Menino de 2 anos é internado em estado grave em BH; pai e madrasta são presos

hospital joão xxiii
Avó materna da criança conversou com o BHAZ (Amanda Dias/BHAZ)

A Polícia Civil de Minas vai investigar o caso de um menino de 2 anos que precisou ser internado após ser levado ao Hospital Risoleta Neves, em BH, com diversos ferimentos pelo corpo.

O garoto estava em casa sendo cuidado pela madrastra, 34, no bairro Jaqueline, região de Venda Nova, nesse domingo (8). Segundo contou a mulher à PM, o menino caiu na cozinha de casa por conta de uma panela que derramou comida no chão e o deixou escorregadio.

Já o pai do garoto, 31, disse que não estava em casa no momento e que se deparou com o filho ferido logo que chegou à residência. Na versão do pai, ele encontrou a criança no sofá de casa já inconsciente.

A criança foi levada ao Risoleta Neves ainda na madrugada e, de lá, acabou transferida ao João XXIII em função da gravidade dos ferimentos. O garoto tinha uma lesão na boca, na cabeça e na testa, além de estar com a mão torta e as pernas enrijecidas.

A equipe médica que atendeu o menino desconfiou das versões apresentadas pela madrastra e pelo pai dele e acinou a Polícia Militar. Os médicos se surpreenderam com a gravidade dos ferimentos do garoto.

‘A gente não tá entendendo’, diz avó

Em conversa com o BHAZ nesta segunda-feira (9), a avó materna da criança diz que o neto está intubado em estado grave. Mesmo diante da adversidade, ela acredita em um milagre.

“A gente não tá nem pisando no chão, porque a gente não tá entendendo porque está passando por essa situação”, lamenta a comerciante Vera Almeida.

A princípio, o garoto foi conduzido ao Risoleta Neves. Já no segundo hospital, a equipe médica observou que a criança tinha lesões não visíveis na parte anterior da cabeça. Ela sofreu duas paradas cardiorrespiratórias.

A versão do pai

Em contato com a PM, o pai conta que saiu para cortar o cabelo na tarde de ontem, deixando o filho com a namorada em casa. Pouco depois, ele teria recebido uma ligação dela, na qual dizia que a criança caiu. Ao chegar em casa, o homem brincou com o filho normalmente. Foi então que, mais tarde, saiu para trabalhar.

Na versão do suspeito, ele recebeu uma mensagem de áudio da companheira por volta de meia-noite, mas não ouviu naquele momento. Já às 3h, voltou para casa e encontrou o filho deitado no sofá, com os pés para fora de “maneira estranha”. Ele teria acordado a mulher, que estava no quarto, e questionou o que havia ocorrido.

À Polícia Militar, o homem explicou que a guarda do menino é da mãe, que normalmente passa somente os finais de semana com ele e que entregaria o filho ontem.

O que diz a madrasta?

A mulher, por sua vez, apresentou uma versão diferente. Segundo ela, enquanto fazia almoço por volta das 11h, uma panela caiu e derrubou frango com quiabo pela cozinha. À tarde, ela estaria no quarto e ouviu dois estrondos vindos da cozinha. Ela ignorou o primeiro e, no segundo, a criança chorou e foi até ela. O menino estaria com uma vermelhidão nas costas, um galo na nuca e a cabeça “amassada”.

Na sequência, ela diz ter ligado para o companheiro para informar o ocorrido. O homem chegou e eles saíram sozinhos, deixando as crianças em casa. Ao retornarem, teriam encontrado a vítima dormindo. Mais tarde, a moça diz ter encontrado lesões na boca do garoto e que, inclusive, ele teria vomitado e voltado a dormir após um banho.

A moça conta que o pai do menino a acordou para mostrar que ele estava no sofá, não mais na cama com ela. Ela afirma ter pegado o garoto no colo e levado de volta à cama e que, pouco depois, notaram que ele não se mexia.

Mãe desconfia de negligência

Segundo a equipe médica, a criança deu entrada no hospital Risoleta Neves acompanhada dos dois suspeitos, em estado gravíssimo. O quadro de saúde não era compatível com o relato deles.

A mãe da criança disse à PM que o filho já chegou, da casa do pai, machucado em outras ocasiões. Ela suspeita da madrasta e que o ex pode ter sido omisso.

Vera, a avó da criança, conta que o menino não gostava de ficar com o pai. “Ele não gostava de ir de jeito nenhum. A gente falava: ‘o papai tá vindo buscar você’. E ele: ‘não, não, não’. Ele não queria. Mas a gente tinha que deixar por causa da guarda”, explica.

Por meio de nota ao BHAZ, a Polícia Civil informa que prendeu o casal em flagrante. “A investigação prossegue na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) para completa elucidação dos fatos”, diz o comunicado (leia abaixo na íntegra).

Nota da Polícia Civil na íntegra

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o casal foi conduzido e ouvido na Delegacia Especializada de Plantão de Atendimento à Mulher, em Belo Horizonte, neste domingo (8/1). Após os procedimentos de polícia judiciária, a autoridade policial ratificou a prisão em flagrante da mulher, de 34 anos, e do homem, de 31 anos, por omissão de socorro qualificada, e eles foram encaminhados ao sistema prisional. A investigação prossegue na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) para completa elucidação dos fatos.”

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Asafe Alcântara[email protected]

Coordenador de mídias digitais e repórter, no BHAZ, desde setembro de 2021. Atualmente concilia como repórter na Record TV Minas.
Jornalista graduado pelo UNI-BH, com experiência em redações de veículos de comunicação, como RedeTV! BH, TV Band Minas, TV Alterosa, TV Anhanguera (afiliada Globo GO), TV Justiça e CNN Brasil.

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