Moradora de BH diagnosticada com ceratocone faz vaquinha para pagar lentes de R$ 9 mil

vaquinha lente
Claudia descobriu uma lente que pode melhorar muito a qualidade de vida dela, mas que custa R$ 9 mil. Para comprar, ela fez uma vaquinha (Arquivo pessoal)

Uma moradora do bairro Floramar, na região Norte de Belo Horizonte, há 15 anos conta com a solidariedade para arcar com o tratamento da ceratocone, doença que afeta a visão. Recentemente, Claudia dos Santos Costa descobriu uma lente que pode melhorar e muito a qualidade de vida dela, mas o dispositivo custa nada menos que R$ 9 mil.

“Eu descobri em 2008 que eu tenho ceratocone, ou seja, minha córnea é em formato de um cone. Na época consegui fazer o implante do anel. Agora uso lentes comuns, mas agora o médico me indicou uma lente própria pra quem tem ceratocone e que me ajudaria a enxergar melhor”, explica.

Desde o início do tratamento, a auxiliar administrativa estima que já tenha gastado cerca de R$ 50 mil em exames e cirurgias. Além disso, ela mora com os pais, já idosos, e fica à cargo dela o sustento da família.

“Eu já fiz um teste com a lente uma vez e enxerguei demais. Seria mais tranquilo para dirigir, para ir ao trabalho, pra pegar ônibus. Eu recebo só um salário mínimo, para arcar um tratamento desses fica muito complicado”, declarou.

‘Cerato o quê?’

A mulher conta ter levado um susto quando recebeu o diagnóstico de ceratocone. É que o nome difícil que serve para denominar a doença, que torna a córnea mais sensível, nunca tinha sido ouvido por ela.

“‘Cerato o quê?’. Foi a minha expressão ao oftalmologista quando ele me disse que eu precisaria de um transplante de córnea, já que o implante do anel de ferrara é caro e o SUS não atende. Fiquei desesperada. Na minha cabeça tinha a certeza que eu iria ficar cega e perder a visão”, relembra.

Ela explica que quando descobriu o ceratocone, a doença já estava num grau bem avançado. Com a ajuda de conhecidos, ela acabou conseguindo arcar com o implante do anel na córnea.

“Mas a luta continua… passei a usar lentes de contato rígidas, mas não me adaptei, mesmo tendo usado durante 9 anos. Meus olhos as vezes ficavam inchados, vermelhos, lacrimejando, tinha sensibilidade à luz, e a situação piorava mais a cada dia”, explica.

“Uma vez a lente pulou do meu olho na rua, foi o fim para mim, chegou ao ponto de ter que usar duas lentes em cada olho, uma gelatinosa sem grau e outra rígida. Consequentemente, de 2 anos, adquiri ulceras de córnea provocadas pelo uso das lentes e a sensibilidade das córneas”, acrescentou

Para ajudar Claudia a comprar as lentes recomendadas pelo médico, o marido dela criou uma vaquinha online. Por lá, é possível contribuir com qualquer valor. Doações também podem ser feitas pela chave Pix
[email protected].

O que é ceratocone?

Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o ceratocone é caracterizado por uma degeneração do olho, na qual a córnea normalmente redonda e em forma de cúpula se torna cada vez mais fina. Essa alteração, geralmente leva à problemas de visão e mudanças frequentes no grau dos óculos ou lente de contato.

A causa exata do ceratocone é desconhecida e a doença acomete uma a cada 2 mil pessoas. O ceratocone geralmente é diagnosticado pela primeira vez em jovens na puberdade ou no final da adolescência.

O ceratocone é diagnosticado através de um exame oftalmológico completo e de um exame da topografia da córnea. Casos leves de ceratocone podem ser tratados com óculos ou lentes de contato gelatinosas, mas a maioria dos casos exige lentes de contato rígidas permeáveis ​​a gás.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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