Em nova greve, metrô de BH funciona em escala mínima a partir da próxima segunda

Greve do metrô em BH
Categoria decidiu por nova paralisação em assembleia na noite de ontem (1º) (CBTU/Divulgação)

Em assembleia na estação Central, na noite de ontem (1º), metroviários de Belo Horizonte decidiram entrar em nova greve a partir da próxima segunda-feira (7). A decisão firma que o transporte coletivo funcionará em escala mínima, das 10h às 17h. Segundo o Sindimetro (Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários), a medida é uma resposta ao “desrespeito” da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) com os trabalhadores.

Em nota, o Sindimetro esclarece que “os metroviários trabalharam, sem parar um dia, durante toda a pandemia de Covid-19” e “agora buscam o apoio de todos os usuários em defesa da empresa pública e com tarifas acessíveis a todos os trabalhadores”. “Lembramos também que nossa luta é por tarifas sociais no metrô, ao contrário do vem acontecendo de aumentos abusivos”, diz trecho do texto.

‘Desrespeito da CBTU’

O comunicado do Sindimetro informa que a diretoria da entidade vai passar nas áreas afetadas para eventuais questionamentos. “Diante do desrespeito do governo federal e da CBTU em não responderem junto ao TRT [Tribunal Regional de Trabalho] e ao MPT [Ministério Público do Trabalho] as dúvidas dos metroferroviários de Belo Horizonte, a categoria decidiu em assembleia realizada hoje [ontem], dia 01/02/2022, deflagrar greve em escala mínima a partir da próxima segunda feira, dia 07 de fevereiro”.

O texto justifica os preços “assustadores” das passagens de metrô em BH ajuizando que o objetivo do governo é entregar o metrô para a iniciativa privada. De acordo com o Sindimetro, “o metrô já perdeu mais de 200 mil usuários devido ao preço das passagens. Queremos tarifa social, por isso queremos que o metrô continue sendo estatal”.

Ainda na nota, o Sindimetro define a retomada da greve como a “única forma de fazer com que o governo e a empresa tragam respostas às dúvidas de como ficará a situação dos trabalhadores diante da privatização do metrô”. A categoria enfatiza que tentou, inclusive, obter respostas com a intermediação do TRT, mas o desrespeito persiste. “A paralisação afetará em cheio os usuários do metrô, mas é uma situação limítrofe entre a privatização da empresa e a demissão dos funcionários concursados lotados em Belo Horizonte”, ressalta o texto.

Sobre a nova greve do metrô em BH, o secretário do Sindimetro, Daniel Glória Carvalho, diz que a tentativa de privatizar o funcionamento dos trens foge ao controle da categoria. No entanto, os “direitos dos metroviários já estão sendo afetados”, uma vez que anteriormente os concursados tinham a chance de pedir transferência a outras unidades. “A greve continuará até que respostas sejam dadas”, afirma Daniel.

Greve anterior se estendeu até 17 de janeiro

Em assembleia realizada no dia 28 de dezembro, os funcionários do metrô de Belo Horizonte já haviam decidido por manter a greve até o dia 17 deste mês. Ao BHAZ, o secretário-geral do Sindimetro-MG (Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais), Daniel Glória Carvalho, afirmou que várias tentativas de diálogo já foram feitas, inclusive com os governos estadual e federal.

“A gente sabe que a população sofre. Mas a incerteza dos nossos funcionários, da categoria dos funcionários do sistema metroferroviário de BH, é muito delicada”, afirmou à época, dizendo sobre a incerteza dos funcionários em relação à privatização.

Confira a nova escala do metrô, por áreas

  • GOEST/COSOP: 1º Turno de 9h45 às 13h45; 2º Turno de 13h30 às 17h30;
  • ADMINISTRATIVO: 10h às 17h, com 4 horas para cada turno;
  • MANUTENÇÃO: Manhã: de 10h às 14h; Tarde: de 13h às 17h; Noite: Revezamento;
  • CCO/CMS/CCR: Revezamento.

Conforme nota do Sindimetro, a Justiça remarcou a audiência da COSOP para o dia 17 de maio deste ano.

O que diz a CBTU?

A CBTU informou ao BHAZ, por meio de nota, que ” teve conhecimento, por meio das redes sociais, sobre a paralização das operações do Metrô de Belo Horizonte”. O órgão afirmou que “tomará as medidas administrativas e judicias cabíveis na tentativa de garantir a continuidade e qualidade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros sobre trilhos na cidade”.

“O horário em escala mínima estipulado pelos metroviários (10h às 17h) não atende à população e vai na contramão de decisão recente do Tribunal Regional do Trabalho, que garantiu a prestação dos serviços nos horários de maior necessidade, a saber, de 5h30 às 10h00 e das 16h30 às 20h00”, destacou a companhia.

Quanto aos questionamentos feitos pelo Sindicato, a CBTU frisa que “não possui respostas sobre o processo de desestatização, haja vista que as diretrizes e ações a respeito ainda estão internalizadas junto a CPPI (Conselho do Programa de Parceria de Investimentos),portanto, conduzidas pelo Ministério da Economia e do Desenvolvimento Regional”.

“Assim, as demandas relativas ao processo devem ser endereçadas àqueles entes, para que haja informações concretas”, explicou o órgão (leia a nota na íntegra abaixo).

Nota da CBTU na íntegra

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos teve conhecimento, por meio das redes sociais, sobre a paralização das operações do Metrô de Belo Horizonte, tomada em assembleia pelo sindicato dos metroviários na data de ontem (01 de fevereiro), e tomará as medidas administrativas e judicias cabíveis na tentativa de garantir a continuidade e qualidade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros sobre trilhos na cidade.
O horário em escala mínima estipulado pelos metroviários (10h às 17h) não atende à população e vai na contramão de decisão recente do Tribunal Regional do Trabalho, que garantiu a prestação dos serviços nos horários de maior necessidade, a saber, de 5h30 às 10h00 e das 16h30 às 20h00, ou seja, garante o atendimento aos usuários nos horários de pico, com 100% dos trens operando nos intervalos mencionados, além da continuidade dos serviços de manutenção e segurança, este último sem qualquer interrupção.
Acerca dos questionamentos formulados pelo Sindicato, a CBTU frisa, mais uma vez, que não possui respostas sobre o processo de desestatização, haja vista que as diretrizes e ações a respeito ainda estão internalizadas junto a CPPI (Conselho do Programa de Parceria de Investimentos), portanto, conduzidas pelo Ministério da Economia e do Desenvolvimento Regional. Assim, as demandas relativas ao processo devem ser endereçadas àqueles entes, para que haja informações concretas.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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