“Eu estou bem tranquilo, vi isso como uma brincadeira. Acho que se fossem outras pessoas, iriam levar para um outro lado. Comigo não tem tempo ruim, não!”. Bem-humorado e entre muitas risadas, Salvador Eustáquio, de 66 anos [muito bem vividos, segundo ele], conversou com o BHAZ após sua imagem viralizar no jogo entre Cruzeiro e América, nesse domingo (9).
O clássico válido pelo Campeonato Mineiro começou às 16h e teve a transmissão ao vivo da Globo Minas. Em diversos momentos, a televisão mostrou Salvador sempre com um sorriso estampado no rosto, exalando alegria. Porém, algumas pessoas começaram a fazer piadas maldosas por conta dos dentes do trabalhador.
Morador do bairro União, na região Nordeste de BH, seu Salvador é uma pessoa humilde e um torcedor apaixonado. “Eu já tinha tomado uma cervejinha, aí o América fez um gol. Fiquei pensando: ‘será que nós vamos perder pra esse time hoje?’. Aí quando o menino [Maurício] foi lá e empatou, foi muito bom”, explica Salvador, que trabalha como auxiliar de monitor, no Minas Tênis Clube, há 11 anos.
‘Levo tudo na brincadeira’
A repercussão trouxe fama instantânea para o cruzeirense. “Muita gente veio falar comigo, recebi várias solicitações de amizade no Facebook. Só que ainda não consegui responder todo mundo, porque a minha vida é meio corrida”, explica. Na parte da manhã, o cruzeirense cuida da mãe e arruma a casa. À tarde, ele vai para o trabalho de ônibus, retornando às 21h.
Sobre as brincadeiras maldosas, Salvador explica que não se importou. “Sou um cara que não me deixo levar por essas coisas. Sou muito zoeiro também, sabe? Levo tudo na brincadeira, comigo não tem nada ruim”.
Sorriso novo
Além disso, a partir de uma corrente de solidariedade iniciada pelo jornalista Marco Astoni, d’O Tempo, Salvador conseguirá seu implante dentário. “É do meu interesse [fazer o implante]. Já me ligaram para marcar uma consulta, na quinta-feira (13), para colocar fazer os exames para a prótese”.
O torcedor vai ao Mineirão desde 1965 torcer pela Raposa. “Vi Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes, Raul, aquela turma toda. Sempre que posso vou ao estádio, mas trabalho sábado e domingo também. Quando estou de folga, pode saber que vou estar lá”, relata.
Para encerrar, Salvador diz estar confiante na reconstrução do Cruzeiro. “É preciso uma inovação. O nosso time veio de um comando muito baixo-astral. Os caras meteram a mão no Cruzeiro. Mas agora estou gostando dessa garotada nova, tirou um bocado de mercenários que estavam lá. Vida nova agora!”, completa.