A Polícia Civil concluiu o inquérito policial que investigava a tentativa de homicídio de uma criança de 2 anos, no final de abril, e indiciou o padrasto e a mãe da vítima. De acordo com a investigação, o padrasto teria tentado matar a menina por ciúme da relação dela com a própria mãe, sua companheira.
A criança chegou a ter tufos de cabelo arrancados, e a orelha queimada, além de apresentar mordidas no corpo e machucados no rosto, pescoço e costas. Ciente das agressões, a mãe dela não denunciou o caso às autoridades.
Os crimes foram cometidos em Betim, na região metropolitana de BH, e as investigações foram conduzidas pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade. No dia 26 de abril, vizinhos viram o suspeito agredindo a enteada, que já tinha várias lesões pelo corpo. O homem fugiu do local e as testemunhas levaram a criança ao hospital, onde foram constatados ferimentos graves e risco de morte.
“Na UPA, foi constatado traumatismo craniano, fratura na costela, queimadura na orelha e diversas lesões na cabeça, face, pescoço e costas, com quadro clínico de coma e parada cardíaca”, detalhou a delegada Adiadne Elloise Coelho no início das investigações.
Tentativa de homicídio e omissão
Após receber cuidados médicos, a vítima recebeu alta e foi entregue aos cuidados da família paterna. O pai biológico recebeu a guarda provisória da filha.
No dia seguinte às agressões, o padrasto ainda não havia sido localizado, e a Polícia Civil pediu prisão preventiva, que foi decretada no dia 29 de abril. Já no dia 30, ele se apresentou na Deam com advogados e familiares, onde foi preso. O padrasto foi indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado e lesões corporais passadas.
A mãe, que responde em liberdade, foi indiciada pelo crime de tentativa de homicídio e omissão relevante. No final de 2020, ela já havia sido denunciada anonimamente por maus-tratos ao Conselho Tutelar e também era investigada por omissão em relação às agressões sofridas pela filha.
O crime
De acordo com o inquérito policial, no dia 25 de abril, a criança amanheceu com várias lesões pelo corpo. A irmã dela, de 5 anos de idade, chamou a mãe para mostrar os machucados da vítima, enquanto ela tremia de dor. Com medo de ser presa e acusada de maus-tratos, a mulher não prestou socorro à filha e pediu que a babá cuidasse da criança com medicamento para dor.
Já no dia seguinte, enquanto a mãe estava no trabalho, a babá tentou ficar perto da criança o tempo todo durante o dia, já que o suspeito ficou na casa, o que não era de costume. À noite, ao preparar o jantar, o padrasto teria entrado no quarto em que a enteada dormia e jogado a criança no chão, na frente da irmã de 5 anos. Em seguida, a babá teria visto o homem apertando a menina pelo pescoço. Ela, então, tentou reanimar a menina.
O suspeito alegou que teria deixado a criança cair no chão ao colocá-la para dormir e teve receio de contar o que aconteceu. A babá, por outro lado, disse que a menina já estava dormindo e ainda fechou a porta para o padrasto não entrar no quarto. A mãe também reforçou que ele não colocava as enteadas para dormir.
Agressões contínuas
Nos últimos meses, a criança apresentava marcas pelo corpo, mas as agressões eram atribuídas à irmã de 5 anos ou a quedas da cama. Ainda segundo investigação da Polícia Civil, a vítima também demonstrava medo e desconforto perto do padrasto.
A mãe confirmou que tinha desconfiança sobre as agressões contra a filha, mas não tinha certeza e não questionou o companheiro diretamente. Levantamentos da corporação ainda apontaram que o suspeito xingava as meninas constantemente com termos pejorativos e fazia uso de maconha em casa, na presença das crianças.
Denuncie
A Polícia Civil reforça a importância da denúncia sobre casos de violência doméstica e familiar, para que as medidas necessárias de proteção à vítima e de responsabilização do agressor sejam tomadas.
Os registros podem ser feitos na unidade policial mais próxima ou por meio do Disque 100, quando se tratar de fatos envolvendo crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.
Quando o assunto estiver relacionado com violência contra a mulher, o contato deve ser feito por meio da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180.
Outra forma de registrar ocorrências do tipo, sem sair de casa, é pela Delegacia Virtual para os casos de ameaça, lesão corporal e vias de fato, além de descumprimento de medida protetiva. Por meio da plataforma digital, as vítimas ainda podem solicitar a medida protetiva enquanto estiverem fazendo o registro.
Com PCMG