O padrão de beleza é uma pauta que acompanha a sociedade ao longo dos anos. No entanto, felizmente as pessoas estão tendo, cada vez mais, voz para quebrar esse estigma, como é o caso da belo-horizontina Fernanda Castelo Branco, de 24 anos, que ganhou o prêmio Miss GMais do concurso Miss Plus Size Nacional 2023.
O evento ocorreu na noite do último sábado (18), no centro do Rio de Janeiro, e ressaltou a importância da inclusão e da diversidade para ser viver em comunidade. Além de Fernanda, outras três candidatas que representaram Minas Gerais foram eleitas misses nacionais.
Fernanda está entre as duas mineiras que receberam o maior prêmio em suas categorias, enquanto a modelo ganhou o “Miss GMais Nacional”, sua colega ficou com o título de “Miss Curvy Nacional”. Já as outras modelos de Minas Gerais levaram pra casa as faixas de “Miss Turismo Nacional” e “Segunda Princesa Plus Size Nacional”
Corpos diversos, Olhares Unilaterais
Ao BHAZ, a modelo Plus Size Fernanda Castelo Branco conta que sua história com o mundo da moda e da modelagem começou há pouco tempo. “Eu comecei a me preparar para o concurso faltando puco tempo. Até então, eu não acreditava que conseguiria participar de algo tão grandioso porque estamos acostumados com copos padrões slim”, narra.
“Quando se tem um corpo gordo, a palavra ‘Miss’ te remete a algo distante, inalcançável, mas não é o caso”, explica. Para Fernanda, a trajetória não foi fácil, ela expõe que passou por muitas dificuldades ao longo da sua vida. “As pessoas ligam o corpo gordo a uma pessoa desleixada, que não se cuida. Enfrentei o preconceito de diversas formas, até dentro de casa”, acrescenta.
Enquanto destaca que um corpo gordo também pode ser saudável, Fernanda desabafa que não foi o peso que a trouxe problemas de saúde, e, sim, a cobrança por um corpo perfeito inexistente. “Eu não aceitava meu corpo, queria emagrecer de qualquer forma. Foi aí que desenvolvi ansiedade associada a depressão, entrei em dietas ‘milagrosas’ e restritivas e desenvolvi bulimia”, lamenta.
“Eu não me via representada de jeito nenhum e a maior parte dos meus problemas foram desencadeados por conta dessa gordofobia. As pessoas, na verdade, não ligavam para a minha saúde, elas só queriam que eu fosse magra e me encaixasse no padrão. Depois de passar por tudo isso e ganhar o prêmio do concurso, hoje, eu consigo entender que o problema não era eu, mas, sim, a sociedade”, completa Fernanda.
Prêmio Miss GMais Nacional
De acordo com Fernanda, em todo lugar existe um certo tipo de padronização, até no Plus Size. “O meu prêmio foi de uma categoria nova, que ainda não tem muita visibilidade. São para mulheres que vestem a partir do número 56, e ganhar esse concurso foi um divisor de águas para mim”, conta.
“O Miss GMais foi uma forma de reforçar tudo aquilo que no fundo eu já sabia. Eu posso ser bonita, inteligente e alcançar meus sonhos sendo uma pessoa gorda. O preconceito diz mais sobre o outro do que sobre mim. Então, meu objetivo hoje é justamente esse: levar a palavra a pessoas como eu de que é preciso se aceitar e se amar do jeito que você é”, destaca a modelo.
Ao contar sobre o início do processo, Fernanda explica como a ajuda do seu agenciador foi importante para ela perceber seu potencial. “Ele viu algo em mim que, até então, eu mesma não enxergava. Se ele estava confiando em mim sem nem me conhecer direito, porque eu que me conheço, não confiava?”, explica.
Fernanda concluiu a conversa com uma mensagem de empoderamento: “você não tem que agradar a todos. O seu corpo não é pior e nem melhor do que de ninguém, ele é perfeito, do jeito que é. O seu corpo conta uma história, cada marca, cada curva, cada dobra faz parte de quem você é. Não espere ter um corpo dos sonhos, porque ele não existe. Se ame e seja feliz”.
