A funcionária que denunciou o vereador Jorge Santos (Republicanos) por assédio sexual dentro da Câmara de Belo Horizonte diz que o parlamentar tentou fazer um acordo extrajudicial para que o suposto crime não vazasse. “Tenho certeza que não sou a única vítima”, afirma Karlla Rodrigues. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A jovem, 21, explica que os supostos assédios começaram no final de maio deste ano. Ela enviou uma mensagem pedindo que ele a ajudasse com a poda de uma árvore ao lado de casa. A partir de então, o pastor começou a enviar mensagens tarde da noite.
“Através dessa mensagem, ele achou que seria uma abertura. Começou a entrar no meu Instagram, pegar minhas fotos de biquíni e me enviar, fazendo comentários nojentos”, recorda.
Convite para o motel
A jovem conta que Jorge Santos é do mesmo partido do pai dela e, por causa disso, a indicou para um emprego na Câmara. Ela é auxiliar de secretaria terceirizada de uma empresa que presta serviços ao local.
Em dada ocasião, o pastor disse que queria ter uma conversa relacionada a trabalho. O diálogo, no entanto, teria que ser fora da Câmara pois as paredes “têm ouvidos”, segundo ele.
“Nisso, me encaminhou o link do motel me convidando para ir. A resposta foi que eu não frequento esse tipo de local. Aí ele pediu que eu apagasse as mensagens, pediu que eu não deixasse meu pai ver”, narra.
Afastamento do trabalho
Karlla guardou as mensagens para si e, em julho deste ano, tomou coragem para conversar com sua psicóloga. A profissional orientou que ela revelasse os assédios aos pais, o que ela fez. No mesmo dia, a família a acompanhou até a Delegacia da Mulher para registrar um boletim de ocorrência.
A jovem apresentou um laudo psiquiátrico e precisou ser afastada temporariamente das atividades. Ela lembra que não estava apta a trabalhar, pois ficou com o psicológico muito abalado.
‘Tenho certeza que não sou a única’
“Depois disso, ele me mandou mensagem dizendo pra eu ‘deixar isso pra lá’, querendo marcar uma reunião com o meu advogado para fazer um acordo extrajudicial. Falou que era um ‘homem de Deus’ e que tava com a consciência tranquila'”, diz.
“Eu quero que ele pague para aprender a nunca mais fazer isso. Se eu ficasse calada, ele ia continuar fazendo. Tenho certeza que não sou a única. Espero que ele tome vergonha na cara, porque mulher não é objeto”, lamenta a vítima.
Vereador Jorge Santos na mira da PC
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga uma denúncia de assédio sexual contra o pastor e vereador de Belo Horizonte Jorge dos Santos (Republicanos).
A Polícia Civil informa que o vereador foi procurado para prestar esclarecimentos e, por meio de advogado, disse que usará o direito de ficar em silêncio.
Casado e pai de dois filhos, Jorge Santos foi reeleito em 2020 para o terceiro mandato, com 7.691 votos.
O BHAZ entrou em contato com o gabinete do pastor via e-mail, telefone e WhatsApp, mas não obteve resposta. Caso ele responda, esta matéria será atualizada prontamente.
