Dez anos depois: Quem são e como estão as protagonistas do maior viral de dança de BH

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Ao som do proibidão ‘Te arrebento’, da MC Letícia, as amigas Sabrina, Roxanne, Bárbara, Lanna, Poliana e Yara entraram para a história da internet (Reprodução/Redes sociais)

Seis então adolescentes se reuniam, há 10 anos, em uma casa do bairro Paraíso, na região Leste de Belo Horizonte, para ensaiar uma coreografia de funk. Três anos se passaram e as imagens feitas por elas se tornaram viral no Facebook, já que os passinhos se encaixam em praticamente qualquer música.

Ao som do proibidão “Te arrebento”, da MC Letícia, as amigas Sabrina, Roxanne, Bárbara, Lanna, Poliana e Yara entraram para a história da internet, embora ainda vivam em anonimato. O vídeo, que já foi compartilhado por milhares de perfis, foi relembrado hoje (8), pela página de humor BH É Meu País.

Durante a tarde, o BHAZ procurou as protagonistas do vídeo para saber o que fizeram após o sucesso da coreografia e descobriu que até hoje elas buscam por reconhecimento. A manicure Roxanne Guimarães, que aparece dançando com o pé enfaixado, disse que ainda não entende o porquê de um vídeo caseiro gravado ao lado das amigas ter caído nas graças da internet.

“A gente tava pegando a coreografia, tínhamos ensaiado só uma vez e decidimos gravar pra ver se estávamos errando alguma coisa, onde tinha que melhorar. Como ficou bom, decidimos postar, mas a gente não imaginava que iria viralizar, porque já tinham vários outros vídeos com produções mais ‘top’ que não viralizaram. Parece que o pessoal gosta do simples, dessa bagunça do dia a dia”, pondera ela.

A dança em segundo plano

Na época com idades entre 16 e 18 anos, as jovens eram integrantes da companhia de dança “Fissura”, uma das mais tradicionais da capital. O passar dos anos e o acúmulo de responsabilidades acabou afastando o grupo de amigas da dança.

Bárbara, por exemplo, atualmente é lutadora e mora na Tailândia, enquanto Yara, que também vive fora do país, trabalha como modelo. Na grande BH, Roxanne trabalha como maquiadora e manicure e Lanna atua como consultora de segurança eletrônica.

Poliana é a única que manteve o vínculo com a dança vivo: hoje em dia ela trabalha como dançarina de quadrilha profissional. Já a sexta integrante, Sabrina, teve um rompimento mais dramático com a sua paixão pelos palcos.

“Eu parei de dançar um pouquinho depois do vídeo e não continuei. Quis focar em outras áreas da minha vida, estudo, trabalho. Depois tive um problema de saúde, um AVC, e minha vida mudou bastante. Eu perdi o movimento na parte esquerda do corpo. Hoje em dia estou em reabilitação para voltar a dançar, é algo que eu gosto muito”, contou ela ao BHAZ.

Para todas, o sonho da dança ainda se mantém vivo, ainda que escondido em alguma gaveta da vida adulta. Basta que o vídeo seja revivido em alguma plataforma digital para que as memórias daquele curto período de suas vidas voltem à tona.

“A gente sempre falou que ia voltar, tentar de novo, mas a gente vai desanimando com a correria do dia a dia, uma trabalha, os vários compromissos fazem a gente empurrar isso com a barriga. Nosso sonho era voltar, era tão gostoso antigamente aquele encontro”, lembra Roxanne, com emoção na voz.

Busca por reconhecimento

Apesar de ter sido postado no canal da Cia Fissura em 2012, o vídeo de funk ganhou a atenção da internet apenas três anos depois, a partir de uma montagem publicada em uma página com milhares de seguidores no Facebook. Em poucos dias, a coreografia já havia ganhado dezenas de trilhas sonoras diferentes, desde o tema de Globo Rural, até a música de abertura do desenho Clube das Winx.

Começava, ali, uma busca sem fim por reconhecimento. “As pessoas que me conheciam começaram a me mandar no Instagram as páginas fazendo memes e nós ficamos loucas! De lá para cá, estamos sempre tentando contar a nossa história, mas nunca tivemos esse espaço”, lamenta Lanna, criadora da coreografia.

Ainda em 2015, a Cia Fissura foi convidada a participar do programa Legendários, da Record, mas as amigas já não faziam mais parte do grupo. No lugar delas, subiram ao palco outras seis bailarinas, dançando os passos criados pelas jovens. “O dono do grupo me disse que informou ao programa que iam, mas que não eram as mesmas meninas. Ficamos arrasadas quando vimos o programa, até chorei”, relembra ela.

Depois de saírem da companhia, as meninas criaram um grupo próprio, chamado “Donas do Ritmo”. O projeto, no entanto, durou apenas alguns meses. “Ficamos muito desestimuladas com tudo o que aconteceu e deixamos nas mãos de Deus”, lamenta Roxanne.

As jovens chegaram a montar um grupo próprio (Arquivo pessoal)

Planos futuros

Mesmo que a vida tenha as levado para caminhos distintos, é a paixão pela dança que as mantém unidas. Periodicamente, o vídeo acaba sendo relembrado, como aconteceu hoje. Quando esse fenômeno ocorre, todas ficam ensandecidas no grupo que mantém, até hoje, no WhatsApp.

As estrelas Anitta, Luísa Sonza e Ludmilla já publicaram o hit em suas plataformas, sem saber quem são as artistas por trás da obra. “Nos comentários todo mundo perguntando como a gente tá hoje em dia. A gente quer aquele reconhecimento, enquanto tiver 1% de chance a gente vai acreditar nisso”, diz Roxanne.

Apesar da distância e de todas as turbulências da vida adulta, as jovem ainda sonham com o retorno aos palcos. “Eu e as meninas temos vontade de fazer um projeto com música, dança. Muita gente não sabe que a gente é de Belo Horizonte, que o meme nasceu aqui e a gente tem muita vontade de continuar, só precisamos de uma oportunidade”, disse Lanna.

Anitta e outras artistas já compartilharam montagens com o vídeo (Reprodução/Instagram)
Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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