Uma associação do Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, vai distribuir 300 apitos aos moradores na tentativa de coibir assaltos no bairro. Nas últimas duas semanas, habitantes e comerciantes da regional registraram ao menos cinco casos de arrombamentos por lá.
Ao BHAZ, Leonardo de Freitas, presidente da Vila São Vicente disse que a ideia é implantar uma Rede de Vizinhos Protegidos no Santa Tereza. Os apitos devem ser distribuidor por comerciantes da região no próximo dia 15 de março.
“Funciona assim: o morador apita, outras pessoas da rua escutam e também apitam. Caso tenha fundamento, a polícia é acionada de forma mais rápida. Essa é uma ideia que já existe em outros bairros e estamos trazendo pra cá, não temos outra alternativa”, disse Leonardo.
Segundo ele, a associação está em contato com a Polícia Militar, que ele acredita ser uma importante aliada. A ideia é que policiais e moradores compartilhem informações de forma mais ágil.
“Estamos marcando um encontro para que eles possam passar a experiências que eles têm. Sabemos que na região da praça Duque de Caxias não acontecem tanto esses arrombamentos, eles são mais distantes da praça. A PM nos passou os locais com mais ocorrências e vamos começar por eles”, detalhou.
Disseminação de preconceitos
O especialista em segurança pública da PUC Minas Luís Flávio Sapori explica que a rede de vizinhos protegidos é uma iniciativa que existe há, pelo menos, 20 anos no Brasil. Na visão dele, essa é uma ótima estratégia para aumentar a vigilância da comunidade.
“Essa metodologia não precisa necessariamente de apito. A ideia é estabelecer uma rede de comunicação entre os moradores e o comando de polícia da região para que, quando um crime for cometido, as autoridades sejam acionadas imediatamente”, explica.
Apesar de considerá-la uma boa prática, o especialista reforça que cuidados devem ser tomados pela população para que ela não acabe reforçando estereótipos ou disseminando preconceitos, especialmente, raciais ou de classe.
“Pode ser que a polícia seja acionada na suposta identificação de suspeitos, já que o viés racial tende a contaminar ação dos moradores. Esse é um risco enorme que tem que ser discutido na sociedade para que a mobilização não aconteça por qualquer situação. Os moradores não devem se levar por preconceitos, principalmente no contexto brasileiro que vivemos”, alerta Sapori.