses no CTI (Centro de Terapia Intensiva) após consumir a cerveja Belorizontina.

Atualmente, ela ainda faz uso de muletas e ainda em processo de recuperação, fazendo hemodiálise quatro vezes por semana. Um terceiro sobrevivente recebeu o transplante da esposa, mas ainda se encontra de licença médica por apresentar restrições de movimento na face.

Técnicos prestam depoimento

Duas testemunhas do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) também prestaram depoimento nesta segunda-feira (23). Uma delas alega que técnicos da pasta constataram uma substância estranha no processo de produção da cerveja.

Além disso, resultados preliminares comprovaram a contaminação dentro da fábrica por etilenoglicol. Laudos da compra dessa substância também foram encontrados e a testemunha alega que o uso não era proibido dentro da empresa.

Investigações do Ministério da Agricultura concluíram que a contaminação ocorria dentro da cervejaria, em lotes de bebida que não tinham nenhuma relação entre si. Uma segunda testemunha alegou que o resfriamento atípico das bebidas também chamou a atenção dos técnicos durante a vistoria.

Segundo inquérito da Polícia Civil, 29 pessoas foram intoxicadas e acabaram desenvolvendo uma síndrome que causa insuficiência renal aguda por conta do dietilenoglicol. Dez das vítimas morreram. A corporação indiciou 11 pessoas por diversos crimes, como lesão corporal, contaminação e homicídio culposo.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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