Gripe: Demanda por leitos infantis sobe 75% em 15 dias e PBH amplia atendimento em centros de saúde

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Atendimento nos centros de saúde será ampliado para desafogar UPAs (Amanda Dias/BHAZ)

O aumento significativo dos casos de gripe observado nas últimas semanas tem preocupado as autoridades sanitárias em Belo Horizonte. Somente nos últimos 15 dias, a capital viu aumentar em 75% a ocupação dos leitos pediátricos da rede pública de saúde, justamente em função dos casos de sintomas gripais, segundo o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado. Na tarde de hoje (29), a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) anunciou uma série de medidas para tentar combater a situação (veja abaixo).

“Está existindo uma epidemia de gripe no Brasil inteiro e nós não podemos simplesmente assistir”, afirmou o prefeito Alexandre Kalil (PSD), em entrevista coletiva nesta tarde. Ele estava acompanhado do secretário de Saúde, que apontou os números preocupantes observados nos últimos dias.

“A exemplo do que tem acontecido no Rio de Janeiro e em São Paulo, BH tem experimentado um aumento na demanda de atendimentos por motivos respiratórios. Nas últimas duas semanas, houve aumento de 46% no atendimento”, informou Jackson.

Ainda segundo o secretário, só na última segunda-feira (27), as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da capital atenderam 3.553 pessoas – número que, até então, estava em 2 mil.

Aglomerações e risco de sobrecarga

Mesmo com os casos de síndrome gripal “totalmente sob controle”, conforme garantiu o secretário, a PBH não descarta a possibilidade de uma sobrecarga do sistema de saúde em janeiro. E as festas de fim de ano podem contribuir para isso.

“À medida que as pessoas se aglomeram, é possível que o número de casos de doenças respiratórias aumentem”, pontuou Jackson. Ele afirmou ainda que os casos registrados até então já têm afetado, inclusive, os números da pandemia de Covid-19 na capital.

‘Preocupação agora não é a Covid’

“Grande parte desses casos que ocasionaram o aumento do Rt não são de Covid, são de síndrome respiratória de outra natureza, cujo diagnóstico ainda não foi fechado. E isso impacta tanto no Rt quanto na taxa de ocupação de leitos”, disse Jackson, referindo-se ao aumento observado na taxa de transmissão da Covid-19 nesta semana. O índice não atingia números tão altos desde março desde ano.

“Neste momento, a preocupação não é Covid, mesmo com o Rt em 1,15 e a ocupação de enfermarias no amarelo”, pontuou o secretário. Atualmente, dois dos três índices de monitoramento da pandemia estão no amarelo em BH – a taxa de transmissão e a ocupação de leitos de enfermaria, que chegou a 65,2% hoje. A ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) segue no verde (46,8%).

Atendimento ampliado

Para enfrentar o avanço dos casos, a PBH vai ampliar o atendimento nos centros de saúde da capital, de forma a desafogar as UPAs. A partir do próximo sábado (1º), nove centros de saúde vão passar a operar das 7h às 22h30 – um em cada região da capital.

Confira a lista dos Centros de Saúde Ampliados:

  • Barreiro: Tirol
  • Centro-Sul: Nossa Senhora Aparecida
  • Leste: Vera Cruz
  • Nordeste: Cachoeirinha
  • Noroeste: Califórnia
  • Norte: Floramar
  • Oeste: Vila Imperial
  • Pampulha: Santa Terezinha
  • Venda Nova: Jardim Europa

A recomendação da PBH é que as pessoas com sintomas de gripe leves procurem esses locais, e não as UPAs, onde o atendimento deve priorizar casos mais urgentes. “Das 3.553 pessoas atendidas, 75,1% eram pessoas que poderiam ter sido atendidas nos centros de saúde ou unidades que não fossem de urgência”, argumentou Jackson Machado, que ainda reforçou: “A pessoa que chega com queixa aguda no Centro de Saúde vai ser atendida e, se necessário, encaminhada à UPA”.

Reforço e monitoramento

Além disso, a PBH anunciou a convocação de 173 novos profissionais para reforçarem o atendimento nas unidades a partir do próximo ano. “O país empobreceu, muitas pessoas perderam emprego e pessoas que tinham plano de saúde passaram a depender do SUS. Por isso os leitos em BH ficaram mais sobrecarregados”, disse o secretário.

Atualmente, segundo a secretária adjunta de Saúde, Taciana Malheiros, a maioria dos casos de síndrome respiratória na capital são infantis. A pasta acompanha a evolução dos casos para avaliar a necessidade de novas medidas ao longo das próximas semanas.

Caos nas UPAs de BH

Nas últimas semanas, diversas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Belo Horizonte registraram superlotação. Com a demora e a falta de médicos, muitos pacientes reclamam que precisaram voltar pra casa sem o atendimento.

“Tomei remédio e nada de melhorar. Fui a UPA não me atenderam. Por quê? Prioridade era pra quem estava cm pulseira amarela. Resultado: todos que estavam gripados e com febre desistiram de ser atendidos”, escreveu um usuário do Twitter.

“Fui na UPA da Barão Homem de Melo, cheguei antes das 11h e às 14h30 desisti e fui embora. Mas, nessas três horas e meia lá, constatei a precariedade do atendimento, médico que não foi para dar o seu plantão…”, compartilhou outra pessoa na rede social.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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