Polícia investiga morte de mulher após procedimento estético com PMMA em clínica de BH

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Laudelina Gomes Machado estava realizando a quarta sessão da bioplastia de glúteos, que tem o objetivo de aumentar o tamanho do bumbum (Arquivo pessoal)

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte de uma mulher de 60 anos após passar por um procedimento estético na clínica Corpomed, localizada no bairro Prado, na região Oeste de Belo Horizonte.

A morte foi registrada no dia 7 de março e, na data, uma enfermeira relatou à Polícia Militar que chegou para trabalhar por volta das 9h e a paciente Laudelina Gomes Machado já estava na sala com o médico.

O profissional então solicitou que ela desse à mulher um comprimido de antibiótico e outro de anti-inflamatório. Após administrar os medicamentos, a funcionária saiu do quarto, mas foi chamada instantes depois pelo médico novamente.

Ao chegar no local, ela encontrou Laudelina ajoelhada no chão e ela então ajudou a colocá-la de volta na maca. Em contato com os policiais, o médico relatou que a mulher fez, naquele dia, a quarta sessão da bioplastia de glúteos, que tem o objetivo de aumentar o tamanho das nádegas.

Paciente estava ansiosa para realizar a cirurgia

O procedimento usa PMMA, ou polimetilmetacrilato, é uma substância plástica usada para preenchimentos estéticos e pode causar reações inflamatórias. Segundo o médico, a mulher pagou R$ 12 mil pela cirurgia plástica.

No dia da última sessão, Laudelina estava acompanhada do marido. Aos militares, ele disse que a esposa estava muito feliz e animada com a finalização do procedimento. Ainda de acordo com ele, a paciente não havia apresentado nenhum problema de saúde após as outras sessões.

Um cardiologista da clínica foi chamado para examinar a vítima e realizar manobras de ressuscitação, mas a mulher não resistiu e morreu no local. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também foi acionado.

Ao BHAZ, a Polícia Civil disse que um inquérito policial foi instaurado para apurar a morte. O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal André Roquette, onde passou por exames de necrópsia e laboratoriais, sendo, em seguida, liberado aos familiares

“A PCMG aguarda a conclusão dos laudos que determinarão as causas e circunstâncias da morte”, informou a corporação. A reportagem também procurou a clínica para obter um posicionamento e aguarda o retorno.

Uso de PMMA

Todos os produtos usados em procedimentos médicos e estéticos em comercialização no Brasil precisam ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Somente após a análise técnica, esses produtos são liberados para venda e uso.

Uma das aplicações do polimetilmetacrilato (PMMA) é na forma de gel para o preenchimento cutâneo de pequenas áreas do corpo. Segundo a Anvisa, um dos produtos que contém PMMA é o Biossimetric, fabricado pela MTC Medical Comércio Indústria Importação e Exportação de Produtos Biomédicos Ltda, que exige aplicação por profissional médico habilitado.

O produto está autorizado para as seguintes aplicações pela Anvisa:

  • Correção de lipodistrofia (alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
  • Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.

A concentração de PMMA no produto varia e há indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas. De acordo com o fabricante, o produto pode conter 5, 10, 15 ou 30% de polimetilmetacrilato, apresentado em seringas plásticas de 1,0 mL ou 3,0 mL. Conforme a concentração do PMMA, o produto deve ser injetado nos locais descritos a seguir:

  • Biossimetric com 5% de PMMA: deve ser injetado na derme profunda.
  • Biossimetric com 10 ou 15%: deve ser injetado no tecido celular subcutâneo.
  • Biossimetric com 30%: deve ser injetado a nível intramuscular ou justa periosteal ou pericondrial.

Limite de aplicação do PMMA

De acordo com as orientações do fabricante, aprovadas pela Anvisa, a dose utilizada é aquela estritamente necessária para a correção de defeitos tegumentares ou da pele. Portanto, depende de avaliação médica.

Ainda de acordo com a Anvisa, o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos. Porém, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial.

Cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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