Menino de 2 anos morreu por traumatismo craniano após pancada na cabeça; pai e madrasta seguem presos

menino de 2 anos morre
Menino de 2 anos chegou ao hospital com sinais de violência e morreu dias após ser internado (Arquivo pessoal)

A Polícia Civil informou hoje (25), em coletiva de imprensa, que o pequeno Ian Henrique de Almeida Rocha, 2, morreu em decorrência de uma forte pancada na cabeça, tendo como resultado traumatismo craniano. Ele foi levado ao hospital pelo pai e a madrasta com sinais de violência no último dia 8 de janeiro e não resistiu.

A informação da causa da morte de Ian foi obtida por meio de necropsia realizada no corpo do garoto. O laudo pericial aponta que o menino tinha uma fratura extensa na nuca. A análise foi concluída na última semana, mas o resultado foi divulgado apenas nesta quarta-feira.

Segundo o delegado Diego Lopes, que está à frente do caso, a linha investigativa indica que o garoto tenha sido atingido na cabeça por um objeto contundente, como um pedaço de madeira ou barra de ferro. A corporação acredita já saber qual foi o objeto utilizado.

Como a apuração busca determinar quem o atacou, a Polícia Civil decidiu não divulgar detalhes até a conclusão do caso. Apesar disso, a investigação parte do pressuposto de que as agressões se iniciaram por parte da madrasta, o que ainda não é um veredito.

O investigador também informou que o pai de Ian Henrique já havia sido denunciado por maus-tratos contra a criança, no meio do ano passado. Segundo Diego Lopes, a denúncia foi apurada pela polícia em Santa Luzia, portanto, ele não sabe dizer qual foi o resultado da investigação.

Mandados de busca e apreensão

A Polícia Civil ainda informou ter deflagrado hoje uma operação com cinco mandados de busca e apreensão, em Santa Luzia e Belo Horizonte, para buscar mais vestígios que possam auxiliar na conclusão do caso.

Ao chegarem na casa onde Ian morava com o pai e a madrasta, os agentes se depararam com uma pichação no portão, pedindo justiça pela criança. Devido a ameaças de incendiar o imóvel, os outros membros da família se mudaram do local pouco depois da morte do menino.

Durante a busca e apreensão, ainda segundo o delegado Diego Lopes, a polícia encontrou um vestígio que até hoje era desconhecido, mas que tem grande relevância para a investigação.

Agora, a Polícia Civil vai formalizar os vestígios encontrados durante as buscas para finalizar o relatório e encerrar as investigações. Ainda não há prazo definido para isso.

O pai e a madrasta de Ian Henrique tiveram a prisão convertida para preventiva pela Justiça no último dia 11.

Entenda o caso

Ian Henrique de Almeida Rocha morreu depois de ser levado ao hospital com lesões na boca, na cabeça e na testa, além de estar com a mão torta e as pernas enrijecidas. Os médicos se surpreenderam com a gravidade dos ferimentos do garoto. Ele ainda sofreu duas paradas cardiorrespiratórias.

Ele estava em casa sendo cuidado pela madrasta, de 34 anos, no bairro Jaqueline, região de Venda Nova, no domingo (8). Segundo contou a mulher à PM, o menino caiu na cozinha de casa por conta de uma panela que derramou comida no chão e o deixou escorregadio.

Já o pai do garoto, de 31, disse que não estava em casa no momento e que se deparou com o filho ferido logo que chegou à residência. Na versão do pai, ele encontrou a criança no sofá de casa já inconsciente.

A criança foi levada ao Risoleta Neves ainda na madrugada e, de lá, acabou transferida ao João XXIII em função da gravidade dos ferimentos. Ian Henrique de Almeida Rocha tinha uma lesão na boca, na cabeça e na testa, além de estar com a mão torta e as pernas enrijecidas.

A equipe médica que atendeu o menino desconfiou das versões apresentadas pela madrasta e pelo pai dele e acionou a Polícia Militar, devido à gravidade dos ferimentos do garoto.

A versão do pai

Em contato com a PM, o pai conta que saiu para cortar o cabelo na tarde de domingo, deixando o filho com a namorada em casa. Pouco depois, ele teria recebido uma ligação dela, na qual dizia que a criança caiu. Ao chegar em casa, o homem brincou com o filho normalmente. Foi então que, mais tarde, saiu para trabalhar.

Na versão do suspeito, ele recebeu uma mensagem de áudio da companheira por volta de meia-noite, mas não ouviu naquele momento. Já às 3h, voltou para casa e encontrou o filho deitado no sofá, com os pés para fora de “maneira estranha”. Ele teria acordado a mulher, que estava no quarto, e questionou o que havia ocorrido.

À Polícia Militar, o homem explicou que a guarda do menino é da mãe, que normalmente passa somente os finais de semana com ele e que entregaria o filho ontem.

O que diz a madrasta?

A mulher, por sua vez, apresentou uma versão diferente. Segundo ela, enquanto fazia almoço por volta das 11h, uma panela caiu e derrubou frango com quiabo pela cozinha. À tarde, ela estaria no quarto e ouviu dois estrondos vindos da cozinha.

Ela ignorou o primeiro e, no segundo, a criança chorou e foi até ela. O menino estaria com uma vermelhidão nas costas, um galo na nuca e a cabeça “amassada”.

Na sequência, ela diz ter ligado para o companheiro para informar o ocorrido. O homem chegou e eles saíram sozinhos, deixando as crianças em casa. Ao retornarem, teriam encontrado a vítima dormindo.

Mais tarde, a moça diz ter encontrado lesões na boca do garoto e que, inclusive, ele teria vomitado e voltado a dormir após um banho.

A moça conta que o pai do menino a acordou para mostrar que ele estava no sofá, não mais na cama com ela. Ela afirma ter pegado o garoto no colo e levado de volta à cama e que, pouco depois, notaram que ele não se mexia.

Mãe desconfia de negligência

Segundo a equipe médica, Ian Henrique de Almeida Rocha deu entrada no hospital Risoleta Neves acompanhado dos dois suspeitos, em estado gravíssimo. O quadro de saúde não era compatível com o relato deles.

A mãe da criança disse à PM que o filho já chegou, da casa do pai, machucado em outras ocasiões. Ela suspeita da madrasta e que o ex pode ter sido omisso.

Vera, a avó da criança, conta que o menino não gostava de ficar com o pai. “Ele não gostava de ir de jeito nenhum. A gente falava: ‘o papai tá vindo buscar você’. E ele: ‘não, não, não’. Ele não queria. Mas a gente tinha que deixar por causa da guarda”, explica.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!