Um grupo com pelo menos 30 noivas e outros clientes alegam ter levado um golpe por uma empresa de decorações e bufê sediada no bairro Tirol, na região do Barreiro. Duas das mulheres prejudicadas se casaram no último sábado (10) e tiveram que lidar com, além do nervosismo usual da ocasião, a dificuldade para encontrar novos fornecedores de doces, bebidas e decoração a fim de não cancelar as cerimônias: somente as duas perderam juntas cerca de R$ 16 mil. A polícia investiga os casos.
Uma das vítimas foi a supervisora de contratações Joyce Matos, de 25 anos. Além de investir R$ 10 mil nos preparativos para o casamento e não ter o contrato assinado com a empresa Essencial Decorações e Buffet honrado, a jovem também teve problemas com a lua de mel ao lado do marido, o supervisor de vendas Fábio de Melo, de 29. Ao Bhaz, ela contou ter adiado a viagem programada pelo casal. Os dois devem viajar apenas nas próximas semanas. “Eu fiquei bastante frustrada com tudo que ocorreu, fui literalmente enganada”, disse.
“Cheguei a ver na internet denúncias contra a dona do bufê e a procurei para falar sobre o assunto. Ela chegou a me mostrar um boletim de ocorrência que teria sido registrado contra a noiva que a acusou de golpe e eu acreditei”, explica. “No fim das contas, ela desapareceu com o dinheiro que eu e meu marido investimos”, conta. “Cheguei a ir até a porta da casa dela, já que parou de atender às ligações e de responder aos meus e-mails. Quando cheguei, vi um caminhão de mudança com vários móveis saindo do bufê e outras noivas procurando pela mesma pessoa”, completa. “Entrei em desespero e parei uma viatura da Polícia Militar no meio da rua para registrar boletim de ocorrência”, finaliza.
A vendedora Camila de Jesus, de 28 anos, estava na porta do bufê no mesmo dia em que Joyce foi ao local, na sexta-feira (9), um dia antes subir ao altar. “Eu recebi a mesma mensagem da dona do bufê informando que trocaria de celular e não consegui mais contato com ela”, disse. “Precisei correr atrás de outro bufê para fazer a recepção dos meus convidados na porta da igreja. Graças a Deus, deu tudo certo. Mas não saiu como eu e meu marido planejamos”, completa. “O pior de tudo é que tivemos dois cheques falsificados pela dona do bufê. Eles deveriam entrar em agosto, mas foi rasurado para abril. Conseguiram transformar um 8 em 4 e acabamos no prejuízo no fim das contas”, completa.
Camila precisou investir pelo menos mais R$ 1,2 mil para cobrir o não cumprimento do contrato com o Essencial Decorações e Buffet. Já Joyce pegou um empréstimo de R$ 13 mil para realizar a cerimônia nos mesmos moldes em que tinha combinado com a prestadora do serviço, que desapareceu. As duas já procuraram advogados para saber quais medidas podem ser tomadas em relação aos prejuízos sofridos.
Respostas
Joyce, Camila, Carla, Larissa, Izabella… A lista de clientes que assinaram contratos com o bufê e não tiveram retorno é grande, mas, segundo a Polícia Civil, apenas cinco ocorrências foram registradas. De acordo com a corporação, os casos são investigados pela Delegacia Especializada de Crimes contra o Consumidor da capital. A apuração, sob responsabilidade da delegada Sílvia Helena Freitas Masuz, visa descobrir se a dona do Essencial Decorações agiu de má fé ao sumir com o dinheiro dos casais, o que configuraria estelionato, ou se a empresa faliu e não teve condições de cumprir os contratos.
Ao Bhaz, o advogado que representa a dona do bufê, Bruno Patrício Alves dos Santos, informou ter entrado em contato com nove noivas que não tiveram serviços contratados prestados. Segundo o defensor, a mulher responsável pelo Essencial Decorações e Buffet enfrenta problemas pessoais e financeiros que a impediram de concretizar os acordos firmados com os casais. “Ela se comprometeu a arcar com os prejuízos e estamos disponíveis para esclarecer quaisquer dúvidas a respeito do ocorrido”, disse. “Vamos tentar resolver os problemas contratuais o mais rápido possível”, explica.
A respeito do caminhão de mudanças visto pelas noivas, Santos informou que a dona do bufê encerrou as atividades da empresa no local, pois não conseguiu pagar o aluguel do espaço. Sobre o paradeiro da mulher, o advogado se limitou a dizer que os dois mantêm contato, mas que não sabe exatamente onde ela está.
