Garis e fiscais fazem paralisação em BH por vacina, mas coleta continua

manifestação sindibel cut-mg em frente à pbh
Protesto foi realizado por volta das 12h em frente à PBH (Sindibel/Divulgação)

Profissionais da coleta de lixo, fiscalização e assistência social fazem paralisação nesta quarta-feira (24) em Belo Horizonte. O objetivo é que todas as categorias sejam incluídas na prioridade de vacinação contra a Covid-19. O movimento faz parte de um protesto nacional promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores). Apesar da ação, a coleta de lixo não foi e nem será afetada em BH.

Isso ocorre porque a grande maioria dos garis é composta por trabalhadores terceirizados – 80%, ao todo. “Por isso, existe o temor de aderir ao movimento. A adesão maior foi dos assistentes sociais, com cerca de 70%, e da fiscalização, com 30%. A bandeira é a mesma: são categorias que estão expostas ao vírus e devem ser incluídas na prioridade da vacinação”, explica ao BHAZ Israel Arimar de Moura, presidente do Sindibel (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte).

“Várias categorias estão convivendo com o surto de contaminação pela Covid-19. A limpeza urbana é uma delas. Os trabalhadores não pararam em nenhum momento e convivem com o medo de contaminação por lixo e contato. O risco deles é muito maior. Queremos que eles entrem como prioridade para a vacina”, explica o presidente da CUT-MG, Jairo Nogueira Filho. Um ato simbólico foi realizado em frente à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) no início da tarde de hoje.

Plano nacional

Procurada, a PBH afirma que apenas segue o plano nacional de vacinação contra a Covid-19. “O município não tem autonomia para alterar as ordens de público prioritário indicadas pelo Ministério da Saúde, tendo assim que seguir as regras informadas para a imunização”, explica a gestão municipal, por nota (leia na íntegra abaixo).

O argumento é rechaçado pelo presidente do Sindibel. “Indiferente de depender ou não do plano nacional, cabe à PBH procurar Brasília para tentar mudar essa situação. O Sindibel entrou com uma ação judicial acionando o Ministério da Saúde para realizar essa mudança e a pasta tem até segunda-feira para responder”, afirma Moura. Portanto, na próxima semana não está descartada uma nova paralisação.

A administração municipal, além de reforçar que a coleta de lixo não foi afetada, ressaltou que “assistentes sociais que atuam em hospitais, serviços de urgência, serviços de saúde mental e centros de saúde já foram imunizados”. “Os demais, que atuam em outros serviços de saúde e que ainda não receberam a 1ª dose, podem fazer cadastro no portal da prefeitura”, afirma.

Ato nacional

As centrais sindicais convocaram para esta quarta-feira (24) uma série de protestos em defesa da vacinação contra a Covid-19, do auxílio emergencial de R$ 600 e medidas de proteção ao emprego, às empresas e às populações vulneráveis. Os sindicatos estão chamado o movimento de “lockdown nacional”, em referência a medidas mais radicais de fechamento de atividades adotadas em alguns municípios, onde somente serviços de saúde continuam funcionando.

As centrais também pedem que os cidadãos adotem o isolamento nesta quarta em sinal de respeito às vítimas da Covid-19, mas também de protesto contra a política errática do governo de combate à pandemia. Nesta terça-feira (23), o Brasil bateu novo recorde de mortes em decorrência da doença, com 3.158 óbitos em 24 horas.

A convocação foi feita pelo Fórum das Centrais Sindicais, que reúne CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Força Sindical, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e NCST (Nova Central).

Juntas, essas centrais representam cerca de 80% dos trabalhadores sindicalizados no Brasil, o equivalente a 10 milhões de pessoas. O fórum diz que também realizará atividades educativas usando carros de som, panfletos, e atos em estações de ônibus, trem e metrô.

Live

O movimento organizado por entidades mineiras inclui uma live com diretores de sindicatos e deputados será realizada hoje às 19h. “Será um complemento do dia para fazer um debate com as pessoas sobre a importância da vacina, sobre a questão da volta as aulas – que somos contra -, além de uma mobilização a favor do lockdown”, diz o presidente da CUT em Minas, que completa dizendo que, durante esta semana e a próxima, mais ações estão sendo planejadas.

“Além da transmissão, colocamos outdoors pela cidade em relação a vacina, estamos em movimentos pelo impeachment de Bolsonaro e carros de som estão rodando na periferia de BH com alertas e informações sobre a pandemia”, afirma Jairo Nogueira Filho.

A transmissão ao vivo acontecerá pela página do CUT Brasil no Facebook. (https://www.facebook.com/cutbrasil)

Participam do debate:
– Denise Romano: Coordenadora-geral do Sind-UTE/MG
– Jairo Nogueira: Presidente da CUT Minas
– Beatriz Cerqueira: Deputada estadual e presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa
– Rogério Correia: Deputado federal
– Valéria Morato: Presidenta do Sinpro Minas e da CTB/MG
– Robson Silva: Presidente do Sintect-MG
– Ramon Peres: Presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região
– Israel Arimar: Presidente do Sindibel
– Anselmo Braga: Diretor do Sindipetro/MG
– Jefferson Silva: Coordenador-geral do Sindieletro-MG
– Analise Silva: Coordenadora do FEPEMG
– Rosane Cordeiro: Diretora executiva do SINDADOS-MG
– Maria Rosaria Barbato: Presidenta da APUBH UFMG+
– Romeu José Machado Neto: Presidente do Sindimetro-MG
– Cristina Del Papa: Coordenadora-geral do Sindifes
– Eduardo Pereira: Presidente do Sindágua/MG

Nota da PBH

“A Prefeitura de Belo Horizonte segue as orientações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde. O município não tem autonomia para alterar as ordens de público prioritário indicadas pelo Ministério da Saúde, tendo assim que seguir as regras informadas para a imunização.

Assistentes sociais que atuam em hospitais, serviços de urgência, serviços de saúde mental e Centros de Saúde já foram imunizados. Os demais, que atuam em outros serviços de saúde e que ainda não receberam a 1ª dose, podem fazer cadastro no portal da Prefeitura.

É imprescindível que novas remessas de vacinas sejam entregues para a ampliação dos grupos definidos para a imunização. A Secretaria Municipal de Saúde reafirma a disponibilidade de pessoal e todos os insumos necessários para a imediata continuidade do processo de vacinação.

A Superintendência de Limpeza Urbana informa que não foi observado nenhum impacto operacional nos serviços de limpeza urbana, já que eles são feitos por garis terceirizados, das empresas contratadas pela Prefeitura para o serviço”.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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