‘Pó preto’ toma conta de cidade da Grande BH e moradores organizam manifestação

pó preto
Vídeos registrados pela população local mostram grande quantidade de “pó preto” em cima de móveis, no chão, nas mãos e pés dos moradores (Arquivo pessoal)

Moradores de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, marcaram uma manifestação nesta quinta-feira (28) contra a poluição que estaria sendo ocasionada por uma empresa metalúrgica localizada no bairro Santo Antônio. Vídeos e fotos registrados pela população mostram grande quantidade de “pó preto” em cima de móveis e no chão das casas.

Júlia Dias mora em um condomínio da região há três anos. Segundo ela, desde então, os filhos e o marido têm tido problemas respiratórios recorrentes quando chega o período do outono e do inverno.

“Meu marido tem tendência a rinite e todo ano toma ‘milhões’ de antibióticos. Se na mesa das nossas casas já acumula esse pó, imagina nos pulmões? A gente respira isso o tempo todo”, disse ela, revoltada, em conversa com o BHAZ.

“Entra tudo nas nossas casas. A gente limpa de manhã e à tarde já tá sujo. Temos que ter consciência ambiental, estão poluindo tudo”, disse Júlia, que acrescenta:

“Parece que quanto está chovendo libera mais fumaça ainda. Eles aproveitam que o tempo tá nublado e fica uma fumaça a madrugada inteira. A gente não pode esperar todo mundo adoecer pra fazer alguma coisa, isso é desrespeitoso”.

Empresa já foi multada

A manifestação foi agendada a tarde de hoje, na porta da empresa. A reportagem tentou contato com a Unimetal por telefone e email, mas até a publicação da matéria não teve retorno. O espaço segue aberto em caso de posicionamento.

A reportagem também procurou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad) e o Ibama para saber se o local já foi fiscalizado e se a emissão de poluentes está dentro do limite estabelecido pela legislação.

Em nota, a Semad informou que a empresa foi fiscalizada em junho de 2023, tendo sido autuada por descumprimento da Deliberação Normativa Copam nº 187, que trata dos sistemas de exaustão das fontes de emissão de poluentes atmosféricos. O valor da multa foi de R$ 13.599,62.

“Na ocasião, o forno foi embargado até que se procedesse todos os reparos e implantação de sistemas de exaustão. Também foi solicitada a formalização junto ao órgão ambiental de relatório fotográfico comprobatório do saneamento de todas as falhas apresentadas”, disse a secretaria.

Segundo a pasta, os reparos foram comprovados pela empresa e o desembargo das atividades autorizado em julho do ano passado. Neste mês de março, contudo, a secretaria recebeu duas novas denúncias, que foram encaminhadas para a área técnica para verificação.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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