Madrasta provocou morte do menino Ian e pai omitiu socorro, aponta Polícia Civil

justiça nega liberdade
A Polícia Civil reconstituiu a cena do crime (Arquivo pessoal + Divulgação/Polícia Civil)

A Polícia Civil indiciou o pai e a madrasta do menino Ian Almeida Rocha, que morreu em decorrência de um traumatismo craniano. Ele foi levado ao hospital pelo casal com sinais de violência e não resistiu.

A madrasta foi indiciada pela prática do crime de homicídio qualificado, por uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Além disso, houve uma segunda qualificação, pela prática do homicídio contra criança e adolescente menor de 14 anos.

Já o pai foi indiciado pela prática dos mesmos crimes da madrasta, ou seja, por homicídio doloso duplamente qualificado, com a adição de omissão. “A lei determina que o pai, diante de um cenário em que seu filho esteja sendo vítima de algo, se ele deixar de agir, irá responder como se tivesse praticado o crime”, explicou o delegado Diego Lopes em coletiva nesta quinta-feira (2).

Diego explicou que o menino era vítima de violência doméstica tanto do pai quanto da madrasta. Em uma das situações, o homem teria inventado que o garoto teve um dos tímpanos feridos por causa de uma queda, quando na verdade, o quadro aconteceu em decorrência de uma agressão, segundo a perícia.

Omissão do pai e agressão da madrasta

“Conseguimos determinar que o Márcio (pai) não estava em casa no momento das agressões. Contudo, ele chega por volta de meia-noite, 1h da manhã, e o socorro do Ian acontece apenas às 4h. Nesse sentido, mesmo o Ian apresentando todos os quadros adversos que qualquer pessoa poderia ver, o Márcio permaneceu com a criança por 2 horas e meia a 3 horas sem tê-lo socorrido”, afirmou o delegado.

Lopes ainda disse que a morte de Ian foi provocada pela madrasta Bruna, que teria o atingido pelas costas com algum objeto contundente. O objeto, no entanto, não foi determinado, já que a mulher teria preparado o cenário da violência, tirando indícios do local. “Pedaço de pau, panela, barra de ferro, qualquer instrumento desse pode ter sido usado no golpe nas costas”, exemplificou Diego.

O delegado explicou ainda que a investigada nega o crime e alega que a criança pode ter caído ou sido agredida pela filha dela, o que foi descartado pela investigação.

A filha da madrasta, de 5 anos, também já teria sido alvo de agressões. “Durante sua vida, ela já pode ter sofrido maus tratos. Esse elemento foi trazido por uma testemunha”, apresentou Lopes.

O pai, segundo o delegado, tentou se eximir da responsabilidade de socorrer o filho, alegando que não estava em casa e chegou tarde. A investigação aponta que o intervalo entre a chegada do homem à residência e o momento em que ele e a madrasta socorreram a criança é de cerca de três horas.

“Após perceberem que o Ian não reagia, eles decidiram levá-lo ao Hospital Risoleta Neves com um veículo de um vizinho”, disse o delegado.

Relembre o caso

O pequeno Ian Henrique de Almeida Rocha, 2, morreu em decorrência de uma forte pancada na cabeça, tendo como resultado traumatismo craniano. Ele foi levado ao hospital pelo pai e a madrasta com sinais de violência no último dia 8 de janeiro e não resistiu.

A informação da causa da morte de Ian foi obtida por meio de necropsia realizada no corpo do garoto. O laudo pericial aponta que o menino tinha uma fratura extensa na nuca. A análise foi concluída na última semana, mas o resultado foi divulgado apenas nesta quarta-feira.

Segundo o delegado Diego Lopes, que está à frente do caso, a linha investigativa indica que o garoto tenha sido atingido na cabeça por um objeto contundente, como um pedaço de madeira ou barra de ferro. A corporação acredita já saber qual foi o objeto utilizado.

Como a apuração busca determinar quem o atacou, a Polícia Civil decidiu não divulgar detalhes até a conclusão do caso. Apesar disso, a investigação parte do pressuposto de que as agressões se iniciaram por parte da madrasta, o que ainda não é um veredito.

O investigador também informou que o pai de Ian Henrique já havia sido denunciado por maus-tratos contra a criança, no meio do ano passado. Segundo Diego Lopes, a denúncia foi apurada pela polícia em Santa Luzia, portanto, ele não sabe dizer qual foi o resultado da investigação.

Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

Asafe Alcântara[email protected]

Coordenador de mídias digitais e repórter, no BHAZ, desde setembro de 2021. Atualmente concilia como repórter na Record TV Minas.
Jornalista graduado pelo UNI-BH, com experiência em redações de veículos de comunicação, como RedeTV! BH, TV Band Minas, TV Alterosa, TV Anhanguera (afiliada Globo GO), TV Justiça e CNN Brasil.

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