Policiais militares prenderam uma mulher de 32 anos, nessa sexta-feira (28), no Aeroporto Internacional de Confins, na Grande BH, depois de uma confusão que começou com um caso de injúria racial. A suspeita teria chamado a funcionária de um restaurante no local de “macaca bunduda” e, na sequência, agrediu os agentes de segurança com mordidas e cabeçadas.
De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher conversava com a trabalhadora quando, diante de um desentendimento, a chamou de “piranha”. A funcionária pediu para que ela parasse e foi então que a suspeita disparou o xingamento preconceituoso.
A vítima, de 28 anos, foi até um posto policial e informou o que estava ocorrendo. Ela foi seguida pela mulher que a ofendeu e, segundo o registro da PM, passou a ficar mais alterada e começou a ofender os militares.
A mulher disse que era filha de policial e ameaçou os agentes dizendo que tiraria “sangue” deles. Ela recebeu voz de prisão por desacato e tentou correr, mas foi capturada. Foi então que mordeu e agrediu os policiais.
Mesmo acompanhada dos três filhos pequenos, a mulher precisou ser imobilizada e terminou algemada. O Conselho Tutelar foi chamado ao local e as crianças encaminhadas a um responsável. A mãe deles, por sua vez, foi levada para a Delegacia de Polícia Civil de Vespasiano.
Racismo x Injúria racial
A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível.
Serviço
Em Belo Horizonte, a Decrin (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas) registra crimes com recorte ou natureza racial. A delegacia fica na avenida Barbacena, número 288, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul de BH.
Também contra racismo e violência policial, o Fórum das Juventudes da Grande BH receberá, até setembro, denuncias de jovens de 15 a 29 anos. Os relatos podem ser enviados pela plataforma online Baculejo, lançada pela organização, em parceria com a Assessoria Popular Maria Felipa, de prestação de serviços jurídicos.
Para sair do papel, o projeto recebeu apoio de recursos do Fundo Brasil, que busca viabilizar ações na área de direitos humanos. O plano do fórum é condensar, em um dossiê, as informações encaminhadas por meio da plataforma.
O documento final deve ser apresentado a autoridades governamentais e especialistas que possam contribuir para a contenção dos casos de abuso policial e racismo, crime frequentemente relacionado a esse tipo de delito. De acordo com o FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), 75,4% das pessoas mortas em intervenções policiais nos anos de 2017 e 2018 eram negras. Além disso, a entidade diz que 11% das mortes violentas intencionais reportadas em todo o Brasil no período foram cometidas pela polícia.