Entorno de casa de shows vira palco de briga generalizada no Santa Tereza: ‘Até quando?’

planeta gol briga
De acordo com moradores, a existência dos bares em Santa Tereza ameaça o sossego na região (Reprodução/@foraplanetagol/Instagram)

Uma casa de shows na rua Conselheiro Rocha, no bairro Santa Tereza, vem sendo palco de reclamações constantes de moradores na região Leste de Belo Horizonte. O entorno do Planeta Gol foi cenário de uma briga generalizada que assustou moradores no feriado dessa quinta-feira (21), quando duas mulheres começaram a discutir do lado de fora do estabelecimento. O dono da casa alega não ser responsável pelo que acontece na rua, ao passo que a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) afirma fazer vistorias frequentes no local.

Um vídeo gravado por testemunhas (assista abaixo) mostra o momento em que as duas mulheres começam a se desentender. Uma delas empurra a rival e, pouco depois, um homem de camiseta branca bate com um pedaço de pau na cabeça de outro rapaz que estava por perto. Elas gritam, em desespero, na tentativa de conter a violência. Após um tempo, a briga se dispersa e os barulhos cessam.

Reclamações constantes

Não é a primeira vez que um estabelecimento tira a paz nos arredores do bairro. Um morador, que preferiu não se identificar, conta ao BHAZ que o incômodo em relação aos bares e casas de shows apresenta uma tendência crescente nos últimos tempos. A música ao vivo em horários inadequados e as frequentes confusões entre os clientes são fatores que marcam o cotidiano do Santa Tereza.

“Qualquer um hoje em dia consegue um alvará para abrir um bar. E esses bares, que têm funcionado por aqui, usam música ao vivo, volumes completamente fora do que é permitido pela lei. Alguns viram a madrugada, então é comum você sair de manhã para comprar pão e ver pessoas embriagadas, ainda festejando”, narra.

Uma medida encontrada para solucionar o “caos” foi criar um grupo de moradores do bairro, que pede justiça às autoridades municipais. Na iniciativa, participa também a associação de moradores do Santa Tereza, que elabora questionamentos à prefeitura e aos demais órgãos com aporte para mudar a realidade noturna do bairro.

‘Santa Tereza está impossível’

O morador ouvido pela reportagem narra que vive na região desde 1989 e, de uns anos para cá, o tipo de briga presenciado ontem já se tornou corriqueiro. Ele pontua que os estabelecimentos ocupam espaços da calçada e até mesmo vagas de carro com mesas, além de montar palcos onde o caminho deveria estar livre para os transeuntes.

“Começa na quinta, mas a partir de sexta a principal praça do bairro tem um pedaço tomado por mesas e cadeiras. Com a pandemia, a prefeitura liberou um alvará específico com essa finalidade, para evitar o tumulto de várias pessoas no mesmo ambiente. Só que, agora, [a pandemia] já está minimizando e esses bares crescem cada vez mais”.

O morador diz ter consciência sobre a tradição da vida boêmia na região, coisa que já faz parte do cotidiano belo-horizontino há decadas. O problema mesmo é quando a existência desses bares se transforma em bagunça e começa a prejudicar quem ali vive. Ele destaca que o Santa Tereza tem um público “muito família”, formado inclusive por idosos que são perturbados pela música alta.

Alvará de funcionamento

Ao BHAZ, o dono do Planeta Gol, Eduardo Ferreira, alega que a casa funciona conforme a legislação. Ele conta que o estabelecimento esteve aberto das 14h às 22h no dia de ontem, mas não está ciente do que gerou a confusão. Havia 490 pessoas na casa, sendo que o alvará permite 1.045 no mesmo ambiente.

“Para conseguir o alvará de casa de shows, internalizamos tudo, incluindo o estacionamento. Não tem mais fila na porta, a música ao vivo toca lá dentro, a casa está toda legal. Estamos cumprindo todas as exigências da prefeitura. Acaba que o que acontece na rua não é responsabilidade da casa”, narra o empresário.

Eduardo relata que a nova empresa de segurança responsável pelo local é registrada na Polícia Federal. Para transferir o local de bar/restaurante ao título de casa de shows, o estabelecimento também adequou o tratamento acústico. O alvará foi emitido em dezembro de 2021.

‘ForaPlanetaGol’

Nas redes sociais, o desconforto do belo-horizontino é externalizado por meio de publicações no perfil Fora Planeta Gol. Ontem mesmo, quando a briga em frente à casa de shows foi compartilhada, moradores da região desferiram uma chuva de críticas à administração do local e à prefeitura da capital mineira.

“Já está um inferno aqui na rua……. brigas e mais brigas”, disse um usuário. “Até quando teremos isso, a hora que tiver uma vida ceifada o poder público toma uma medida o policiamento vem, por enquanto é aguentar o vandalismo, os pinos de cocaína pelo chão, os muros fedendo a xixi”, reclamou outra pessoa. Nos comentários, várias marcações solicitando o apoio de órgãos públicos e governantes.

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), a prefeitura de Belo Horizonte informa que tem feito vistorias no local para verificar o cumprimento da legislação. Segundo a administração municipal, o Planeta Gol tem alvará de funcionamento para casa de show e já foi multado por poluição sonora e, “se houver nova incidência poderá ser interditada a fonte poluidora”.

A prefeitura destaca que “a população pode registrar denúncias de irregularidades nos seguintes canais: App PBH ou telefone 156 para que seja feita vistoria no local e tomada as medidas necessárias, caso haja irregularidade”, finaliza o comunicado.

Nota da PBH

“A Prefeitura de Belo Horizonte informa que o estabelecimento Planeta Gol possui alvará de funcionamento para casa de show, já foi multado por poluição sonora e se houver nova incidência poderá ser interditada a fonte poluidora. 

A PBH informa ainda que, rotineiramente, tem feito vistorias no local para a verificação do cumprimento da legislação. Em relação a música ao vivo em bares, é permitido desde que o estabelecimento tenha no alvará de funcionamento a atividade de entretenimento.

Em regras gerais, a população pode registrar denúncias de irregularidades nos seguintes canais: App PBH ou telefone 156 para que seja feita vistoria no local e tomada as medidas necessárias, caso haja irregularidade.

Edição: Vitor Fernandes
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Asafe Alcântara[email protected]

Coordenador de mídias digitais e repórter, no BHAZ, desde setembro de 2021. Atualmente concilia como repórter na Record TV Minas.
Jornalista graduado pelo UNI-BH, com experiência em redações de veículos de comunicação, como RedeTV! BH, TV Band Minas, TV Alterosa, TV Anhanguera (afiliada Globo GO), TV Justiça e CNN Brasil.

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