O metrô de Belo Horizonte entra em greve a partir da próxima segunda-feira (21), segundo o Sindimetro-MG (Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais). A categoria anunciou a decisão após assembleia realizada às 18h dessa quarta-feira (16), na Estação Central, na capital mineira. A CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) já está ciente do fato e informa que está empenhada em “garantir a continuidade e qualidade” da prestação de serviços na capital mineira.
De acordo com o diretor jurídico do Sindimetro-MG, Robson Gonçalves, os trabalhadores metroviários entrarão em nova greve às 0h da próxima segunda-feira. A partir da semana que vem, os trens vão circular somente das 10h às 17h. Assim, a circulação estará paralisada nos horários de pico.
Alternativas foram rejeitadas
Robson explica que a razão da movimentação para a greve do metrô em BH são os resultados da reunião com os representantes do governo federal, dessa terça-feira (15), que deu uma resposta oficial sobre a situação dos trens em face à privatização da CBTU.
“Eles reforçaram que a modelagem da privatização está pronta. Depois de 12 meses, todos os trabalhadores estarão sujeitos à demissão. A gente sabe que, assim que uma nova organização assumir, vai reduzir os salários e demitir o pessoal, o que é muito preocupante”, observa.
O diretor revela ainda que o governo federal rejeitou todas as alternativas apresentadas pelo Sindimetro-MG. “Sugerimos, por exemplo, que o servidor tenha a chance de pedir transferência para outra unidade da CBTU. Mas não aceitaram, falaram que a modelagem está pronta”, concluiu.
‘Nada mais do que esperávamos’
Em vídeo publicado nas redes sociais, nessa terça-feira (15), o presidente do sindicato Romeu Machado já havia comentado sobre a reunião com os representantes do governo federal. A pauta girou em torno do destino dos trabalhadores do metrô em face dos processos de privatizar a CBTU.
“A reunião transcorreu normalmente desta vez, sem nenhuma alteração. Porém, a resposta que nos foi dada pelos representantes do governo, nada mais do que já esperávamos. Que é: não há nenhuma possibilidade de mexer na modelagem que já foi instituída pelo governo federal”, disse. Machado explicou que as determinações não foram satisfatórias.
“Nós vínhamos tentando, desde o início dessa movimentação de privatização, obter essa resposta. E, graças à intervenção do tribunal, essa reunião saiu hoje. Então, o nosso voto de confiança não era nos representantes do governo. Até porque não tem nenhum bobo do lado de cá achando que esse desgoverno iria fazer alguma coisa em relação a beneficiar ou atender às reivindicações dos trabalhadores”, acrescentou.
Em nota ao BHAZ (leia abaixo na íntegra), a CBTU informou que está ciente sobre a deflagração da greve do metrô em Belo Horizonte. A companhia diz que “já se antecipou à tomada das medidas administrativas e judicias cabíveis na tentativa de garantir a continuidade e qualidade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros sobre trilhos na cidade”, afirma um trecho.
Nota do Sindimetro-MG
“Fazemos saber à toda imprensa que os metroviários de Belo Horizonte entrarão em greve a partir de 00:00h do dia 21/03/2022, por tempo indeterminado e cumprirão a escala mínima conforme determina a lei no horário de 10 às 17 horas.
Desde que o governo decidiu entregar o metrô para a iniciativa privada, a categoria metroviária de Belo Horizonte vem tentando, através do seu Sindicato, obter informações sobre como ficaria a situação dos trabalhadores da empresa que são concursados. Até ontem, dia 15 de março, o governo não havia sequer aberto qualquer tipo de diálogo.
Foi através da intermediação do Judiciário que os representantes do governo se reuniram ontem (15) com a diretoria do SINDIMETRO-MG para dizer que não teria nada de positivo para os trabalhadores e que não teria qualquer negociação, pois os trâmites legais para a privatização da empresa estavam dados e que os trabalhadores teriam mais um ano de estabilidade com o novo patrão e partir daí quem decidiria seria os novos donos do metrô.
Nossa luta tem sido muito dura porque tanto a categoria como a população vem sendo prejudicadas com a política privatista de Paulo Guedes e Bolsonaro. A categoria que vê seus direitos sendo reduzidos, seus salários corroídos e a população que começou a pagar uma passagem muito cara.
A greve é o último recurso usado pelos trabalhadores diante da intransigência do governo que não fez nenhum diálogo com os trabalhadores e com a população para privatizar o metrô inclusive usando um aporte de quase 3 bilhões de reais com o dinheiro público para os novos proprietários.“
Nota da CBTU
“A Companhia Brasileira de Trens Urbanos teve conhecimento, por meio das redes sociais, sobre a deflagração de greve do Metrô de Belo Horizonte, a partir de 0h do dia 21 de março, decisão tomada em assembleia da categoria ontem (16 de março). A CBTU já se antecipou à tomada das medidas administrativas e judicias cabíveis na tentativa de garantir a continuidade e qualidade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros sobre trilhos na cidade.
O horário em escala mínima estipulado pelos metroviários durante a greve é de 10h às 17h, com 100% dos trens operando no intervalo mencionado.
O sindicato, após reunião com representantes do Governo Federal em 15 de março, considerou que a categoria metroviária está sendo impedida de participar no processo de privatização da empresa, sem abertura para o diálogo ou informações acerca do destino dos mais de 1.500 empregados que atuam no sistema atualmente.“
