Raul Matheus de Oliveira Neto, que espancou a ex-namorada em uma boate na Pampulha, em Belo Horizonte, já tinha passagem pela polícia por crime enquadrado na lei Maria da Penha.
O homem de 35 anos usava tornozeleira eletrônica quando cometeu o crime contra Gabriela Malaquias, 25, na madrugada do último sábado (10).
O agressor estava em prisão domiciliar devido a uma condenação por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. As informações foram repassadas pelas delegadas do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família da Polícia Civil, nesta sexta-feira (16).
Investigação
De acordo com a delegada Luciana Libório, da Delegacia da Mulher, Raul Matheus de Oliveira Neto será indiciado por tentativa de feminicídio ao fim das investigações. Indiciamentos por outros crimes ainda não estão descartados.
“Se o agressor estava em prisão domiciliar, ele não poderia frequentar boates, muito menos cometer novos crimes, o que demonstra que ele não tem nenhum respeito pela lei, pela mulher, e pelo ser humano”, afirmou a delegada em coletiva de imprensa concedida nesta manhã.
A Polícia Civil também analisa as imagens disponíveis para apurar se há mais pessoas envolvidas no crime, além de identificar aquelas que se omitiram e não prestaram socorro a Gabriela da Silva Malaquias enquanto ela era agredida em via pública.
A vítima ainda passou por exames para constatar se houve abuso sexual, já que ela foi encontrada nua e apresentou episódios de ausência de lucidez. A corporação também solicitou à Justiça uma medida protetiva para a jovem contra Raul Matheus de Oliveira Neto.
Tentativa de feminicídio
Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra Raul e Gabriela em frente à boate Larok Lounge Club, no bairro Santa Terezinha. O homem aparece agredindo a jovem de 25 anos com socos e chutes, além de arrastá-la pela rua.
De acordo com o boletim de ocorrência, ela relatou à Polícia Militar que o ex-namorado pegou o celular dela na boate e começou a ameaçá-la de morte. Depois de espancar a jovem em frente ao estabelecimento, ele a levou para a própria casa, onde ela permaneceu por horas.
Gabriela Malaquias diz não se lembrar da maior parte do que ocorreu na casa do agressor. Entre as agressões, ela sentiu algo escorrer pelas pernas, mas não sabe se seria sangue.
A vítima foi resgatada pela própria mãe na casa do agressor, no bairro Nazaré, ainda na madrugada de sábado, horas depois da agressão em frente à boate. Ela estava nua e enrolada em um lençol.
A Polícia Militar foi acionada, e Raul Matheus de Oliveira Neto foi encontrado em outro endereço, onde foi preso. A jovem foi socorrida para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Norte, e depois foi transferida para o hospital Risoleta Neves, onde ficou internada.
Ainda de acordo com o registro da PM, Gabriela chegou a vomitar enquanto era socorrida, e apresentou trauma cranioencefálico, além de vários cortes e hematomas pelo corpo e pelo rosto. A mãe dela disse à corporação que o autor agrediu a vítima durante horas e que, se ela não tivesse chegado ao local, ele teria matado a jovem.
Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Raul Neto deu entrada no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira no último domingo (11).
Onde conseguir ajuda?
Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:
- Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
- av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
- Casa de Referência Tina Martins
- r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
- Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
- r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
- Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
- r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
- Aplicativo MG Mulher
Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.
Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.
