Escola na Zona Sul de BH mantém luzes ligadas noite e dia, mesmo sem atividades

Escola Pandiá Calógeras luzes acesas
SEE alega que os funcionários são orientados a apagar as luzes durante o dia (Simone Elias/Arquivo pessoal)

Atividades presenciais em escolas estão paralisadas por conta da pandemia do novo coronavírus desde março. No entanto, as luzes da Escola Estadual Pandiá Calógeras, na região Centro-Sul de BH, continuam acesas dia e noite. A prática tem revoltado vizinhos da instituição, principalmente por considerarem um desperdício de energia elétrica e dinheiro público. A SEE (Secretaria de Estado de Educação) afirma que a escola possui sistema de energia sustentável e que as luzes ficam ligadas por segurança (veja abaixo).

Analista de qualidade e comunicação, Simone Elias vive na região e já notou as luzes da escola funcionando mesmo sem a presença de alunos ou funcionários. “As luzes do pátio e dos corredores ficam acesas direto. Já vi também uma sala ficar acesa uma semana direto sem ninguém”, relata.

Ao BHAZ, a moradora conta ter feito contato com a escola para pedir que as luzes fossem apagadas, mas foi informada de que elas permanecem acesas por questão de segurança. A analista ainda chegou a procurar o Tribunal de Contas da União para resolver a situação, mas a prática se manteve.

Soluções mais sustentáveis

A SEE explica que as luzes da escola devem permanecer acesas durante a noite para captação de imagens por parte das câmeras de vigilância. Já as ocasiões em que as lâmpadas estavam ligadas durante o dia seriam exceções, segundo a secretaria.

Ainda assim, o engenheiro eletrônico e de telecomunicações Fábio Gonçalves Jota garante que é possível atender à demanda da segurança com soluções mais sustentáveis.

Luzes acesas Pandiá Calógeras
Sensor que apaga luzes durante o dia é ‘baratíssimo’, segundo especialista
(Simone Elias/Arquivo Pessoal)

Segundo o professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG, sistemas mais modernos de alarme e vigilância já contribuem com menor gasto energético. “A SEE poderia fazer um projeto geral, com uma licitação para montar sistemas de segurança para as escolas. Existem muitas soluções que são relativamente baratas, mas é preciso ter uma postura ativa para buscar essas soluções”, afirma.

“Já durante o dia, o correto seria não deixar as luzes ligadas. É um sensor que custa entre 20 e 30 reais e desliga automaticamente as luzes durante o dia”, exemplifica.

Ser eficiente com gasto público é lei

Fábio Gonçalves, que após se aposentar como professor de engenharia fez uma graduação em direito, explica que ser eficiente com os gastos públicos não é uma opção, de acordo com a lei. “Existe o princípio constitucional da eficiência. Esse principio determina que a gestão publica tem que fazer o que ela tem fazer com a maior eficiência possível, preservando os recursos públicos”, detalha.

Escola Estadual Pandiá Calógeras
Escola tem medidas para energia sustentável, mas ainda está em desacordo
(Simone Elias/Arquivo Pessoal)

Segundo o especialista, a decisão de tomar as medidas para garantir a segurança da escola não é condenável, mas está em desacordo com o princípio da eficiência. “A gente tem que fazer o máximo possível para que o patrimônio público seja protegido, mas a forma que eles escolheram não é a mais adequada, não é a mais eficiente com certeza”, declara.

Fábio ainda acrescenta que a cobrança não deve ser direcionada somente para a diretoria da escola, por exemplo, mas que essa é uma questão para toda a administração pública. “O que me preocupa é exatamente isso, essa falta de preparo do gestor público. Em todos os lugares, nós cidadãos brasileiros temos que ter consciência disso, temos que cobrar do gestor público. A gente paga imposto alto, mas não é bem usado, porque está violando esse princípio da eficiência”, conclui.

Modelo de sustentabilidade

Ainda assim, a SEE reforça que em outros aspectos, o princípio da eficiência já está sendo aplicado com êxito. “A Escola Estadual Pandiá Calógeras é uma das unidades de ensino do estado que produz energia sustentável a partir de uma usina fotovoltaica instalada pela Cemig no interior da unidade, o que proporciona economia de energia consumida pela escola”, declara, por meio de nota (leia na íntegra abaixo).

“Na comparação entre julho de 2018 e julho de 2019, por exemplo, observamos uma redução de 35% do consumo e, na comparação do mesmo mês de 2020, a redução foi ainda mais significativa, apresentando uma queda de 65% em relação ao ano anterior. Vale destacar ainda que a escola conta com lâmpadas de led, que também apresentam menor consumo energético”, acrescenta.

Nota da SEE na íntegra

“A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) reitera que a Escola Estadual Pandiá Calógeras é uma das unidades de ensino do estado que produz energia sustentável a partir de uma usina fotovoltaica instalada pela Cemig no interior da unidade, o que proporciona economia de energia consumida pela escola. Comparando o consumo de energia nos últimos anos, podemos observar uma tendência constante de queda. Na comparação entre julho de 2018 e julho de 2019, por exemplo, observamos uma redução de 35% do consumo e, na comparação do mesmo mês de 2020, a redução foi ainda mais significativa, apresentando uma queda de 65% em relação ao ano anterior. Vale destacar ainda que a escola conta com lâmpadas de led, que também apresentam menor consumo energético.  

Salientamos que a escola conta com sistema de segurança eletrônico, com câmeras de vigilância que necessitam de luminosidade no período noturno para captação das imagens. Portanto, a direção orienta os servidores para que as luzes externas fiquem acesas durante a noite e sejam apagadas durante o dia. Ressaltamos que as escolas encontram-se fechadas e os servidores de manutenção e limpeza das unidades estão trabalhando em regime de rodízios e com horários flexibilizados. Por esse motivo, pode ter ocorrido, em algum período do dia, das luzes permanecerem ligadas até o início da próxima escala. A SEE/MG informa ainda que a orientação sobre as luzes externas foi reforçada junto à direção da escola.

Edição: Roberth Costa
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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