A Polícia Civil cumpriu mandados de prisão preventiva, nessa quinta-feira (17), contra quatro pessoas suspeitas de aplicar golpes imobiliários em Belo Horizonte. Os integrantes da quadrilha, com idades entre 20 e 35 anos, teriam causado prejuízo de pelo menos R$ 15 milhões. Apenas uma das vítimas chegou a perder quase R$ 2 milhões.
O esquema foi descoberto pela Polícia Civil a partir da apuração de um assalto cometido em Contagem, na região metropolitana da capital, em agosto. Na ocasião, um homem apontado como líder da quadrilha teria negociado a compra de um Land Rover de um médico que mora no Paraná. Uma pessoa contratada pelo clínico levou o carro até a casa do suspeito e foi abordada por dois comparsas dele. Durante a ação, o dito comprador se passou por vítima do assalto e fingia não saber de nada. Após sete horas, os dois foram liberados e, dias depois, o golpista registrou o veículo em nome da esposa dele.
O Land Rover foi apreendido e, a partir do reconhecimento da casa do suspeito, a Polícia Civil passou a monitorar a quadrilha e descobriu na capital diversas denúncias contra os envolvidos.
Golpes
Segundo as investigações, os golpes consistiam em enganar uma variedade de vítimas durante negociações imobiliárias. Geralmente, o suposto líder da quadrilha se apresentava como empreiteiro interessado na compra de um imóvel para a construção de um edifício e convencia o proprietário a realizar um contrato de permuta, pelo qual o proprietário se dispunha a receber como pagamento uma cobertura no prédio.
Em seguida, o criminoso procurava uma pessoa interessada na construção de edifício e apresentava o contrato de permuta com a procuração do proprietário legal. Assim, o empreiteiro iniciava a construção no imóvel, enquanto o suspeito, sem a permissão dele, vendia os apartamentos na planta.
Enquanto a obra não era finalizada, o homem buscava interessados na compra à vista de um apartamento e, após receber o primeiro pagamento, já vendia o mesmo imóvel para outros interessados, gerando, com isso, o registro de um mesmo imóvel por diferentes compradores. Para levar adiante o golpe, procurações e outros documentos eram forjados.
Quando as vítimas descobriam se tratar de um golpe e procuravam pelo suspeito, ele usava de intimidações e ameaças, dizendo-se influente nos meios policiais e jurídicos.
Conforme destacou o delegado Gustavo Barletta, responsável pelas investigações, o dom do criminoso para articular as negociações e conquistar a confiança das vítimas para sustentar o golpe até que fosse tarde a descoberta. “Ele é um indivíduo extremamente inteligente e articulado. Com a lábia ele era capaz de organizar esquemas fraudulentos que causaram prejuízos milionários”, ressaltou.
Ainda de acordo com o delegado, já foram identificadas pelo menos 14 vítimas, mas a polícia suspeita que possam surgir ainda outras no curso das investigações. “Já tomamos as medidas para solicitar o bloqueio de bens do suspeito e tentaremos centralizar os inquéritos que correm contra ele em diferentes delegacias para identificar todas as vítimas”, informou.
O criminoso irá responder pelos crimes de estelionato, associação criminosa e roubo qualificado, cujas penas somadas podem chegar até 20 anos de prisão. Os comparsas dele serão indiciados por roubo, enquanto a esposa é investigada por possível lavagem de dinheiro, uma vez que grande parte do patrimônio do casal se encontra em nome dela.
A Polícia Civil acredita que pelo menos outras dez pessoas possa estar envolvidas com o grupo criminoso. As investigações continuam em andamento.
