O metrô de Belo Horizonte, alvo de constantes críticas e projetos de ampliação, pode receber uma medida paliativa para atender parte da demanda da população. Um projeto de lei, já aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal de BH, pretende estender o horário de encerramento de 23h para 0h. A expectativa é que o texto seja apreciado em segundo turno até o início de outubro.
“Esse horário atual exclui pelo menos 20 mil usuários. Esse é o número de pessoas que usam o metrô para ir ao trabalho ou ao estudo, mas não conseguem retornar justamente por causa do fechamento às 23h. Essa foi a conclusão de uma pesquisa por amostragem encomendada por mim”, afirma o autor do projeto, vereador Joel Moreira Filho (PMDB).
Na justificativa do projeto, o parlamentar argumenta que a extensão do horário favoreceria estudantes, trabalhadores e até mesmo torcedores que não conseguem usar o transporte público após o término da atividade. “A ideia surgiu, inclusive, de estudantes. Um dos alunos que me procuraram mora no Floramar (Zona Norte) e estuda na PUC-MG. Com metrô, ele chega em casa em 25 minutos. De ônibus, chega a gastar duas horas”, diz Moreira Filho.
Procurada pelo Bhaz, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) informou “que acompanha com especial interesse o projeto que debate a possibilidade de extensão do horário do Metrô, contudo, a empresa ainda não dispõe de estudos conclusivos que justifiquem a viabilidade dessa medida”.
A companhia afirmou ainda reconhecer e compartilhar do desejo da população em ampliar o horário, mas ressaltou “que qualquer extensão de horário do Metrô, na atual conjuntura, oneraria sobremaneira a matriz energética e o custo operacional envolvidos no transporte urbano sobre trilhos na capital, incluindo a elevação dos gastos com energia de tração, horas extras, além de alterar significativamente as rotinas de manutenção de trens, rede área, sinalização, controle, energia, iluminação, manutenção de edificações, segurança, entre outros”.
A CBTU também argumentou que os trens param, efetivamente, 0h, já que todos que entram no transporte até 23h têm garantida a viagem até a última estação. “Como as estações reabrem às 5h15, todo o sistema é obrigado a voltar a operar, a partir de 4h30, ficando a empresa com menos de 4h diárias para executar as rotinas de manutenção, o que já é um período, relativamente, curto”, diz, por nota (veja a íntegra abaixo).
“Entendo que diminuiria o tempo para a manutenção dos trens, mas se São Paulo e Rio de Janeiro, entre tantas outras capitais pelo mundo, conseguem, por que não podemos conseguir também? Vou me reunir com o governo federal para ver a possibilidade de fazer o teste por dois ou três dias e avaliar o impacto e a viabilidade de implantarmos esse novo horário o quanto antes”, diz o peemedebista.
Vídeo
O vereador ainda publicou recentemente um vídeo baseado na canção “Trem Das Onze”, de Adoniran Barbosa. Foi feita uma paródia com a histórica letra para reforçar a campanha para estender o horário do metrô. “Não posso estudar, não posso ir ao jogo para torcer. Sem metrô não dá para locomover. Uso pela manhã, mas, quando a noite vem, se for depois das 11h, só vai ter mais amanhã”, diz trecho.
Confira:
Veja a nota da CBTU na íntegra:
Em atendimento ao Portal BHAZ, a CBTU Belo Horizonte informa que acompanha com especial interesse o projeto que debate a possibilidade de extensão do horário do Metrô, contudo, a empresa ainda não dispõe de estudos conclusivos que justifiquem a viabilidade dessa medida.
A Companhia reconhece e compartilha do desejo da população em ampliar o horário de funcionamento, mas é importante ressaltar que qualquer extensão de horário do Metrô, na atual conjuntura, oneraria sobremaneira a matriz energética e o custo operacional envolvidos no transporte urbano sobre trilhos na capital, incluindo a elevação dos gastos com energia de tração, horas extras, além de alterar significativamente as rotinas de manutenção de trens, rede área, sinalização, controle, energia, iluminação, manutenção de edificações, segurança, entre outros.
Atualmente, todas as atividades de manutenção do metrô, são realizadas entre 0h e 4h da manhã, e quem entra na estação, até às 23h, tem garantido o transporte, até a última unidade do trecho (Eldorado-Vilarinho), motivo que leva os trens a circularem, efetivamente, até a 0h, todos os dias.
Como as estações reabrem às 5h15, todo o sistema é obrigado a voltar a operar, a partir de 4h30, ficando a empresa com menos de 4h diárias para executar as rotinas de manutenção, o que já é um período, relativamente, curto considerando o volume de trabalho. Se houver redução ainda maior do tempo destinado à manutenção do sistema, a medida poderia acarretar em comprometimento de equipamentos mecânicos e exposição ao risco.
A CBTU Belo Horizonte acompanha o processo na Câmara e permanece à disposição para prestar as informações necessárias e para tratar do assunto com todo o cuidado e a atenção que o tema exige e merece.
